Miróbriga

Sítio (4)
  • Tipo

    Cidade

  • Distrito/Concelho/Freguesia

    Setúbal/Santiago do Cacém/Santiago do Cacém, Santa Cruz e São Bartolomeu da Serra

  • Período

    Idade do Bronze - Final, Idade do Ferro e Romano

  • Descrição

    O sítio arqueológico de Chãos Salgados / Castelo Velho é tradicionalmente associado ao topónimo latino Mirobriga. Este sítio corresponde a uma cidade romana, implantada numa colina, a cerca de 12 km do Oceano Atlântico. Os vestígios arqueológicos deste sítio são conhecidos desde o século XVI, com as recolhas de André de Resende. As primeiras escavações arqueológicas realizaram-se no século XIX, sendo da responsabilidade de Frei Manuel do Cenáculo. Durante o século XX, Mirobriga foi alvo de diversas intervenções arqueológicas, dirigidas por Cruz da Silva (1922 - 1948), Fernando de Almeida (década de 60) e por uma equipa luso-americana (década de 80). No início do século XXI, as intervenções realizadas enquadraram-se num projecto de valorização do sítio, da responsabilidade de Filomena Barata. Todos estes trabalhos permitiram identificar vestígios estruturais e artefactuais de uma cidade romana, com uma longa diacronia de ocupação, cronologicamente balizada entre o século I a. C. e os séculos VI / V d. C., que se sobrepôs a um povoado indígena anterior (século V / VI - I a. C.). Na área mais elevada da colina, onde se edificou o forum da cidade romana, identificaram-se várias estruturas e materiais que permitem documentar a presença de um povoado da Idade do Ferro nesta colina, que posteriormente terá sido romanizado. A memória desta ocupação pré-romana terá permanecido na morfologia de algumas áreas da cidade, nomeadamente na sua organização em anéis concêntricos unidos por acessos diagonais. A cidade romana, que procurou adaptar os condicionalismos da sua geografia de implantação aos modelos urbanos vigentes, organiza-se em dois núcleos principais, o primeiro (a norte) constituído pelo forum com templo centralizado e vários edifícios públicos (basílica, curia, templos¿), dois complexos termais públicos, uma extensa área habitacional, com estruturas dispersas e as áreas das tabernae, localizadas a Sul e Oeste do forum; e o segundo núcleo (a sul), localizado a cerca de 700 m, que corresponde ao circo (edifício destinado a corridas de cavalos, geralmente designado por hipódromo). O forum de Mirobriga localiza-se na plataforma mais elevada da colina, correspondendo a um espaço de pequenas dimensões, com praça quadrangular (22,08 m x 25,50 m), pavimentada por placas de calcário e rodeada por pórticos, excepto no lado sudoeste. Na área de maior destaque desta praça edificou-se o templo principal, provavelmente consagrado ao culto imperial, bem enquadrado na paisagem, que constitui um dos maiores símbolos de Mirobriga. A zona das termas divide-se em dois complexos, as Termas Este (420 m2 de área total), provavelmente construídas no final do século I d. C, e as Termas Oeste (com uma área de cerca de 693 m2) edificadas em meados do século II d. C. Nestes complexos termais são visíveis vários compartimentos (salas de vestiário e jogos, zonas de banhos frios - frigidarium - e de banhos aquecidos - caldarium e tepidarium), tanques, fornalhas e sistemas de canalização. Na proximidade destas estruturas identifica-se uma ponte que permitiria a comunicação entre o núcleo urbano principal e o circo, que terá sido erigido no século II d. C. O circo, erigido no século II d. C, apresenta uma planta rectangular, com arco redondo a norte e arco segmentado a sul, dividido a meio pela spina, com uma meta em cada extremidade e porta triunfal do lado sul. O abandono desta cidade romana terá ocorrido de forma paulatina entre o final do século V e o início do século VI d. C. (atualizado por C. Costeira, 12/02/19).

  • Meio

    Terrestre

  • Acesso

    Herdade dos Chãos Salgados, desvio da EN. 120 (Santiago do Cacém - Grândola); hipódromo na EN. 261 (Santiago do Cacém - São Domingos)

  • Espólio

    Frag. estátua de Vénus - Museu Municipal de Santiago do Cacém (Gonçalves, 2007). Pedestal de estátua dedicada a Esculápio, com inscrição, não tendo a estátua sido, até hoje, encontrada - Parede exterior do Hospital Velho de Santiago do Cacém (Gonçalves, 2007).

