Estação Arqueológica de Monte Molião

Povoado - Idade do Ferro, Romano e Medieval Islâmico (11870)
O sítio arqueológico do Monte Molião localiza-se no topo de uma colina de morfologia elipsoidal, na margem esquerda da ribeira de Bensafrim, nas imediações da cidade de Lagos, a cerca de 30 m de altitude. Esta posição destacada na paisagem dotava-o de um bom domínio visual sobre um amplo e diversificado território (baía de Lagos e áreas interiores), permitindo-lhe combinar a exploração de recursos marinhos, fluviais e terrestres. As características geomorfológicas da cidade de Lagos alteraram-se profundamente ao longo do tempo. Durante o I milénio a. C., o estuário da ribeira de Bensafrim seria mais largo e navegável e a colina do Monte Molião estaria rodeada de água e ligada a terra na vertente norte. Este sítio foi identificado e inicialmente escavado por Estácio da Veiga, no final do século XIX, no âmbito da Carta Arqueológica do Algarve. Os diversos trabalhos arqueológicos realizados, a partir do final do século XX, no âmbito de projetos de salvaguarda e de investigação permitiram identificar vestígios estruturais e artefactuais de um povoado com várias fases de ocupação, cronologicamente balizadas entre os finais do século IV a. C. (II Idade do Ferro) e os finais do século II d. C. (período romano), bem como materiais integrados na Antiguidade Tardia (século IV d. C.) e no período Medieval Islâmico. Na II Idade do Ferro o Monte Molião seria um povoado com dimensões consideráveis, com claras afinidades urbanísticas e arquitetónicas com a tradição mediterrânea. Neste primeiro momento de ocupação identificaram-se vários artefactos cerâmicos provenientes da baía de Cádis e do mediterrâneo Oriental, demonstrando o dinamismo comercial do Monte Molião. A ocupação romana do Monte Molião enquadra-se entre o final do século II a. C e o final do século II d. C (período Romano Republicano e período Romano Imperial), coincidindo com a fase inicial da instalação de populações itálicas no território algarvio. Deste núcleo urbano, que poderá corresponder a Lacobriga, identificaram-se estruturas habitacionais e funcionais (fornos de cerâmica, áreas de produção metalúrgica, cetárias para a produção de preparados de peixe) organizadas em arruamentos, bem como um numeroso e diversificado conjunto de materiais, alguns dos quais evidenciando relações comerciais de âmbito regional e mediterrâneo. No final do século II d. C., a ocupação do Monte Molião torna-se mais restrita, principalmente no que se refere aos espaços habitacionais, coincidindo com o crescimento da ocupação na margem direita da ribeira de Bensafrim (atual cidade de Lagos), mais próximo do mar. Na vertente Nordeste do Monte Molião, na periferia do núcleo urbano, localizava-se a necrópole romana, que foi identificada e quase totalmente destruída no final do século XIX. Neste espaço sepulcral registaram-se rituais de cremação e inumação e espólio votivo integrado nos séculos I - II d. C (contemporâneo da ocupação do Monte Molião) e no século III d. C., o que pode indicar que está necrópole continuou a ser utilizada pelas populações que se instalaram nas imediações da colina. (actualizado por C. Costeira 11/06/2018)

Informação

O sítio arqueológico encontra-se vedado, mas pode ser visitado.

Condições da visita

Acesso livre

Horários

Documentos

    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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