Castelo de Castro Marim

Sítio (133)
  • Tipo

    Castelo

  • Distrito/Concelho/Freguesia

    Faro/Castro Marim/Castro Marim

  • Período

    Idade do Bronze, Idade do Ferro, Romano, Medieval Cristão e Moderno

  • Descrição

    O castelo de Castro Marim localiza-se numa colina de morfologia circular, na margem direita do rio Guadiana, a cerca de 42 m de altitude. Esta posição elevada e isolada dotava-o de um bom domínio visual sobre um amplo e diversificado território (interior serrano e o litoral), permitindo-lhe assumir um papel de destaque no controlo da circulação no rio Guadiana. As características topográficas de Castro Marim alteraram-se profundamente ao longo do tempo, com o assoreamento do rio. Assim, até ao século XVI Castro Marim seria uma península, o que intensificava a sua vertente marítima. Os trabalhos arqueológicos desenvolvidos no local, desde os anos oitenta do século XX, permitiram identificar uma longa sequência de ocupação, em que a mais antiga se integra no final da Idade do Bronze e a mais recente do século XVIII. Os vestígios associados à primeira ocupação do castelo de Castro Marim (Bronze final) são escassos, o que limita a sua caracterização arqueológica. A ocupação da Idade do Ferro que se sucede encontra-se melhor documentada, sendo mais extensa e prolongada no tempo (século VII aos finais do século III a. C.). Desta fase identificam-se vestígios de edifícios e compartimentos de planta retangular / quadrangular, estruturados em arruamentos, evidenciando um planeamento urbanístico de cariz mediterrâneo. O vasto e diversificado conjunto artefactual identificado em Castro Marim contém materiais provenientes de diferentes áreas do mediterrâneo, refletindo relações intensas com o mundo fenício ocidental. Os vestígios materiais da ocupação romana do castelo de Castro Marim são muito significativos, enquadrando-se no período Romano-Republicano e Alto Imperial, registando-se o seu abandono nos finais do século I, inícios do II d. C. O castelo de Castro Marim, edificado no reinado de D. Afonso III (1274), no âmbito da (Re) conquista cristã do Algarve, apresenta uma planta quadrangular, com quatro torrões de morfologia cilíndrica e duas portas de acesso. A torre de menagem, de morfologia quadrangular e estrutura imponente (três pisos de altura) foi construída adossada à muralha sul, com o intuito de proteger o principal acesso ao castelo. No interior do castelo identificaram-se duas cisternas, vestígios de uma capela e de compartimentos com funções diversificadas. No reinado de D. Dinis, em 1279, regista-se a construção da cerca (Castelo de Fora), que delimita toda a colina do castelo de Castro Marim, permitindo ampliar e reforçar a defesa desta cidade perante o reino de Castela. No século XVII, durante a Guerra da Restauração da Independência de Portugal (reinado de D. João IV), o castelo de Castro Marim foi reestruturado com o objetivo de reforçar as suas características defensivas, tornando mais robusta a proteção do rio Guadiana. As alterações arquitetónicas do castelo, bem como a construção do forte de São Sebastião (CNS 18107), do Revelim / Forte de Santo António e das cercas que ligavam estes vários elementos, tornaram Castro Marim a principal praça-forte do algarve, com um papel de destaque na defesa da fronteira sul de Portugal. O castelo de Castro Marim foi muito afetado pelos sismos que ocorreram no século XVIII, em particular o de 1755, o que a par das alterações geomorfológicas do estuário do Guadiana, conduziram à diminuição do seu papel mercantil e à consequente saída de população. (actualizado por C. Costeira, 22/05/2018)

  • Meio

    Terrestre

  • Acesso

    Rua do castelo no centro de Castro Marim

  • Espólio

    Idade do Ferro: cerâmica de engobe vermelho, cerâmica pintada, cerâmica cinzenta fina, ânforas, cerâmica comum manual e a torno, cossoiros, pesos de rede, contas de colar, fíbulas. Época Romana: cerâmica comum, cerâmica fina, cerâmica campinense, terra sigillata, ânforas, lucernas, cossoiros, fíbulas, vidros, numismas. Época Medieval e Moderna: artefactos cerâmicos, pregos e cavilhas.

  • Depositários

    Extensão do Algarve, Instituto Português de Arqueologia e UNIARQ - Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa

  • Classificação

    ZEP - Zona Especial de Protecção

  • Conservação

    Bom

  • Processos

    S - 00133, 7.2.2/20-16(1) e S - 02702

Bibliografia (32)

A cerâmica de paredes finas do castelo de Castro Marim (2017)
A cerâmica pintada da II Idade do Ferro do Castelo de Castro Marim. Revista Onoba (2013)
A cronologia relativa e absoluta da ocupação sidérica do Castelo de Castro Marim.. Saguntum, 45 (2013)
A ocupação romana de Castro Marim. Xelb 6 (2006)
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Antiguidades monumentaes do Algarve: tempos préhistóricos (1891)
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Os núcleos urbanos litorais da Idade do Ferro no Algarve. Noventa séculos entre a Serra e o Mar (1997)
Os vidros romanos do castelo de Castro Marim.. Revista Onoba (2015)

Fotografias (30)

Localização