Praia das Maçãs / Outeiro das Mós

Sítio (146)
  • Tipo

    Monumento Megalítico

  • Distrito/Concelho/Freguesia

    Lisboa/Sintra/Colares

  • Período

    Neolítico Final e Calcolítico

  • Descrição

    O Monumento Pré-histórico da Praia das Maçãs localiza-se junto à margem norte da Ribeira de Colares, em posição destacada, junto ao cume da vertente norte da elevação Outeiro das Mós e enquadra-se cronologicamente nos meados / final do 4º e durante o 3º milénio a. C. Foi identificado em 1927, no âmbito de trabalhos agrícolas e pela primeira vez referido na bibliografia arqueológica por Saavedra Machado em 1929. Em 1961 V. Leisner, G. Zbyszewski e O. V. Ferreira realizaram escavações no local e efetuaram o levantamento da planta do monumento, bem como o estudo do espólio. No início dos anos 70, J. Cardim Ribeiro realiza uma sondagem na área do corredor do tholos, identificando o átrio e recolhendo uma grande quantidade de espólio, no final desta década, L. Gonçalves realiza uma nova intervenção arqueológica, escavando o átrio e a área norte da mamoa e efetuando a limpeza geral do monumento e o levantamento de todas as suas estruturas. Na sua fase mais antiga, corresponde a uma gruta artificial, escavada no substrato geológico, sendo constituída por uma câmara, corredor com degrau e um setor central com duas câmaras laterais (nichos). A câmara funerária apresenta uma planta de morfologia circular, paredes revestidas por lajes de calcário dispostas na vertical e uma pedra de fecho. O corredor conserva um muro de pedras no lado Sul e um degrau constituído por duas lajes de calcário, que permite o acesso ao setor central. Este setor confina com duas câmaras ou nichos laterais, localizadas a Norte e a Sul, respetivamente. Estas câmaras são parcialmente escavadas no substrato geológico, tendo a base forrada por lajes de calcário. Posteriormente, edifica-se um tholos, constituído por câmara, corredor e átrio. A câmara apresenta uma morfologia circular, com cerca de 5 m de diâmetro, delimitada por muros constituídos por lajes de calcário dispostas na horizontal e uma cobertura em falsa cúpula sustentada, provavelmente por poste central. O corredor teria cerca de 3,5 m de comprimento, contatando com a câmara funerária por uma entrada estreita, formada por dois blocos de calcário. O corredor apenas conserva vestígios dos muros laterais, podendo originalmente ter sido coberto por lajes de calcário. O átrio corresponde a uma área ampla, de morfologia ovalada e disposição sinuosa, com muros laterais, que diminuem progressivamente de altura na direção do corredor. Esta área poderia ser aberta ou coberta por uma estrutura elaborada em materiais perecíveis, encontrando-se a entrada demarcada por lajes em cutelo. No exterior do átrio e na direção do muro Norte, a intervenção arqueológica de 1979 permitiu identificar também os vestígios da mamoa, constituída por uma camada de pedras calcárias de dimensões diversificadas, mas maioritariamente pequenas que consolidam o monumento. Na encosta Sudoeste do Outeiro das Mós, a cerca de 100 m do monumento megalítico, foi identificado, na década de 1960, bem como em 2018, um conjunto de artefactos pré-históricos à superfície do terreno, composto por peças em sílex, fragmentos de cerâmica e fragmentos de placas de xisto com decoração geométrica, cronologicamente enquadrados no Neolítico Final / Calcolítico. A identificação destes materiais nas proximidades do Monumento pré-histórico da Praia das Maçãs levanta a hipótese de existirem outros sepulcros de cronologia e tipologia semelhante na mesma colina, ou de contextos de ocupação com distintas características funcionais.

  • Meio

    Terrestre

  • Acesso

    A partir da Praia das Maçãs, seguir pela Avenida Eugene Levy, virar à direita na Avenida António Garcia de Castro, virar na primeira à direita em direção à Rua Afonso Banheiro.

  • Espólio

    Na câmara ocidental (gruta artificial) o conjunto artefactual registado é composto por micrólitos geométricos, lâminas, pontas de seta de base triangular, raros artefactos de pedra polida, contas de colar, alfinetes em osso, placas de xisto gravadas e recipientes cerâmicos, com destaque para as formas carenadas e em calote esférica, integrando-se nas tradições culturais do Neolítico final. Na câmara funerária da tholos, o conjunto material é mais abundante e significativo, sendo composto por taças e copos cerâmicos com decoração canelada, raros artefactos de pedra polida, pontas de seta, alabarda e dardo de sílex, artefactos votivos de osso e de calcário (vasos, ídolos cilíndricos e ídolos semi-cilíndricos, lúnula e enxó encabada). A maioria dos materiais deste conjunto enquadra-se nas inovações artefactuais e simbólicas do Calcolítico, embora se evidenciem ainda alguns elementos conectados com as tradições neolíticas anteriores.

  • Depositários

    Museu Regional de Sintra

  • Classificação

    ZEP - Zona Especial de Protecção

  • Conservação

    -

  • Processos

    S - 00146 e 2018/1(171)

Trabalhos (1)

Bibliografia (7)

Die Megalithgraber der Iberischen Halbinsel: der Westen. Madrider Forschungen (1959)
Les monuments préhistoriques de Praia das Maçãs et de Casainhos. Memórias dos Serviços Geológicos de Portugal (1969)
Manifestações do sagrado na Pré-História do Ocidente peninsular1: 4. A "síndrome das placas loucas". Revista Portuguesa de Arqueologia (2003)
Monumento pré-histórico da Praia das Maças (Sintra). Sintria (1983)
Sepultura pré-histórica da Praia das Maçãs. O Arqueólogo Português (1926)
Sobre a cronologia absoluta das grutas artificiais da Estremadura portuguesa. Al-madan (1995)
Some new views of the engraved slate plaques of southwest Iberia. Revista Portuguesa de Arqueologia (2002)

Fotografias (0)

Localização