Grutas da Quinta do Anjo/ Grutas do Casal do Pardo/ Covas da Moura

Sítio (860)
  • Tipo

    Gruta Artificial

  • Distrito/Concelho/Freguesia

    Setúbal/Palmela/Quinta do Anjo

  • Período

    Neolítico Final, Calcolítico e Idade do Bronze

  • Descrição

    A necrópole de grutas artificiais do Casal do Pardo ou da Quinta do Anjo localiza-se a Sudeste da aldeia da Quinta do Anjo, no lugar do Casal do Pardo, numa pequena colina alongada de topo aplanado, com orientação Sudoeste - Nordeste, paralela à Serra do Louro e Serra das Torres Altas. Este monumento integra-se na área do Parque Natural da Arrábida. Esta necrópole é constituída por quatro grutas escavadas no calcário brando do Terciário. Estas grutas são constituídas por uma câmara de morfologia circular, com cerca de 4 a 5 m de diâmetro, tecto abobadado, com pequena clarabóia no topo, antecâmara ovalada, corredor estreito e rectilíneo, de comprimento variável e porta de acesso. O espólio associado a estes monumentos é muito numeroso e diversificado, sendo constituído por vestígios osteológicos humanos, artefactos de pedra lascada, maioritariamente em sílex (geométricos, lâminas e pontas de seta, em alguns casos com sinais de utilização), artefactos de pedra polida (machados de anfibolito e enxós), artefactos votivos de calcário (betilos lisos e decorados, almofarizes, enxós e representações fálicas), placas de xisto gravadas e placas de grés lisas, artefactos de adorno pessoal, como contas de colar, pendentes (elaborados em concha, variscite, calcite, moscovite, quartzo, talco, xisto, entre outros minerais), alfinetes de cabelo e botões em osso, elementos em ouro (anel em espiral, componentes tubulares e placas), artefactos em cobre, nomeadamente as pontas "tipo Palmela" (morfologia foliácea e pedúnculo mais ou menos curto), conjunto de recipientes cerâmicos lisos e decorados (caneluras, retículas¿), dos quais se destacam os recipientes com decoração campaniforme (Estilo Marítimo com decoração incisa e impressa) e as taças "tipo Palmela", com decoração geométrica e por vezes com motivos zoomórficos (veados e corças) e vestígios de conchas (ameijoas, vieiras) e de dentes de tubarão azul ou tintureira. As características arquitectónicas destas estruturas funerárias, os materiais recolhidos e as datações absolutas disponíveis permitem enquadrar a sua construção no Neolítico final (3200 - 2900 a.C.) e a sua utilização mais intensa durante todo o Calcolítico (2900 - 2000 a. C.), registando-se algumas reutilizações durante a Idade do Bronze Estas grutas artificiais foram identificadas com a exploração de pedra no local, que terá destruído parcialmente as grutas 3 e 4. A primeira intervenção arqueológica foi realizada por Carlos Ribeiro em 1876, com a colaboração de António Mendes e Agostinho Silva. Os resultados destes trabalhos foram amplamente divulgados na comunidade arqueológica internacional, no âmbito do IX Congresso de Antropologia realizado em Lisboa em 1880. No início do século XX, António Marques da Costa prosseguiu com escavação nas grutas 1 e 2, relacionando estas estruturas funerárias com o povoado de Chibanes (CNS 635). Os materiais resultantes destas intervenções foram estudados e publicados por V. Leisner e O. da Veiga Ferreira (1961), pelo casal Bubner e mais tarde por Joaquina Soares. No início do século XXI, este monumento foi intervencionado por Patrícia Jordão e Pedro Mendes, numa abordagem geoarqueológica que permitiu a clarificação de algumas questões arquitectónicas. Entre 2013 e 2018 desenvolveu-se o projecto de valorização das grutas, coordenado por Vitor S. Gonçalves, Ana Catarina Sousa e Michelle Santos. As grutas artificiais da Quinta do Anjo ou do Casal do Pardo pelas suas características arquitectónicas e artefactuais tornaram-se, desde a sua identificação, um contexto incontornável para o estudo das práticas funerárias das comunidades do Neolítico final / Calcolítico no Sul peninsular. (atualizado por C. Costeira e F. Bragança, 26/06/19).

