Lisboa - Terreiro do Paço/Praça do Comércio

Sítio (19383)
  • Tipo

    Cidade

  • Distrito/Concelho/Freguesia

    Lisboa/Lisboa/Santa Maria Maior

  • Período

    Moderno e Contemporâneo

  • Descrição

    Em época clássica, este espaço estaria coberto pelas águas do Tejo. Assim, aqui se conservam depósitos de fluvião que incorporam materiais arqueológicos entre a Idade do Ferro e o período medieval. No período medieval, com o assoreamento da margem do Tejo e a pressão urbana, este espaço vai-se progressivamente transformando numa praia fluvial, já parcialmente emersa e sujeita às oscilações da maré, incorporando espólio arqueológico de cronologia medieval (islâmica, medieval cristã até ao século XV). No início do século XVI, este espaço urbano sofreu uma profunda reestruturação com a construção do Palácio Real da Ribeira e de um conjunto de edifícios públicos, sede das principais instituições políticas, administrativas, económicas e cívicas, em redor de uma grande praça pública, o Terreiro do Paço. Entre 2001 e 2006, foi identificado um conjunto de estruturas portuárias, de entre as quais se destaca, o Cais mandado construir por D. Manuel I e destruído pelo Terramoto /Maremoto de 1755. Foram identificados diversos troços construídos em silharia calcária, que revestia o topo e as faces da estrutura. Em 2005, foi detetado um extenso pavimento de alvenaria que poderá corresponder ao antigo nível de piso do Terreiro do Paço anterior a 1755. Foi ainda registado o topo de um caneiro que poderá corresponder ao "cano real" (que no final do Séc. XV encanou o esteiro da Baixa). Em 2009, foram identificadas imponentes estruturas portuárias do séc. XVII e 1ª metade do séc. XVIII. Tratam-se do cais/paredão e baluarte, que integravam a estrutura fortificada existente no centro do Terreiro do Paço (do séc. XVII ao Terramoto de 1755). Junto à face oriental da atual Praça do Comércio, identificaram-se o que aparentam ser dois segmentos da mesma conduta de esgotos, com orientação Norte-Sul. No seu topo Norte apresentava uma estrutura de tipo sumidouro, com grade metálica, aparentemente para recolha de águas pluviais do Terreiro do Paço. No estremo Sul, já em leito fluvial, conservou-se um troço de estrutura revestida com silharia calcária, no interior da qual se desenvolvia a conduta. Tratar-se-ia portanto de um emissário sub-fluvial, embora pudesse funcionar também como estrutura portuária. Em 2009 e 2013, foram identificados pavimentos pré-terramoto, pavimentados a calçada e argamassa (na zona Norte da Praça do Comércio a cerca de 1 metro de profundidade em relação ao piso atual). Foram identificados abundantes vestígios de fundações em estacaria de madeira de cronologia pré-pombalina, que deverão pertencer a estruturas de cariz portuário implantadas em frente do antigo Terreiro do Paço como documentam numerosos documentos iconográficos. Com o Terramoto de 1755, o Terreiro do Paço sofreu graves danos em todas as suas estruturas, revelados no registo arqueológico. Já durante a chamada "reconstrução pombalina", toda a área do antigo Terreiro do Paço, bem como a Sul uma faixa até aí ocupada pelo leito do Tejo, foram sujeitas a aterro. Este contexto integra restos materiais de diversas cronologias e materiais de construção relacionáveis com os escombros de terramoto e incêndio e também com a reconstrução (nomeadamente vestígios das gruas utilizadas na construção do arco da Rua Augusta). Sobre este nível foi construído na segunda metade do século XVIII, a Praça do Comércio que persiste até aos nossos dias. Desta fase foi identificada na área SO da praça, uma escadaria que se insere no plano de reconstrução. Registam-se também abundantes vestígios de fundações em estacaria de madeira que deverão pertencer a estruturas de cariz portuário do séc. XIX e primeira metade do séc. XX. Foram registados diversos troço de condutas integrantes do sistema de saneamento pombalino, nomeadamente no alinhamento das Ruas da Prata, Augusta e Ouro. A nível de depósitos fluviais há a referir espólio muito diversificado, vestígios de trânsito portuário, projéteis (cfr. CNANS 9047).

  • Meio

    Terrestre

  • Acesso

    A Praça do Comércio localiza-se no centro da cidade de Lisboa, em plena Baixa Pombalina, junto ao rio Tejo. Pela magnitude e centralidade que detém, foram realizadas diversas artérias que permitem o seu acesso. Quem vem da parte norte da Baixa (zona do Rossio, Restauradores e Martim Moniz), poderá aceder à Praça do Comércio pela Rua do Ouro, Rua Augusta e Rua da Prata, ficando esta localizada no final dessas ruas. De igual modo, o acesso poderá ser feito por um espaço junto ao rio Tejo, através da Avenida Ribeira das Naus, quer pelo lado Este, quer pelo lado Oeste (zona do Cais do Sodré). Por fim, pode-se chegar à Praça do Comércio pela rua do Arsenal e pela rua da Alfandega.

  • Espólio

    Vestígios de cariz claramente portuário, com materiais importados. São exemplo disso as porcelanas do Oriente a as bebidas licorosas de Amesterdão. Materiais navais tais como balas de canhão e um fragmento de palanqueta; bloco de pregos(?) concrecionados; 3 fateixas.

  • Depositários

    ERA - Arqueologia, S.A.

  • Classificação

    Classificado como CIP - Conjunto de Interesse Público

  • Conservação

    Bom

  • Processos

    S - 19383, 2000/1(096)-B, 2005/1(396) e 93/1(238)-C

Bibliografia (0)

Fotografias (0)

Localização