Ruínas de Conímbriga

Sítio (251)
  • Tipo

    Cidade

  • Distrito/Concelho/Freguesia

    Coimbra/Condeixa-a-Nova/Condeixa-a-Velha e Condeixa-a-Nova

  • Período

    Idade do Bronze - Final, Idade do Ferro e Romano

  • Descrição

    As ruínas da cidade romana de Conimbriga localizam-se numa plataforma destacada na paisagem, na base da qual, ao longo da vertente sul, corre a ribeira de Rio de Mouros. A cidade é delimitada por uma muralha. Em 1873 o Instituto de Coimbra efetua a primeira escavação arqueológica e em 1889, sob o patrocínio da Rainha D. Amélia. Entre 1929 e 1944, numa colaboração entre a Universidade de Coimbra e a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), decorrem escavações sistemáticas dirigidas por V. Correia. Entre 1944 e 1962 a DGEMN procede à consolidação e restauro das estruturas; a partir de 1953 as intervenções nos mosaicos são dirigidas por J. M. Bairrão Oleiro. Com a criação do Museu Monográfico de Conimbriga (1962) retomam-se as campanhas sistemáticas - 1964/71 e 1977/79 - em parceria luso-francesa (Universidades de Coimbra e Bordéus) dirigidas inicialmente por J. M. Bairrão Oleiro e R. Etienne, entre 1964 e 1966, e a partir de 1967 por J. de Alarcão e R. Etienne. A partir da década de '90 as intervenções arqueológicas (M. M. de Conimbriga em parceria com diversas entidades e investigadores) incidem em problemáticas e temas concretos. As evidências de ocupação remontam ao Calcolítico, estando confirmada também durante a I. do Bronze. Materiais importados atestam contactos com o Mediterrâneo durante a I. do Ferro. Após as campanhas de Décimo Júnio Bruto (138/136 a.C.) Conimbriga entra na esfera de Roma. Apesar dos parcos vestígios do oppidum inicial, alguns bairros de cariz indígena (com ruas ladeadas de habitações com pátio) sobreviveram às primeiras campanhas de remodelação urbanística e arquitectónica de época Imperial, que se iniciam no séc. I, durante o principado de Augusto. São construídos edifícios públicos (Forum, Termas Sul, Anfiteatro), bem como o Aqueduto e a muralha (com funções mais honoríficas que defensivas), e construções privadas (lojas, insulae e domus com pavimentos em mosaico e jardins). Na 2ª metade do séc. I, durante a dinastia dos Flávios, o oppidum, elevado à categoria de município, passa a denominar-se Flavia Conimbriga. O novo estatuto implica remodelações nos edifícios públicos existentes, anulando as antigas estruturas de cariz indígena que ainda subsistiam. Também os espaços residenciais privados sofrem remodelações, sendo construídos novos edifícios públicos e privados. A instabilidade vivida em inícios do séc. IV promove a construção de uma nova muralha, cujo traçado revela uma contracção da área urbana. Edifícios são cortados (Casa de Cantaber), demolidos (Anfiteatro, em parte utilizado como alicerce da muralha) ou ficam no exterior (Casa dos Repuxos). São construídas cisternas, uma das quais adapta parte do criptopórtico do templo, as vias públicas repavimentadas e edifícios privados remodelados. Durante os séc. V - VI Conimbriga sofre importantes alterações na estrutura de funcionamento, algumas das quais na continuidade do período anterior. Os novos edifícios são de construção modesta, por vezes em materiais perecíveis, e as grandes domus transformadas várias habitações ou oficinas. Os antigos pavimentos são cortados por fossas para detritos, agora abertas no interior do espaço doméstico. Os enterramentos no interior do espaço urbano estão documentados em diversos pontos da cidade. A presença da "basílica paleocristã" no espaço da Casa de Tancinus, é ainda questionável. Vestígios, provenientes sobretudo de contextos de lixeiras, testemunham uma continuidade de ocupação durante os séculos seguintes. Cerâmicas e enterramentos em decúbito lateral com orientação SO-NE, atestam a presença de população islâmica, nomeadamente em época califal, juntamente com população cristã. A reutilização dos antigos espaços, agora anulados, intensifica-se, como o cemitério na área anexa à Casa de Tancinus, em funcionamento entre o séc. IX - X até aos XV - XVI, ou no antigo Anfiteatro, entre o séc. IX - XIII, onde a ocupação da cidade se parece reduzir em inícios da Idade Média.

