Castro de Santa Olaia

Povoado Fortificado - Neolítico, Idade do Ferro, Romano, Medieval Islâmico e Medieval Cristão (118)
Também designado: Castro de Santa Eulália / Povoado fortificado de Santa Eulália / Povoado fortificado de Santa Olaia. O sítio de Santa Olaia (Ferreira-a-Nova/Figueira da Foz/Coimbra) implanta-se numa pequena elevação na margem direita do rio Mondego, 3,2 km a poente do castelo de Montemor-o-Velho e 2 km a nascente da povoação de Maiorca. O cerro encontra-se rodeado por terrenos de aluvião (actualmente arrozais), excetuando a nascente, onde uma depressão o separa do monte do Ferrestelo (CNS 4387). Localizado no antigo estuário do Mondego, Santa Olaia seria uma pequena ilha, protegida a sul por uma encosta íngreme. No séc. XVIII é construída a capela dedicada a Santa Eulália, e ao longo dos tempos a área foi utilizada para agricultura, exploração de mós e sucessivamente afectado pela construção de estradas - Estrada Real nº 49, EN111 (1937), IP3 e a actual A14. As primeiras intervenções arqueológicas, sob a direção de A. dos Santos Rocha, realizaram-se entre 1893 e 1907, incidindo na área NE e junto ao talude norte. A partir de 1983, sob a égide do Museu Municipal Dr. Santos Rocha e sob a direcção de I. Pereira, o sítio volta a ser intervencionado, realizando-se campanhas de escavações que visavam identificar os limites do povoado e clarificar e datar as estruturas existentes. Em 1992/93, no âmbito da construção do IP3, foram efectuadas escavações de emergência na área a norte, nos limites da antiga laguna. Desde 2003, têm sido efectuadas acções de arqueologia preventiva. Implantado num local estratégico, com variados recursos naturais, Santa Olaia foi escolhida para o estabelecimento de populações desde o Neolítico. Os vestígios desta época resumem-se a materiais dispersos e descontextualizados, recolhidos nas caldeiras das árvores ou em valas de alicerce. O principal momento de ocupação de Santa Olaia ocorre durante a I. do Ferro, principiando entre o séc. IX - VIII a.C. com a colonização fenícia e o início da construção da muralha, prolongando-se longo do séc. VIII a.C.. Entre o VII/VI a.C. e o séc. IV a.C., a fase de ocupação mais intensa, a presença fenícia consolida-se, com a construção de habitações e a presença de cerâmicas importadas, na que terá sido. A última fase de ocupação terá ocorrido entre o séc. IV - III a.C. A presença de época romana parece ter sido residual, não tendo sido possível caracterizar o tipo de povoamento. De período medieval restam tramos de muralha e duas torres quadrangulares, localizadas no sector NW, que indicam a presença de estrutura militar. Pela sua posição estratégica, no período de alternância de poderes durante a conquista cristã, Santa Olaia deverá ter desempenhado um papel importante na conquista/defesa do território. Estão presentes cerâmicas típicas do mundo cristão alto-medieval e produções enquadráveis em época emiral/califal e reinos de taifas, atestando a presença islâmica durante o séc. IX-XI. O término temporal coincide com a data da menção mais antiga ao castelo de Santa Olaia - 1087, e tal como acontece em Coimbra, também estão presentes cerâmicas com decoração mista, de filiação cristã e islâmica. Desconhece-se a época de abandono, que terá ocorrido no séc. XII - XIII, coincidente com a gradual perda de importância defensiva da linha do Mondego. As estruturas, identificadas apenas na área norte do cerro, correspondem a um povoado protegido por muralha, que se desenvolvia em socalcos ao longo da encosta, durante a I. do Ferro. As habitações, de média/pequena dimensão e planta rectangular, teriam paredes de adobe com base em pedra e pavimentos em argila sobre os locais assentavam lareiras. As construções, localizadas em áreas alagadiças, possuíam enrocamento pétreo, que servia como impermeabilizante. A norte, na margem da laguna, correspondente à "zona ribeirinha", foi escavada uma zona de fornos de fundição, revelador da vocação metalúrgica do povoado. [atualizado por I. Inácio, 25/07/19]

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O sítio tem sinalização interpretativa.

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      Boas Práticas

      Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

      Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

      Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

      Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

      Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

      Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

      • Respeitar todas as sinalizações;
      • Não aceder a zonas vedadas;
      • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
      • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
      • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
      • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
      • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
      • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
      • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
      • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
      • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
      • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
      • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

      Para saber mais:

      AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

      Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

      Contactos DGPC

      Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

       

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