Citânia de Sanfins

Sítio (6)
  • Tipo

    Povoado Fortificado

  • Distrito/Concelho/Freguesia

    Porto/Paços de Ferreira/Sanfins de Ferreira, Lamoso, Codessos

  • Período

    Idade do Ferro, Romano e Medieval Cristão

  • Descrição

    A Citânia de Sanfins, também conhecida como "S. Romão", "Cidade Velha" ou "Cidade da Citânia", é um povoado fortificado localizado administrativamente no concelho de Paços de Ferreira, encontrando-se uma parte na freguesia de Sanfins de Ferreira, Lamoso, Codessos e outra parte na freguesia Eiriz. Está implantado numa cadeia montanhosa, situando-se nas proximidades da nascente do rio Leça, situação geográfica que tornaria possível o domínio visual da região de Entre-Douro-e-Minho, bem como o aproveitamento dos recursos hidrográficos disponíveis. Este sítio arqueológico tem sido escavado desde os finais do século XIX, inicialmente por F. Martins Sarmento e, mais tarde, por E. Jalhay, A. do Paço, C. A. Ferreira de Almeida e A. Coelho, o que permitiu pôr a descoberto uma área de aproximadamente 15 hectares, na qual foi possível distinguir zonas residenciais e espaços públicos, rodeada por quatro linhas de muralha que, conjuntamente com vários fossos, compunham o sistema defensivo do povoado. O povoado organizava-se em torno de um arruamento central, com cerca de 4 m de largura e sentido norte/sul, encontrando-se ligado a diversos arruamentos transversais, que apresentavam larguras entre os 2 e os 2,5 m. Estes arruamentos secundários delimitavam quarteirões/ bairros, que espelhavam unidades suprafamiliares, englobando várias estruturas habitacionais de planta circular ou quadrangular, construídas em pedra e terra argilosa, por vezes com reboco. Os telhados eram apoiados em poste e os pisos em rocha, ou terra batida, sendo comum a presença de uma lareira central ou lateral no interior da habitação. Nalguns casos observou-se a existência de vestíbulos em "pinças de caranguejo" e de pátios comuns lajeados para os quais convergiam várias edificações. A Citânia de Sanfins dispunha ainda de um balneário, situado na zona mais baixa do povoado, que possuía quatro divisões e onde foi identificada a presença de uma pedra formosa com decoração em corda dupla. Este equipamento, ainda que aberto ao público, teria, possivelmente restrições à sua utilização, podendo ter sido exclusivamente destinado a banhos rituais de iniciação de jovens guerreiros. Durante os trabalhos arqueológicos realizados na citânia foi também observado, numa posição central, um complexo de grandes construções retangulares, espaço no qual foram recolhidas duas aras anepígrafas e fragmentos de um guerreiro galaico. Estes elementos, bem como o restante espólio de natureza sagrada identificado neste espaço, levam a crer que se possa estar perante um edifício público de cariz religioso. Entre os vestígios das atividades artesanais que se desenvolveriam no povoado, destacam-se instrumentos como uma tenaz de ferro de pontas alargadas, machados e abundante escória de ferro, indicadores da presença de uma oficina metalúrgica, o que permitiria a produção de armas e utensílios no interior do povoado castrejo. Foram também observados objetos relacionados com a preparação de alimentos e com a elaboração de vestuário, como pesos de tear, mós giratórias, cossoiros e pesos de tear. A existência de várias prisões de gado e de uma pia remete para a presença de animais domésticos, que se presume que estivessem guardados num pequeno recinto. Os dados arqueológicos disponíveis permitem situar a ocupação da Citânia de Sanfins num intervalo cronológico entre o séc. V a.C. e o IV d.C., subdividido em cinco fases: séc. V a III a.C.; séc. II/I a.C., momento de crescimento do povoado decorrente da aglomeração de comunidades que se encontrariam na envolvente, como resposta ao avanço romano (campanha de Décimo Júnio Bruto); séc. I d.C., em que a área ocupada diminui consideravelmente, indo gradualmente perdendo funções; e séc. IV d.C., altura em que se verifica o abandono do espaço. Num momento posterior, em período medieval, é edificada na zona da acrópole uma capela dedicada a São Romão, bem como uma necrópole na qual foram identificadas diversas sepulturas escavadas na rocha.

  • Meio

    Terrestre

  • Acesso

    Pela estrada 209 até Raimonda, seguindo depois pela Rua da Cascalheira.

  • Espólio

    Diverso espólio cerâmico, lítico e metais.

  • Depositários

    -

  • Classificação

    Classificado como MN - Monumento Nacional

  • Conservação

    Regular

  • Processos

    S - 00006, 6E/056 e JN8/1(010)-A

Bibliografia (15)

A Citânia de Sanfins (Paços de Ferreira). Broteria (1944)
A Citânia de Sanfins.I I - Muralhas. Zephyrvs (1953)
A Cultura Castreja no Noroeste de Portugal (1986)
A Cultura Castreja no Noroeste de Portugal (2007)
A Paisagem na Idade do Ferro e Romanização da Citânia de Sanfins, Paços de Ferreira. Análise macroespacial - Dissertação de Mestrado em Arqueologia (2018)
As origens do povoamento: do megalítismo à romanização (1986)
Citânia de Sanfins III - Breve notícia de um tesouro monetário. Broteria (1953)
Citânia de Sanfins. Museu Arqueológico da Citânia de Sanfins (1999)
Citânia de Sanfins.I - Notícia histórica. O Concelho de Santo Tirso - Boletim Cultural (1952)
Cultural Interactions and Changing Landscapes in Europe (2nd century BC / 2nd century AD). Proceedings book of the International Symposium: Cultural Interactions and Changing Landscapes in Europe (2nd century BC / 2nd century AD) (2018)
Escavações arqueológicas na Citânia de Sanfins (Paços de Ferreira) 1977-1978. Portugália (1980)
Muralhas e Guerreiros na Proto-História do Norte de Portugal. Actas do III Congresso de arqueologia de Trás-os-Montes, Alto Douro e Beira Interior. Proto-História e Romanização. Guerreiros e Colonizadores Vol. 3 (2008)
O monumento com forno de Sanfins e as escavações de 1973. Actas do 3º Congresso Nacional de Arqueologia (1974)
Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Inventário (1993)
Sítios arqueológicos visitáveis em Portugal. Al-madan (2001)

Fotografias (12)

Localização