Castro do Monte Padrão/ Castro do Monte Córdova

Povoado Fortificado - Idade do Bronze - Médio, Idade do Bronze - Final, Idade do Ferro, Romano e Medieval Cristão (792)
O Castro do Monte Padrão localiza-se na freguesia de Monte Córdova, concelho de Santo Tirso, distrito do Porto, a poucos quilómetros a sudoeste da sede do concelho. O sítio ocupa um esporão rochoso da serra de Monte Córdova, com uma área aproximada de 17.000 m2, localizando-se na área limite das bacias hidrográficas dos rios Ave e Leça. A sua implantação revela uma posição de destaque na paisagem permitindo um controlo dos principais eixos de circulação e proporcionando boas condições naturais de defesa. Alvo de trabalhos arqueológicos a partir de 1951 realizados por Carlos Manuel Faya Santarém e posteriormente retomados, na década de 80 do século XX por Manuela Martins, que documentou a ocupação mais antiga do povoado. Na década de 90 foram realizadas várias campanhas de investigação e de valorização, pelo arqueólogo Álvaro de Brito Moreira com o apoio da Câmara Municipal de Santo Tirso. No decorrer destes trabalhos foi possível documentar uma longa ocupação, iniciada no Bronze Médio e que se prolonga até ao 2º quartel do século XVII. A primeira ocupação, localizada na face nordeste da plataforma superior do povoado, remonta ao Bronze Médio, tendo sido escavada uma fossa detrítica e estratos arqueológicos onde foram recolhidas cerâmicas, datados genericamente do Bronze Final, contudo a presença de um significativo número de fragmentos com decoração excisa e tipo boquique, cujos paralelos regionais sugerem uma datação entre o final do Bronze Médio e o Bronze Final Pleno, permite admitir uma primeira ocupação do povoado neste período. Nos níveis imediatamente posteriores aos do Bronze Final, em meados do I milénio a.C., o povoado terá vivido um particular desenvolvimento, tornando-se num efetivo habitat castrejo. A este momento estão associadas as primeiras estruturas habitacionais pétreas assim como uma estrutura que poderá corresponder a uma primeira linha defensiva, identificadas na face nordeste da plataforma superior, associadas a cerâmicas indígenas. O apogeu o Monte Padrão enquanto povoado castrejo verificou-se no século I a.C. sendo desta fase a maior parte das estruturas habitacionais identificadas na acrópole, as principais estruturas defensivas, alvo de restauro e ampliação neste período, assim como o balneário identificado na face sudeste do povoado. Este balneário, identificado em 2017, possui uma estrutura arquitetónica semelhante à verificada nos balneários conhecidos nesta região entre Douro e Minho, nomeadamente o da Citânia de Sanfins e da Citânia de Briteiros. Desconhece-se a unidade supra-familiar que habitava o castro mas sabe-se que integraria um vasto território definido pela serra da Agrela a Oeste, o rio Ave a Norte e o rio Leça a Sul, então territorialmente controlada pela unidade gentílica dos Fiduenae, cujo povoado nuclear seria a Citânia de Sanfins em Paços de Ferreira (Moreira, 2004). Entre a 1ª metade do século II e meados do século III assiste-se a uma profunda remodelação urbanística no Monte Padrão, com a definitiva destruição das estruturas castrejas e construção de um conjunto de edifícios na plataforma superior, de plantas complexas e de múltiplas funções. O povoado indígena, estruturado em plataformas artificiais, criadas a partir de duas linhas de muralha e organizado em núcleos familiares com a respetivas casas de planta circular, dá lugar a um conjunto de estruturas de plantas complexas. Deste período foram intervencionadas quatro domus, localizadas na plataforma superior do povoado. O declínio do Monte Padrão verifica-se a partir de meados do século III. Voltamos a encontrar o Monte Padrão ocupado entre o século X e meados do século XVII. Foi também identificada e escavada uma necrópole medieval, composta por vários tipos de sepulcros nomeadamente sarcófagos, sepulturas de tampa única e sepulturas de caixa, localizada em torno da igreja paroquial. (Actualizado em 26.03.2019 Sofia Gomes)

Informação

Sítio arqueológico musealizado associado ao Centro Interpretativo do Monte Padrão.

Condições da visita

Entrada livre associada a estrutura museológica

Horários

abril a setembro Terça a sexta-feira: 9h00 - 17h30 Sábados, domingos: 14h00 - 19h00 Encerra às segundas-feiras e feriados nacionais. (outubro a março) Segunda a sexta-feira: 9h00 - 17h30 Encerra aos feriados nacionais. Entrada gratuita.

Contactos

  • Telefone: Centro Interpretativo do Castro do Monte do Padrão: +351 252 857 303
  • Email: museus@cm-stirso.pt

Documentos

    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

    2 Votaram neste sítio