Ferragial d'El-Rei / Estação arqueológica de Alter do Chão

Villa - Romano e Alta Idade Média (142)
A estação arqueológica de Ferragial d'El-Rei / Alter do Chão também conhecida como Casa da Medusa corresponde a vestígios da pars urbana de uma villa romana, localizada numa pequena plataforma, com boa visibilidade sobre a paisagem (263 m de altitude), ladeada por duas linhas de água, nas imediações da cidade romana de Abelterium (Alter do Chão). Os diversos trabalhos arqueológicos realizados, desde a década de 50 do século XX até ao início do século XXI (António, 2014) permitiram identificar vestígios estruturais e artefactuais de uma imponente villa romana, com várias fases de construção e ocupação, cronologicamente balizadas entre o século I e o século VII d. C (período Romano / Antiguidade Tardia). A área residencial (pars urbana) desta villa organiza-se em torno de um peristilum de morfologia rectangular (352 m2), com pavimentos revestidos a mosaicos com motivos geométricos, paredes decoradas com pinturas, tanque central e jardim. Os compartimentos da ala nordeste, melhor conservados, apresentavam plantas rectangulares / quadrangulares (áreas entre 10 - 19 m2) e pavimentos com mosaicos geométricos. O triclinium (grande sala de estar, utilizada para banquetes) localizava-se no extremo sudeste do peristilum, apresentando uma planta rectangular (53 m2 de área interna), com o pavimento revestido por um mosaico de grande qualidade artística. Este mosaico representa a penúltima cena do Canto XII da Eneida de Vergílio, tendo como figura central Eneias, que segura um escudo com a cara da Medusa. Por detrás de Eneias identificam-se três soldados troianos armados com lanças e escudos e no lado oposto três combatentes rútulos também armados. Na base estão representados o génio do rio Tibre e o deus Vulcano. Na ala nordeste da domus, resultado de uma reestruturação deste espaço, identifica-se uma sala de representação, de morfologia quadrada (com 77 m2) e abside em ferradura, com as paredes e pavimentos profusamente ornamentados. As termas situavam-se a sudoeste, encontrando-se conservados vestígios dos seus vários compartimentos, que sofreram alterações e remodelações, aumentando a sua dimensão e complexidade ao longo do tempo. Este edifício termal poderia ter uma utilização privada, sobretudo na sua primeira fase de construção, ganhando uma dimensão pública com as obras de ampliação posteriores. Os vários projetos de construção que ocorrem na villa de Alter do Chão entre os séculos I e IV d. C demonstram o crescimento económico e uma maior monumentalidade arquitectónica e artística, evidenciando o elevado estatuto social dos seus proprietários. Nos séculos VI - VII um dos tanques do frigidarium das termas foi reutilizado como necrópole, identificando-se três sepulturas de inumação no seu interior, de morfologia rectangular, construídas com materiais reaproveitados e cobertas por lajes de xisto. Os enterramentos eram individuais, sem espólio votivo e apenas com elementos de vestuário e de adorno pessoal em bronze (brincos, anéis, fivelas). A simplicidade destas estruturas funerárias, a sua estreita relação com a água e proximidade com áreas residenciais podem estar indicar a eventual cristianização destes indivíduos, o que carece de uma análise mais aturada. (atualizado por C. Costeira, 08/02/19).

Informação

O sítio arqueológico dispõe de um centro interpretativo no local, mas as visitas necessitam de marcação prévia. Aquisição de bilhete no local.

Condições da visita

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    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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