Cerro da Vila

Villa - Romano, Medieval Islâmico e Antiguidade Tardia (14)
O sítio arqueológico do Cerro da vila localiza-se numa suave elevação (a 6 m de altitude), na margem nascente da Ribeira de Quarteira, a cerca de 500 m da costa marítima e a 2 km para oeste da antiga vila piscatória de Quarteira, estando atualmente rodeado pela urbanização turística de Vilamoura. Este local de implantação, propício à exploração de recursos marítimos e ao dinamismo comercial, condicionou a preservação dos vestígios arqueológicos devido à erosão costeira e à pressão turística. Os diversos trabalhos arqueológicos realizados permitiram identificar vestígios estruturais e artefactuais de uma imponente villa romana, com várias fases de construção e ocupação, cronologicamente balizadas entre o século I a. C. e o século VII d. C (período Romano / Antiguidade Tardia), bem como materiais integrados nos séculos VIII / inícios do século X (período medieval islâmico). Na área mais alta da elevação localizam-se as estruturas residenciais mais imponentes desta villa, nomeadamente a casa (domus), organizada em torno de um peristilum, com tanque ao centro, múltiplos compartimentos, alguns dos quais pavimentados com mosaicos e um edifício termal privado. Este conjunto residencial apresenta várias fases de construção / remodelação, aumentando a sua monumentalidade nos séculos III - IV d. C. Nas margens da laguna (área oeste) identificaram-se vestígios de uma estrutura portuária romana, que demonstra a navegabilidade desta ria e a importância dos recursos marítimos, bem como um edifício termal de grandes dimensões, com uma ampla utilização. Nas proximidades deste complexo termal e na área este, localizavam-se as estruturas funcionais da villa, nomeadamente vários compartimentos com tanques para a elaboração de preparados de peixe e de corantes (púrpura) para a tinturaria de tecidos, bem como áreas residenciais de menores dimensões destinadas aos trabalhadores, servos e escravos. O cerro da Vila tem várias áreas sepulcrais que evidenciam as profundas transformações religiosas e rituais vividas entre o período romano / Antiguidade Tardia. A leste da villa identificaram-se dois mausoléus, destinados à família do proprietário, um deles tipo templo, (semelhante ao da villa romana de Milreu), com nichos para colocação de urnas funerárias, utilizado entre os séculos II - III d. C. A área funerária da restante comunidade localizava-se a nordeste, apresentando sepulturas simples, com morfologias diversificadas e raro espólio, em funcionamento até aos século IV / V. Em época visigótica (século V - VI) verificaram-se alterações na área de necrópole, que se aproxima da villa, sobrepondo anteriores estruturas industriais. As sepulturas desta cronologia mantêm a diversidade tipológica e arquitetónica, registando alguns materiais do período visigótico. De época medieval islâmica são visíveis vestígios de habitações domésticas de planta retangular, com pátio interior, com características típicas das áreas rurais do Al-Andalus, alguns silos e um conjunto abundante e diversificado de materiais, nomeadamente recipientes cerâmicos. No interior de um dos silos recolheu-se um tesouro monetário, cronologicamente enquadrado no século IX - X, evidenciando simultaneamente a prosperidade deste núcleo e a instabilidade política do território. A diversidade arquitetónica e artefactual no Cerro da Vila evidenciam a longa diacronia de ocupação e o forte dinamismo económica nas áreas litorais algarvias, associado à exploração de recursos marítimos e às trocas comerciais. Este sítio foi identificado e primeiramente publicado por Estácio da Veiga (1910). Nos anos 60, José Farrajota e Afonso do Paço realização prospeções no local, identificando materiais romanos e estruturas dispersos por uma área de cerca de 3 hectares. Entre os anos 70 e 90, José Luís de Matos realiza escavações sistemáticas e publica múltiplos trabalhos sobre as estruturas e materiais das várias fases de ocupação do sítio do Cerro da Vila. Estes trabalhos arqueológicos decorreram

Informação

O sítio arqueológico dispõe de Centro interpretativo no local, com percurso de visita sinalizado e folheto informativo disponível. Aquisição de bilhete no local. O sítio está integrado nos Itinerários Arqueológicos do Alentejo e Algarve.

Condições da visita

Entrada com aquisição de bilhete

Horários

Todos os dias: das 09h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00.

Documentos

    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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