Castro Marim - Forte de São Sebastião

Fortificação - Idade do Ferro - 1º, Romano, República, Moderno e Contemporâneo (18107)
O forte de São Sebastião localiza-se no cerro do Cabeço, a Sudoeste da colina do castelo de Castro Marim, na margem direita do rio Guadiana, a cerca de 35 m de altitude. Esta posição elevada e sobranceira à colina do castelo permite reforçar a sua defesa, bem como proteger os esteiros localizados a Sul. Os trabalhos arqueológicos desenvolvidos neste sítio, no âmbito da recuperação e valorização do forte, identificaram estruturas e materiais enquadrados em cinco fases de ocupação distintas, a mais antiga integrada na I Idade do Ferro (século VII / V a. C.) e a mais recente do século XIX. Os vestígios da I Idade do Ferro identificados são escassos, correspondendo principalmente a artefactos cerâmicos (recipientes anfóricos e produções manuais) e raras estruturas. Não obstante a dificuldade na caracterização desta ocupação, parece estar relacionada com as fases IV e V do castelo de Castro Marim, tendo eventualmente diferentes funcionalidades. Do período Romano Republicano (final do século II / primeira metade do século I a. C.) registaram-se vestígios de estruturas e um conjunto artefactual diversificado (cerâmica comum, cerâmica campaniense, ânforas itálicas), proveniente na sua maioria do topo do cabeço. Esta ocupação enquadra-se no processo de conquista romana do território algarvio, sendo anterior às evidências de romanização do povoado indígena da colina do Castelo. Esta ocupação pode estar relacionada com os materiais romanos identificados no sítio do Enterreiro, localizado no sopé do cabeço, e interpretado como um possível embarcadouro. O forte de São Sebastião foi construído durante a Guerra da Restauração da Independência de Portugal, no ano de 1641 (reinado de D. João IV), no cerro onde se erguia uma pequena ermida abobadada quinhentista, com o objetivo estratégico de reforçar a defesa do castelo medieval, tornando mais robusta a proteção da entrada do Guadiana. Assim, Castro Marim tornou-se a principal praça-forte do Algarve, desempenhando um importante papel na estratégia defensiva da fronteira do extremo Sul de Portugal. Na primeira fase de construção (1641), o forte apresentava dimensões modestas, uma planta irregular, com quatro meios baluartes e acesso orientado a Norte com ponte levadiça, tendo sido utilizadas principalmente matérias-primas locais. A edificação expedita deste forte, em ambiente de guerra, permite explicar a precaridade das suas características construtivas e as diversas fases de reparação e remodelação posteriores. Em 1660, edifica-se uma cerca com cinco baluartes, várias cortinas de muralhas, que ligavam o forte de São Sebastião ao castelo de Castro Marim e duas portas São Sebastião (próximo do forte) e santo António (na colina do castelo). Esta estrutura de morfologia poligonal irregular delimitava praticamente toda a vila de época moderna e era reforçada pelo revelim de Santo António (estrutura semicircular, delimitada por banquetas para colocação das peças de artilharia), que se localizava no cerro da rocha do Zambujal, garantindo o controlo do estuário do Guadiana. Estas fortificações foram muito afetadas por vários sismos que ocorreram no século XVIII, com especial destaque para o de 1755, o que terá motivado as reconstruções realizadas nas primeiras décadas do século XIX. Nestas remodelações o forte é reduzido ao reduto central, construindo-se a cortina do forte e as casamatas, que em associação aos baluartes do lado oeste (Enterreiro e São Sebastião) permitiram a criação da "Cidadela do Forte", desempenhando funções de aquartelamento militar. Estas alterações arquitetónicas e funcionais, bem como o crescimento urbano de Castro Marim, conduziram ao abandono da restante muralha e dos baluartes do lado Este. (C. Costeira, 15/05/2018).

Informação

O exterior do forte pode ser visitado de forma livre. As visitas ao interior necessitam de marcação prévia.

Condições da visita

Por marcação

Horários

Contactos

  • Telefone: Novbaesuris EM SA: (+351) 281 510 160
  • Email: novbaesuris@cm-castromarim.pt
  • WWW: https://cm-castromarim.pt/site/conteudo/forte-de-sao-sebastiao

Documentos

    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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