As ruínas da cidade romana de Conimbriga localizam-se numa plataforma destacada na paisagem, na base da qual, ao longo da vertente sul, corre a ribeira de Rio de Mouros. A cidade é delimitada por uma muralha.
Em 1873 o Instituto de Coimbra efetua a primeira escavação arqueológica e em 1889, sob o patrocínio da Rainha D. Amélia. Entre 1929 e 1944, numa colaboração entre a Universidade de Coimbra e a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), decorrem escavações sistemáticas dirigidas por V. Correia. Entre 1944 e 1962 a DGEMN procede à consolidação e restauro das estruturas; a partir de 1953 as intervenções nos mosaicos são dirigidas por J. M. Bairrão Oleiro. Com a criação do Museu Monográfico de Conimbriga (1962) retomam-se as campanhas sistemáticas - 1964/71 e 1977/79 - em parceria luso-francesa (Universidades de Coimbra e Bordéus) dirigidas inicialmente por J. M. Bairrão Oleiro e R. Etienne, entre 1964 e 1966, e a partir de 1967 por J. de Alarcão e R. Etienne. A partir da década de '90 as intervenções arqueológicas (M. M. de Conimbriga em parceria com diversas entidades e investigadores) incidem em problemáticas e temas concretos.
As evidências de ocupação remontam ao Calcolítico, estando confirmada também durante a I. do Bronze. Materiais importados atestam contactos com o Mediterrâneo durante a I. do Ferro. Após as campanhas de Décimo Júnio Bruto (138/136 a.C.) Conimbriga entra na esfera de Roma. Apesar dos parcos vestígios do oppidum inicial, alguns bairros de cariz indígena (com ruas ladeadas de habitações com pátio) sobreviveram às primeiras campanhas de remodelação urbanística e arquitectónica de época Imperial, que se iniciam no séc. I, durante o principado de Augusto. São construídos edifícios públicos (Forum, Termas Sul, Anfiteatro), bem como o Aqueduto e a muralha (com funções mais honoríficas que defensivas), e construções privadas (lojas, insulae e domus com pavimentos em mosaico e jardins). Na 2ª metade do séc. I, durante a dinastia dos Flávios, o oppidum, elevado à categoria de município, passa a denominar-se Flavia Conimbriga. O novo estatuto implica remodelações nos edifícios públicos existentes, anulando as antigas estruturas de cariz indígena que ainda subsistiam. Também os espaços residenciais privados sofrem remodelações, sendo construídos novos edifícios públicos e privados. A instabilidade vivida em inícios do séc. IV promove a construção de uma nova muralha, cujo traçado revela uma contracção da área urbana. Edifícios são cortados (Casa de Cantaber), demolidos (Anfiteatro, em parte utilizado como alicerce da muralha) ou ficam no exterior (Casa dos Repuxos). São construídas cisternas, uma das quais adapta parte do criptopórtico do templo, as vias públicas repavimentadas e edifícios privados remodelados.
Durante os séc. V - VI Conimbriga sofre importantes alterações na estrutura de funcionamento, algumas das quais na continuidade do período anterior. Os novos edifícios são de construção modesta, por vezes em materiais perecíveis, e as grandes domus transformadas várias habitações ou oficinas. Os antigos pavimentos são cortados por fossas para detritos, agora abertas no interior do espaço doméstico. Os enterramentos no interior do espaço urbano estão documentados em diversos pontos da cidade. A presença da "basílica paleocristã" no espaço da Casa de Tancinus, é ainda questionável.
Vestígios, provenientes sobretudo de contextos de lixeiras, testemunham uma continuidade de ocupação durante os séculos seguintes. Cerâmicas e enterramentos em decúbito lateral com orientação SO-NE, atestam a presença de população islâmica, nomeadamente em época califal, juntamente com população cristã. A reutilização dos antigos espaços, agora anulados, intensifica-se, como o cemitério na área anexa à Casa de Tancinus, em funcionamento entre o séc. IX - X até aos XV - XVI, ou no antigo Anfiteatro, entre o séc. IX - XIII, onde a ocupação da cidade se parece reduzir em inícios da Idade Média.