  • Meio

    Terrestre

  • Acesso

    A partir de Palmela, toma-se a EN 379 em direcção a Azeitão, virando para a aldeia da Quinta do Anjo/Aldeia de Bacelo e depois seguir o caminho em direcção a Casal do Pardo. Arruamento transversal à Rua do Matadouro.

  • Espólio

    artefactos de pedra lascada, maioritariamente em sílex (geométricos, lâminas e pontas de seta, em alguns casos com sinais de utilização), artefactos de pedra polida (machados de anfibolito e enxós), artefactos votivos de calcário (betilos lisos e decorados, almofarizes, enxós e representações fálicas), placas de xisto gravadas e placas de grés lisas, artefactos de adorno pessoal, como contas de colar, pendentes (elaborados em diferentes tipos de minerais), alfinetes de cabelo e botões em osso, elementos em ouro, artefactos em cobre, nomeadamente as pontas "tipo Palmela", conjunto de recipientes cerâmicos lisos e decorados, dos quais se destacam os recipientes com decoração campaniforme e as taças "tipo Palmela". Vestígios de conchas (ameijoas, vieiras) e de dentes de tubarão azul ou tintureira. Vestígios osteológicos humanos.

  • Depositários

    Museu Nacional de Arqueologia e Museu do Instituto Geológico e Mineiro

  • Classificação

    ZEP - Zona Especial de Protecção

  • Conservação

    Regular

  • Processos

    S - 00860 e 89/1(133)

Bibliografia (25)

A Necrópole de Grutas Artificiais do Casal do Pardo (Quinta do Anjo, Palmela). 3200-2000 anos antes da nossa era. Um guia curto e alguns comentários (2019)
A idade dos metais em Portugal. História de Portugal (1983)
A necrópole da Quinta do Anjo (Palmela). Uma abordagem geoarqueológica das grutas 3 e 4 (2011)
A necrópole de Hipogeus da Quinta do Anjo: breve resenha historiográfica.. Boletim do Museu Municipal de Palmela (2005)
Arqueologia em Palmela (1988-1992) - Catálogo da Exposição (1993)
Carta Arqueológica do Concelho de Palmela. Palmela Arqueológica no contexto da região interestuarina Sado-Tejo (2012)
Carta Arqueológica do concelho de Palmela. Roteiro da exposição: "Palmela Arqueológica. Espaços, Vivências, Poderes" (2008)
Cronologia absoluta para o Campaniforme da Estremadura e do Sudoeste de Portugal. O Arqueólogo Português (1992)
Die Megalithgraber der Iberischen Halbinsel: der Westen. Madrider Forschungen (1959)
Die Megalithgräber der Iberischen Halbinsel Der Western. Madrider Forschungen (1965)
Estações pré-históricas dos arredores de Setúbal. O Arqueólogo Português (1905)
Estações pré-históricas dos arredores de Setúbal. O Arqueólogo Português (1907)
Estações pré-históricas dos arredores de Setúbal. O Arqueólogo Português (1908)
Guia descritivo da sala de Arqueologia pré-histórica do Museu dos Serviços Geológicos de Portugal (1982)
La ceramica prehistórica decorada - los vasos de las grutas de Palmella. O Arqueólogo Português (1920)
La culture du vase campaniforme au Portugal. Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal (1966)
Notícias arqueológicas da Península da Arrábida. O Arqueólogo Português (1897)
Novos materiais de Palmela. O Arqueólogo Português (1977)
O Megalitismo e os primeiros metalurgistas. História de Portugal (1983)
O povoado fortificado neo e eneolítico do Penedo de Lexim (Mafra). Campanha preliminar de escavações - 1970. O Arqueólogo Português (1971)
Os Hipogeus 3 e 4 da Quinta do Anjo (Palmela) - Uma Abordagem Geoarqueológica. Arqueologia de Transição: O Mundo Funerário (2015)
Os Hipogeus pré-históricos da Quinta do Anjo (Palmela) e as economias do simbólico. (2003)
Património Arqueológico do Distrito de Setúbal. Subsídios para uma carta arqueológica (1993)
Sítios arqueológicos visitáveis em Portugal. Al-madan (2001)
Tesouros artísticos de Portugal (1976)

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Localização