A Villa Romana de Sendim está situada em Sendim, a sul da Igreja de S. Tiago, no concelho de Felgueiras, distrito do Porto. Encontra-se implantada num esporão, virado a noroeste, com visibilidade para o vale existente entre o Castro de Sendim (CNS: 3930), a sudeste, os montes de Santa Quitéria-São Domingos, a oeste, e os contrafortes da serra do Sabagudo, a nordeste e este.
A referência a um possível sítio com presença romana neste local remonta a 1932-1933, quando Mendes Corrêa e R. de Serpa Pinto, no decorrer de trabalhos de prospeção arqueológica, indicam ter identificado ruínas que atribuíram à "Villa Sendini". Todavia, foi apenas em 1992, aquando da abertura dos alicerces de uma habitação contemporânea, que efetivamente se confirmou a existência de um sítio romano em Sendim.
O estudo do espaço por autores como M. Mendes Pinto (2008), levou à identificação de uma casa, com várias fases de ocupação, construída possivelmente na segunda metade do séc. I d.C. e que se manteve em uso até séc. VI d.C.
Os dados arqueológicos relativos à primeira centúria não permitem caracterizar adequadamente este momento cronológico, pouco se sabendo sobre como seria a habitação original. Durante o séc. III/início do séc. IV, o espaço parece sofrer uma grande remodelação arquitetónica, que incluiu a construção de umas termas e a pavimentação a mosaico de algumas divisões. A realidade identificada durante este período remete para a existência de uma residência senhorial romana, que integraria uma propriedade rural de grandes dimensões - uma villa.
Os trabalhos arqueológicos permitiram identificar uma casa que se desenvolveu ao redor de um espaço central retangular, o peristilo (perystilum), que daria acesso a uma sala de jantar/receção (triclinium ou oecus). A ladear o peristilo observaram-se dois corredores que permitiriam o acesso aos quartos (cubicula), a dois compartimentos abertos, a salas e a cozinhas.
Entre os vários espaços identificados, destacam-se também uma sala de grandes dimensões pavimentada a mosaico, interpretada como um triclinium ou oecus, destinada possivelmente a ser utilizada durante o verão; e um espaço que se presume ser o quarto do proprietário da villa (o dominus), com estuque a revestir as paredes e com o piso revestido a mosaico polícromo.
Relativamente às termas, os trabalhos revelaram a presença do sistema de aquecimento do ambiente e da água (hypocaustum) da sala quente (caldarium) e da possível sala tépida (tepidarium). Junto a este edifício de banhos encontrava-se um tanque de grandes dimensões, que poderia, eventualmente, ser destinado ao banho frio. O abastecimento das termas, bem como das cozinhas, era feito através de uma canalização, com origem numa nascente situada a sul, na base do castro.
No início do século VI a casa foi novamente alvo de reparações, nomeadamente reconstrução de muros e encurtamento de corredores e de outros compartimentos. Este período mais tardio encontra-se, contudo, ainda mal conhecido, esperando-se que escavações futuras possam ajudar a melhor caracterizar a ocupação humana durante este momento cronológico.
Estima-se que a casa terá sido abandonada em meados do século VI, mantendo-se apenas em funcionamento algumas olarias. A presença de cerâmicas e moedas, medievais e modernas, revelam que o sítio terá sido reocupado, ainda que por curtos espaços de tempo, em períodos posteriores.
Em 2003 foi inaugurado o Centro Interpretativo da Villa Romana de Sendim, destinado a promover a investigação científica, a educação e a divulgação patrimonial. (Atualizado SP 01/02/2022)