Castelo de Alcácer do Sal - Convento de Nossa Senhora de Aracaeli

Castelo - Idade do Ferro, Romano, Medieval Islâmico, Medieval Cristão, Moderno e Contemporâneo (159)
O núcleo mais antigo de ocupação da cidade de Alcácer do Sal localiza-se numa ampla colina na margem norte do rio Sado, onde se implanta o castelo medieval. Os trabalhos arqueológicos realizados no interior do Convento da Nossa Senhora de Aracaeli entre 1993 e 1997, dirigidas pelos arqueólogos António Cavaleiro Paixão e João Carlos Faria, no âmbito da construção da Pousada D. Afonso II, permitiram identificar uma grande densidade de estruturas sobrepostas, que evidenciam uma longa diacronia de ocupação, em que a mais antiga se integra na Idade do Ferro (século VII a. C.) e a mais recente no século XIX. A ocupação da Idade do Ferro desta colina de Alcácer do Sal é extensa e prolongado no tempo (século VII a. C. ao século III / II a. C.). Desta fase de ocupação identificam-se vestígios de edifícios e compartimentos de planta retangular / quadrangular, estruturados em arruamentos, evidenciando um planeamento urbanístico de cariz mediterrâneo. Um dos edifícios destaca-se pela sua imponência arquitectónica e especificidade artefactual, podendo corresponder a um templo. O vasto e diversificado conjunto de materiais (cerâmica de engobe vermelho, cerâmica cinzenta fina, cerâmica pintada, fragmentos de ânforas, cossoiros, fíbulas, contas de colar, elementos de adorno, amuletos, estatuetas de terracota e de bronze que representam figuras humanas orantes e animais como equídeos e bovídeos, grande conjunto de moedas) identificado em Alcácer do Sal, para além das produções locais, contém elementos provenientes de diferentes áreas do mediterrâneo, reflectindo relações intensas com o mundo fenício ocidental. No período romano (século I a. C - III d. C. / IV - VII d. C) Alcácer do Sal torna-se uma importante cidade (Salacia). Na área do Convento de Aracaeli identificaram-se vestígios do forum da cidade romana, bem como a romanização do templo sidérico (edifício de planta rectangular e dimensões imponentes), que se mantem associado aos cultos orientais (nomeadamente a Cibele). No período islâmico (século VIII - finais do século XII / inícios do século XIII) Alcácer do Sal (Al Qasr) afirma-se como uma importante cidade marítima e militar, identificando-se a construção de um castelo e de um imponente circuito amuralhado. Estas estruturas defensivas têm várias fases de construção e reforço, acompanhando as transformações políticas e sociais do Al-Andalus e a crescente tensão com os avanços da conquista cristã, que ocorre definitivamente em 1217. Na área do Convento de Aracaeli identificam-se vários edifícios e estruturas negativas (silos / fossas) e materiais de época islâmica, principalmente associados ao período Almorávida / Almóada. Após a conquista cristã de Alcácer do Sal (reinado de D. Afonso II), a cidade torna-se a sede da Ordem de Santiago em Portugal, mantendo a sua vocação defensiva e marítima, com um significativo reforço do sistema de fortificação, composto por cerca de 30 torres de planta quadrangular. No período moderno e contemporâneo (século XVI - XIX), o castelo de Alcácer do Sal perdeu gradualmente as suas funções militares, tendo sido fundado o Convento de Nossa Senhora de Aracaeli (Nossa Senhora do Altar do Céu) destinado às freiras de Santa Clara de Assis, nas antigas instalações do palácio da Ordem de Santiago. Esta comunidade conventual subsistiu durante cerca de 300 anos, até à extinção das ordens religiosas (século XIX). Este convento apresenta uma estrutura imponente, mas de grande sobriedade decorativa, seguindo os modelos arqueitetónicos do final do século XVI, inícios do século XVII. Deste edifício subsiste o claustro de quatro alas e a igreja de nave única. A escolha da designação de Nossa Senhora de Aracaeli pode estar associado à cristianização de um local que desempenhou um importante papel sagrado para outras religiões (área de um importante templo pré-romano e romano e possivelmente da mesquita em período islâmico). (atualizado por C. Costeira, 07/02/19)

Informação

Centro interpretativo designado por Cripta Arqueológica do Castelo de Alcácer do Sal, localizado no piso inferior da Pousada D. Afonso II.

Condições da visita

Entrada com aquisição de bilhete

Horários

De setembro a junho das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30. De julho e agosto das 9h30 às 13h00 e 15h00 às 18h30. Encerra à segunda-feira.

Documentos

    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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