  • Meio

    Terrestre

  • Acesso

    -

  • Espólio

    1 Skyphos; 1 tinteiro (cerâmica vidrada); 2 cadinhos; mosaicos; moedas de ouro romanas; peças em sigillata clara; fragm. de tijelas e pratos; alfinetes em osso; anéis de ferro, ouro e cobre; bricos; braceletes; arula de inscrição dedicada a Apolo Augusto; fíbulas; um colar de 25 contas; 1 "pondus" de barro c/inscrições; conta de ribeirite; pontas de lança ou dardos de cobre; todo um conjunto de objectos de bronze; ânforas do tipo "dressel 18"; instrumentos de fiação, tecelagem e costura; 1 pente de cardar, espichas, fusos; etc. Cab. de Augusto e base estátua; frags cab. Agrippina minor; cab. jovem príncipe; torso togado; frag. estátua; pé e perna de estátua couraçada; estátua Hüftmanteltypus; 3 cab. mulher; cab. criança; 2 cab. masculina; torso Sileno; Hércules e Anteu; estela Medusa; 2 leões funerários; frag. vários estátuas - Mus. Monog. Conímb. Grupo - Cupido e Psique - Col. Particular. Cab. infantil - Museu Nac. Arqueolog. (Gonçalves, 2007).

  • Depositários

    Museu Monográfico de Conímbriga , Museu Municipal Dr. Santos Rocha, Figueira da Foz e Museu Nacional de Machado de Castro

  • Classificação

    ZEP - Zona Especial de Protecção

  • Conservação

    Bom

  • Processos

    S - 00251, 2001/1(093), 2004/1(120) e 2010/1(493)

Bibliografia (94)

