Trabalhos arqueológicos na Rua de Buenos Aires, Lisboa

Projeto arqueológico
  • Designação

    Categoria C - ações preventivas

  • Ano do Início/Conclusão

    2009/

  • Estado

    Aprovado

  • Objetivos

    Minimizar os impactes sobre o património arqueológico decorrentes dos trabalhos na Rua de Buenos Aires.

  • Resultados

    Os trabalhos de acompanhamento arqueológico na Rua de Buenos Aires, nº 10, Lisboa, revelaram estruturas (fundações, caneiros e caleiras, elementos arquitectónicos decorativos) e materiais cerâmicos que estão em concordância com a construção do Palacete e as diferentes posteriores utilizações deste espaço. Quer as estruturas quer os materiais identificados são coevos do mesmo. Pela estratigrafia registada podemos concluir que a parte traseira central do lote, mais concretamente toda a zona paralela à fachada posterior do Palacete sofreu diversas fases de aterro sobretudo para nivelamento do terreno para a construção dos barracões/anexos que aí foram erigidos para albergarem o Instituto Industrial e Instituto Superior de Economia. Quanto à estrutura E [12] (lago), podemos constatar que é coeva do próprio Palacete (1860) e que estaria integrada no que seriam os jardins do mesmo. Quer a estratigrafia e os materiais encontrados (cerâmica comum e comum vidrada, azulejo), quer pela técnica e materiais construtivos (a argamassa calcária laranja e o tijolo de burro ou o liós utilizados também na construção do edifício) apontam uma cronologia Contemporânea. Do mesmo modo, a arquitectura Romântica da estrutura E [12] e a sua temática decorativa da natureza e dos motivos vegetalistas corroboram a mesma datação. Quanto aos danos perpetuados sobre a estrutura foram quase na sua totalidade (exceptuando uma ou outra fractura menor) feitos aquando da construção dos barracões pré-fabricados, na mesma altura que a coluna decorativa central foi derrubada para nivelamento do terreno. O lago, depois de anos de abandono, terá sido aterrado e atulhado para efeitos de nivelamento do terreno e assim ser possível a construção dos barracões. Os trabalhos de acompanhamento arqueológico permitiram ainda identificar três fossas de formas ovaladas alongadas, escavadas no substrato geológico, que terão funcionado como áreas de extracção de argila para a produção de faiança. Após a sua abertura e dado que as posturas camarárias exigiam o fecho destas "galerias", as mesmas eram utilizadas pelos oleiros como lixeiras, onde eram depositados essencialmente os recipientes defeituosos. A análise artefactual, embora ainda preliminar, permitiu identificar material cerâmico pertencente a pelo menos duas olarias de produção de faiança, onde podemos identificar diversos recipientes em diferentes estados de produção, bem como outras tipologias ligadas à manufactura dos recipientes, como são exemplo as caixas de vidragem e os cravilhos entre outros. Na zona de Santos-o-Velho, estão documentadas diversas olarias de produção de faiança que se localizam a cerca de 500m para Sul da área em estudo, pelo que dadas as características geológicas desta área, levantamos a hipótese de estarmos perante zonas de extracção de argila utilizada na execução das peças de faiança. Rua de Buenos Aires, nº 11: não foram identificados contextos arqueológicos preservados.

  • Responsável

    NÃO SE APLICA

  • Co-Responsáveis

    Ana Cristina Barroso Rosa, Andreia Filipa Moreira Campôa, João Metello de Seixas Rodrigues Leónidas, Nuno Miguel Gonçalves Neto e Sara Isabel da Cruz Ferreira

  • Pessoas (relação)

    -

Relatórios (-)