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DIAS, Ana Carvalho (2010) - Trabalhos Arqueológicos prévios ao projecto de reabilitação de edifício a restaurante no Pátio dos Carrascos do Convento de Cristo. Acedido em: 27 de setembro, 2015 em:http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/
Categoria A - ações de investigação
2001/2006
Aprovado
A região do Entre-Douro-e-Minho tem sido alvo de vários projectos de investigação afectos à Pré-História Antiga e Proto-História (Bronze Final e Idade do Ferro). Daí resulta um acervo informativo desigual entre os conhecimentos obtidos para a paisagem destes períodos e a Pré-História recente, nomeadamente para o Calcolítico Final e o Bronze Inicial e Médio. Assim sendo, parece-nos de todo o interesse um projecto que vise a reconstituição da paisagem da Pré-História recente da região do Entre-Douro-e-Minho, bem como a sua contextualização com os conhecimentos existentes para a Galiza, o Nordeste Transmontano e Beiras Alta e Litoral. A execução deste projecto passa por estratégias de pesquisa inovadoras, interdisciplinares, num diálogo permanente entre métodos e técnicas da Arqueologia e de outras disciplinas como a Informática, a Geomorfologia, a Sedimentologia, a Paleobotânica, a Arqueozoologia, a Físico-Química, entre outras.
Realizaram-se diversas intervenções arqueológicas em diferentes sítios durante o desenvolvimento do projecto e prospecções no Concelho de Braga, onde foram encontrado sítios novos. Escavação em Mocegueira, conseguiu-se a identificação do sítio explorado nos inícios do século XX (Lapa da Mocegueira); Recolha de elementos para a sua caracterização cronológico-cultural e ainda elementos para a sua reconstituição ambiental. Escavação do Alto da Penacova, identificação do sítio explorado nos níveis do século XX, recolha de elementos para a sua caracterização cronológica-cultural e ainda elementos para a sua reconstituição paleo-ambiental. Escavação na Tapada da Venda, identificação do sítio explorado na década de 70 por Francisco Alves; recolha de elementos para a sua caracterização cronológico-cultural e ainda elementos para sua reconstituição paleo-ambiental. Escavação no povoado calcolítico de Bitarados, onde foram abertos 28 metros quadrados, distribuídos por 28 sondagens que deram a conhecer uma complexidade ocupacional que se distribui por cinco fases. Os vestígios arqueológicos que o comprovam recaem sobre restos de estruturas de ocupação, com buracos de postes, pisos em argila, restos de reboco, lareiras e covachos, corroborados por um espólio que repousa em cerâmicas feitas à mão de barro grosseiro e decorado, repetindo o modelo tipo Penha, bem como artefactos líticos (incluindo sílex), moinhos e objectos decorativos (contas, ocre). Escavação em Santa Catarina, realizaram-se vários cortes e concluiu-se que as estratigrafias se encontravam invertidas, e os materiais descontextualizados com as colecções de cerâmicas conhecidas da Penha. Não foram detectadas estruturas arqueológicas, à excepção do corte 3, onde surgiu uma camada interpretada como um piso, sendo ainda identificadas concentrações de carvões e de cerâmicas. A intervenção arqueológica na Senhora da Penha, dividiu-se em 6 cortes e em todos concluiu-se estratigrafias invertidas, onde surgiram descontextualizados materiais conotados com as colecções de cerâmicas conhecidas da Penha. Não se identificaram estruturas arqueológicas com excepção do corte 3, onde surgiu uma camada interpretada como um piso e foram identificadas concentrações de carvões e de cerâmicas. As escavações permitem no entanto, identificar um nível de ocupação calcolítico. Realizou-se uma prospecção sistemática das áreas de proveniência do espólio, essencialmente, entre a capela do Santuário da Senhora da Penha, a norte, e a entrada do Parque de Campismo, a sul, quer nas áreas mais elevadas como nas vertentes oeste e este. Realizou-se uma sondagem no Túmulo 1 de Campo de Caparinho, ficou comprovado que o túmulo seria de pequenas dimensões, com cerca de 2,80 m. de diâmetro, ao nível do contraforte, e cerca de 80 cm de altura. Trata-se de um monumento funerário de construção atípica, dado ter sido construído por cima de um afloramento granítico, o que permitiu o reaproveitamento de muitos blocos em desintegração, numa clara economia de esforço e de recursos. Este monumento seria provido de uma câmara, aparentemente simples, com vários esteios líticos. Os que observámos foram alisados na face interna o que lhes confere uma cor amarelada. Os fragmentos cerâmicos eram escassos e descontextualizados, dada a violação total da câmara e a grande destruição do tumulus. Associamos à construção do monumento a lareira encontrada no quadrado C4 mais uma vez a comprovar rituais ligados ao fogo. Esta estrutura, construída sobre algumas pedras de fundação do contraforte, localiza-se a Este da câmara, portanto a nascente. Realizaram-se duas campanhas de escavações no complexo de Vale de Ferreiro, O sítio revela duas ocupações, a mais antiga, da transição do III para II milénio a.C., estaria relacionada com aspectos rituais. A segunda fase de ocupação, da primeira metade do II milénio a.C., relaciona-se com estruturas em fossa, de carácter detrítico algumas delas contendo moinhos e sementes.
Ana Maria dos Santos Bettencourt
António Pereira Dinis, Carlos Manuel Simões Cruz e Rui Pedro Alves Barbosa
Isabel Sousa e Silva (Investigador)