A "villa" lusitano-romana da Torre de Palma (Monforte). O Arqueólogo Português (1962)
A Iconicidade de Representações Arquitectónicas em Mosaicos Pavimentais Romanos. Revista de História de Arte: O Mosaico na Antiguidade Tardia (2008)
A necrópole de Santo André. Parte II. Os materiais. Conimbriga (1981)
A respeito de Conimbriga. O Arqueólogo Português (1898)
Alfinetes de toucado romanos, de Conimbriga. Conimbriga (1968)
Analecta archeologica. O Arqueólogo Português (1910)
Análise química não-destrutiva de dois cadinhos achados em Conimbriga. Conimbriga (1984)
Anéis, braceletes e brincos de Conimbriga. Conimbriga (1969)
Aquisições do Museu Etnológico Português (1913). O Arqueólogo Português (1913)
Arte visigótica em Portugal. O Arqueólogo Português (1962)
As cerâmicas de "engobe vermelho pompeiano" da Alcáçova de Santarém. Revista Portuguesa de Arqueologia (2002)
As fibulas do Noroeste da Península. Portugália (1908)
As fíbulas do Museu Municipal de Figueira da Foz. Conimbriga (1982)
As imitações de moedas de bronze do século IV d. C. na Península Ibérica: o caso do Ae2 Reparatio Reipub (2000)
As termas públicas de Catania e a sua inserção urbana. Alguns paralelos na lusitânia.. Actas do 2º Congresso de Arqueologia Peninsular, Zamora, 1996 (1999)
Balanças e pesos de Conimbriga. Conimbriga (1979)
Bibliographia. O Arqueólogo Português (1906)
Cartas a Martins Sarmento. Revista de Guimarães (1954)
Catálogo das Inscrições Paleocristãs do Território Português (2006)
Ceramique a glacure plombifére. Conimbriga (1975)
Cerâmica estampada vermelha de Conimbriga. Arquivo de Beja (1964)
Conimbriga. A camada pré-romana da cidade. (Notas de uma exploração de dez dias em Condeixa-a-Velha). O Arqueólogo Português (1916)
Conimbriga. Histoire d'un site. Dossiers de L'Archaeologie (1974)
Conimbriga. La gestión de los residuos urbanos en Hispania.. Anejos de Archivo Español de Arqueología, LX (2011)
Conimbriga. Noticia do "Oppidum" e das escavações nele efectuadas (1935)
Conimbriga: escavações de 1988-89. 1- Algumas precisões sobre a cronologia do "Barro Indígena". Portugália (1990)
Conimbriga: roteiro do museu e das ruínas (1963)
Consolidação e restauro dos mosaicos de Conimbriga. O Arqueólogo Português (1956)
Conímbriga. Arte e Arqueologia (1930)
Da "terra sigillata" tardia encontrada em Portugal. Beira Alta (1951)
De Conimbriga. Achados vários. Uma fíbula. O Arqueólogo Português (1909)
De minimis. (Nótulas várias de epigrafia). Conimbriga (1965)
Die Grabfunde aus dem spanischen westgotenreich. Antiquity (1934)
Do cloisonné ao liriforme. Diacronias de um adorno de vestuário na Alta Idade Média. Arqueologia da transição: entre o mundo romano e a Idade Média (2017)
Dos tesouros de moedas romanas em Portugal. Conimbriga (1961)
Elementos de freios tardo romanos de Conimbriga. Conimbriga (1970)
Elementos de sítulas de Conimbriga. Conimbriga (1970)
Escavações em Conímbriga. Arte e Arqueologia (1930)
Escultura romana em Portugal: uma arte do quotidiano (2007)
Essai sur l'art et l'industrie de l' Espagne primitive et du Portugal (1904)
Estações pré-romanas da Idade do Ferro nas vizinhanças da Figueira. Portugália (1908)
Ferramentas para trabalhar a madeira. Conimbriga (1974)
Fouilles de Conimbriga (1979)
Fouilles de Conimbriga I:2. L'Architecture (1977)
Fouilles de Conimbriga II. Epigraphie et Sculpture (1976)
Fouilles de Conimbriga IV. Les Sigilees (1975)
Fouilles de Conimbriga V. Ceramique commune locale et regional (1975)
Fouilles de Conimbriga VI. Ceramique diverse et verres (1976)
Fouilles de Conimbriga VII. Trouvailles diverses. Conclusions generales (1979)
Fouilles de Conimbriga. 1- L'Architecture (1977)
Fouilles de Conimbriga. 3 - Les monnaies (1974)
Fíbulas e fivelas. O Arqueólogo Português (1904)
Fíbulas pré-romanas e romanas de Conimbriga. Conimbriga (1973)
Indústria lítica proto-histórica - Notícia de protótipo enigmático e de seus congéneres. O Arqueólogo Português (1968)
Inscripciones latinas de la España Romana: antología de 6.800 textos / ILER (1972)
Inscrições inéditas. O Arqueólogo Português (1910)
Inscrições romanas do Museu Machado de Castro. Humanitas (1960)
Inscrições romanas do Museu Municipal de Torres Vedras. Conimbriga (1982)
Instrumentos de fiação, tecelagem e costura de Conimbriga. Conimbriga (1978)
Introdução ao estudo das lucernas romanas em Portugal. O Arqueólogo Português (1953)
Jardins de Conimbriga: arquitectura e gestão hidráulica.. "The Archaeology of Crop Fields and Gardens". Proceedings of the 1st Conference on Crop Fields and Gardens Archaeology (2006)
L'épiscopat de Lusitanie pendant l'Antiquité tardive (IIIe - VIIe siècles) (2002)
Las termas y balnea romanos de Lusitania (2004)
Le "Carré Magique" a Conimbriga (Portugal). Conimbriga (1978)
Le culte des Lares à Conímbriga (Portugal). Academie des Inscriptions et Belles-Letres (1969)
Le toponyme Conimbriga. Conimbriga (1977)
Les metiers et leur outillage. Instruments de lissage, de retouchage et de modelage (1979)
Manuel d'Archeologie Pré-histórique celtique et gallo-romain (1913)
Miscellanea. O Arqueólogo Português (1908)
Mosaicos de Conimbriga encontrados durante as sondagens de 1899. Conimbriga (1973)
Motivos Aquáticos em Mosaicos Antigos de Portugal: Decorativismo e Simbolismo. Revista de História de Arte: O Mosaico na Antiguidade Tardia (2008)
Museu Machado de Castro - Secções de Arte e Arqueologia: catálogo-guia (1944)
Museu Municipal da Figueira da Foz. O Arqueólogo Português (1900)
Mós manuais de Conimbriga. Conimbriga (1978)
O azeite da Bética na Lusitânia. Conimbriga (1995)
Objectos de toilette de Conimbriga. Conimbriga (1971)
Peças Glípticas de Conimbriga. Conímbriga (2001)
Portugal romano (1983)
Povoações portuguesas vindas do passado. O Arqueólogo Português (1933)
Precedentes y protótipos de la fibula anular hispânica. Trabajos de Prehistoria (1963)
Religiões da Lusitânia I (1897)
Ruínas de Conímbriga. Roteiros da Arqueologia Portuguesa (1986)
Sobre os topónimos Conimbriga, Condeixa e Alcabidexe. Conimbriga (1977)
Subsídios para a História do Museu Etnológico do Dr. Leite de Vasconcellos. O Arqueólogo Português (1964)
Sítios arqueológicos visitáveis em Portugal. Al-madan (2001)
Terra sigillata clara de Conimbriga. Conimbriga (1967)
The late urban fort of the Bico da Muralha, Conímbriga (Portugal). Mediterranean Archaeology and Archaeometry (2007)
Une faucille de l'Age du Bronze a Conimbriga. Revista de Guimarães (1978)
Vestígios do culto dos Lares, em território português. Revista de Guimarães (1972)
Vitruve à Conimbriga. Conimbriga (1978)
Vorformen von fus-szierund armbrust-Koustwktion der blallstatt-D-Fibeln. Madrider Beiträge (1961)
Vária. Escavações em Conimbriga. Arte e Arqueologia (1933)
Zu einigen bronzezeitlichen Hohensiedlugen in Sudportugal. Madrider Mitteilungen (1980)
À propos des cerámiques de Conimbriga. Conimbriga (1975)

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