  • Depositários

    Museu Municipal de Santiago do Cacém

  • Classificação

    ZEP - Zona Especial de Protecção

  • Conservação

    Bom

  • Processos

    S - 00004 e 98/1(770)

Bibliografia (118)

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A arte da Antiguidade Tardia (séculos III -VIII, ano de 711). História da arte portuguesa. Vol. 1: da pré-história ao "modo" gótico (1995)
A arte da época clássica (séculos II a. C.-II d. C.). História da arte portuguesa. Vol. 1: da pré-história ao "modo" gótico (1995)
A cidade romana de Miróbriga. Al-madan (1993)
A cidade romana em Portugal - renovação urbana em Portugal na Época Romana. As cidades e a história (1992)
A cidade romana em Portugal: a formação de lugares centrais em Portugal, da Idade do Ferro à Romanização. As cidades e a história (1992)
A construção na cidade e no campo. Nova Historia de Portugal: Portugal das origens à romanização (1990)
A investigação sobre o período romano em Portugal. Evphrosyne - Revista de Filologia Clássica (1993)
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A religião romana não-oficial nas colónias e municípios da Lusitânia durante o Alto Império. Memorias de História Antigua (1981)
A transição entre o período orientalizante e a Idade do ferro na Betúria Ocidental (Portugal). Celtas e Turdulos: la Beturia (1995)
A urbanização de Portugal nas épocas de César e Augusto. Actas do colóquio "Stadtbild und Ideologie" (Outubro de 1987) (1990)
Alguns fragmentos de 'paredes finas' de Miróbriga. Setúbal Arqueológica (1977)
Alguns vidros romanos do Museu de Santiago do Cacém. Vipasca (1993)
Annaes do Municipio de Sant'Iago de Cacem (1869)
Antiquitates Lusitaniae (1790)
Apontamentos e considerações sobre as pesquisas arqueológicos realizadas desde 1922 nos concelhos de S. Tiago de Cacém, Sines e Odemira. Arquivo de Beja (1944)
Apontamentos e considerações sobre as pesquisas arqueológicos realizadas desde 1922 nos concelhos de S. Tiago de Cacém, Sines e Odemira. Arquivo de Beja (1945)
Apontamentos e considerações sobre as pesquisas arqueológicos realizadas desde 1922 nos concelhos de S. Tiago de Cacém, Sines e Odemira. Arquivo de Beja (1946)
Arqueologia e Epigrafia: uma complementaridade a potenciar. Actas do 1º Congresso de Arqueologia Peninsular, Porto , 1993 (1993)
Arquitectura religiosa romana em Portugal. Anas (1990)
As civitates: esboço de geografia política e económica do Algarve romano. Noventa Séculos entre a Serra e o Mar (1997)
As fundações coloniais no território português nos finais na República e inícios do Império. Actas do III Congresso Peninsular de História Antiga, Coimbra, 1990 (1993)
As fíbulas de Miróbriga. Setúbal Arqueológica (1979)
As habitações de Miróbriga e os ritos domésticos romanos. Revista Portuguesa de Arqueologia (1999)
As primitivas formas de povoamento urbano em Portugal (1987)
As termas do Portugal romano. História de Portugal (1993)
As termas públicas de Catania e a sua inserção urbana. Alguns paralelos na lusitânia.. Actas do 2º Congresso de Arqueologia Peninsular, Zamora, 1996 (1999)
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Comércio marítimo e sociedade nos portos romanos do Tejo e do Sado. Actas das 1ªs Jornadas sobre a Romanização dos estuários do Tejo e do Sado (1996)
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Conservação, salvaguarda e valorização dos sítios arqueológicos - uma reflexão. Actas das 4ªs Jornadas Arqueológicas, Lisboa ,1990 (1991)
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De Lusitaniae Vrbivm Balneis - Estudos sobre as termas e balneários romanos da Lusitânia (2014)
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Diccionário Historico, Biographico, Bibliographico, Numismatico e Artístico (1906)
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Escultura e religião na Lusitânia. Religiões da Lusitânia. LOQUUNTUR SAXA (2002)
Escultura romana em Portugal: uma arte do quotidiano (2007)
Estação arqueológica de Miróbriga (Santiago do Cacém), balanço de uma investigação e perspectivas de intervenções futuras. Anais da Real Sociedade Arqueológica Lusitana (1987)
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Recensões bibliográficas. Conimbriga (1991)
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Roman Portugal (1988)
Roteiro da vila de S. Tiago de Cacém (1938)
Ruínas de Miróbriga dos Célticos (Santiago do Cacém) (1964)
Sobre a romanização do Alentejo e Algarve. A propósito de uma obra de José de Encarnação. Arqueologia (1985)
Social complexity in Souhwest Iberia (8th to 3rd cents. B.C.) (1986)
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Subsídios para um catálogo da escultura luso-romana (1966)
Sítios arqueológicos visitáveis em Portugal. Al-madan (2001)
Templos in antis de la Península Ibérica. Actas do XIV Congresso Internacional de arqueologia clássica (1994)
Terra Sigillata africana D e Foceense Tardia das escavações recentes de Mirobriga (Chãos Salgados, Santiago do Cacém). Revista Portuguesa de Arqueologia (1999)
Terra sigillata sudgálica num centro de consumo: Chãos Salgados, Santiago do Cacém (Mirobriga?) (2003)
The Iberian stones speak. Archeology in Spain and Portugal (1969)
Thermae et Balnea (1990)
Trabalhos arqueológicos na ponte romana de Miróbriga. Vipasca (1999)
Três lucernas do museu de Santiago do Cacém. O Arqueólogo Português (1951)
Urbanismo y Sociedad en Hispania (1991)
Vidros romanos de Museus do Alentejo e Algarve. Conimbriga (1968)

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