São Cucufate

Villa - Romano, Idade Média, Medieval Cristão e Moderno (8)
A villa romana de São Cucufate localiza-se numa extensa plataforma, pouco elevada, mas com boa visibilidade sobre a planície, sobretudo para Sul, em direcção a Beja. Esta villa apresenta uma imponente dimensão espacial. Este sítio foi identificado e primeiramente escavado por D. Fernando de Almeida, em 1970, tendo publicado uma primeira planta geral da villa. Entre 1979 e 1984, os trabalhos arqueológicos desenvolvidos inserem-se num projecto de investigação dinamizado por uma equipa luso-francesa, dirigida por Jorge de Alarcão, Robert Étienne e Françoise Mayet. No início do século XXI, as intervenções realizadas enquadraram-se num projecto de valorização do sítio. Todos estes trabalhos permitiram identificar vestígios estruturais e artefactuais de uma imponente villa romana, com várias fases de construção e ocupação, cronologicamente balizadas entre o século I e os séculos V / VI d. C., bem como um mosteiro medieval (século XIII - XIV), com reutilizações em época moderna (século XV - XVII). Os vários projetos de construção que ocorrem na villa de Milreu entre os séculos II e IV d. C demonstram o crescimento económico e uma maior monumentalidade arquitetcónica e artística, evidenciando o elevado estatuto social dos seus proprietários. Com efeito, a villa da fase III, que apresenta as estruturas melhor conservadas, evidencia uma profunda reestruturação arquitectónica, enquadrando-se no modelo das "villae áulicas". Esta villa apresenta uma planta rectangular alongada, organizada a partir de uma fachada. A pars urbana ocupava o andar superior, contento os vários compartimentos da habitação do proprietário e a pars rustica instalava-se no piso térreo, incluindo vários espaços funcionais e os compartimentos destinados aos servos e escravos. As termas desta villa também sofreram várias remodelações ao longo do tempo de utilização, mas não se identificaram mudanças tão profundas como nas áreas domésticas. No século IV d. C. regista-se a construção, a Sul da villa, de um "edifício de culto" de planta quadrada e abside a Nordeste, com muitas semelhanças arquitectónicas a outros edifícios do Sul da Lusitânica, nomeadamente os das villae de Milreu (CNS 9) e Quinta do Marim (CNS 583), localizadas no Algarve. Inicialmente este edifício terá sido um templo associado ao culto de divindades pagãs, posteriormente cristianizado, como demonstra a utilização do pátio como espaço funerário. O conjunto de sepulturas de inumação identificadas nesta área apresenta uma morfologia rectangular, com estruturas simples (reutilização de materiais de construção romanos) e raro espólio, enquadrando-se nos rituais paleocristãos do Sul da Lusitânia. É provável que no século IX - X se tenha fundado um primeiro mosteiro na área da antiga villa romana, com o reaproveitamento das suas estruturas e materiais. No século XIII (1252) este espaço foi doado aos cónegos de S. Vicente de Fora de Lisboa, que restruturaram o mosteiro e fundaram a paróquia de São Cucufate e nele habitaram até ao século XVII. Posteriormente apenas permaneceu neste espaço um frade eremitão, mantendo-se a capela em funcionamento até ao século XVIII. (atualizado por C. Costeira, 12/02/19).

Informação

Este sítio arqueológico dispõe de um centro interpretativo com áreas de acolhimento, exposição e loja. Sítio integrado nos Itinerários Arqueológicos do Alentejo e Algarve.

Condições da visita

Entrada com aquisição de bilhete

Horários

De 16 setembro a 30 de abril - Terça-feira 14.00 - 17.00 - Quarta-feira a domingo 10.00 - 13.00 14.00 - 17.30 De 02 de maio a 15 de setembro - Terça-feira 14.30 - 18.00 - Quarta-feira a domingo 10.00 - 12.30 14.30 - 18.30 Encerra à segunda-feira e terça-feira de manhã e nos feriados de 1 de janeiro, domingo de Páscoa, 25 de abril, 1 de maio, quinta-feira de Ascensão e 25 de dezembro.

Documentos

    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

    6 Votaram neste sítio