Cova da Moura

Sítio (4008)
  • Tipo

    Gruta Natural

  • Distrito/Concelho/Freguesia

    Lisboa/Torres Vedras/São Pedro da Cadeira

  • Período

    Neolítico Final, Calcolítico e Idade do Bronze

  • Descrição

    A gruta da Cova da Moura localiza-se a meia encosta da vertente nascente da Serra das Marvãs, a 65 m de altitude, no Vale dos Cucos. Esta gruta natural contém uma entrada em arco voltada para o vale do Sizandro, e outra mais estreita, junto ao teto. Desenvolveu-se na interceção de uma diáclase com um plano de estratificação e apresenta a entrada original junto ao teto. Compreende uma sala com cerca de 5x5 metros de onde saiu todo o espólio, e um corredor que comunica com uma pequena sala mais interior, com cerca de 4x1,5 metros. Foi descoberta em 1932 durante os trabalhos de uma pedreira que serviu de apoio à construção da linha do oeste, e escavada na mesma década por Leonel Trindade e Ricardo Belo que nela encontraram dois níveis de ocupação. Numa primeira camada registaram um nível de habitação do final da Idade do Bronze, que terá ocorrido sem que os seus ocupantes se tivessem apercebido da anterior ocupação. Na camada superior, recolheu-se um cossoiro, uma candeia de trilobada, de tipo fenício, e um machado de bronze, de alvado com dupla aselha. A camada inferior, cujos sedimentos atingiam os 4 m de espessura, correspondia a uma ocupação como sepulcro coletivo, onde se identificaram conjuntos ósseos humanos, correspondentes a inumações individualizadas. No total, recuperaram-se 790 peças ósseas e dentárias, relativas a cerca de 90 indivíduos, 75 dos quais adultos. Este nível terá correspondido a uma utilização contínua da gruta, como necrópole, por perto de um milénio, desde o Neolítico Final até ao final da Idade do Bronze. Também foram recolhidas centenas de peças, sobretudo do período calcolítico, nomeadamente indústria lítica talhada em sílex (lâminas, alabardas, pontas de seta, pontas de lança, micrólitos e um punhal), pedra polida em anfibolito (machados, enxós, goivas, escopros), mós e pilões, cerâmica (lisa, campaniforme, carenada e brunida), indústria óssea (alfinetes e cabeças de alfinetes, furadores), cobre (punções, pontas de seta), Ídolos e amuletos (cilindros de calcário, placas de xisto gravadas, esculturas zoomorfas de osso e pedra verde), recipientes de concha, um lápis de hematite e centenas de objetos de adorno (contas em calcário, azeviche e concha, e pendentes em xisto, variscite, serpentina, calcário, osso e dentes de animais), com destaque para o fragmento de um brinco em folha de ouro, idêntico aos achados na gruta da Ermegeira. O espólio recolhido foi estudado, em 1969, por Konrad Spindler e Gretel Gallay, que estimaram a ocupação da necrópole entre 3000 a. C. e 1600 a. C. Datações de C14 forneceram datas entre 2815 a. C. e 1950 a. C. Depois de escavada, a gruta apresentava 10 m de comprimento, por 12 m de largura e 5,5 m de altura máxima.

  • Meio

    Terrestre

  • Acesso

    A 45 km a norte de Lisboa e a 15 km da costa, para o interior, junto as termas dos Cucos.

  • Espólio

    Na camada superior, recolheu-se um cossoiro, uma candeia de trilobada, de tipo fenício, e um machado de bronze, de alvado com dupla aselha. Na camada correspondente à necrópole, recolheram-se centenas de peças, sobretudo do período calcolítico, nomeadamente indústria lítica talhada em sílex (lâminas, alabardas, pontas de seta, pontas de lança, micrólitos e um punhal), pedra polida em anfibolito (machados, enxós, goivas, escopros), mós e pilões, cerâmica (lisa, campaniforme, carenada e brunida), indústria óssea (alfinetes e cabeças de alfinetes, furadores), cobre (punções, pontas de seta), Ídolos e amuletos (cilindros de calcário, placas de xisto gravadas, esculturas zoomorfas de osso e pedra verde), recipientes de concha, um lápis de hematite e centenas de objectos de adorno (contas em calcário, azeviche e concha, e pendentes em xisto, variscite, serpentina, calcário, osso e dentes de animais), um fragmento de um brinco em folha de ouro, idêntico aos da gruta da Ermegeira.

  • Depositários

    Museu Municipal Leonel Trindade - Torres Vedras e Museu Nacional de Arqueologia

  • Classificação

    -

  • Conservação

    -

  • Processos

    S - 04008, 2001/1(148) e 2005/1(021)

Trabalhos (1)

Bibliografia (22)

A Idade do Bronze atlântico no Sudoeste da Europa. Revista de Guimarães (1951)
A gruta da Cova da Moura (Torres Vedras). Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal (1961)
A utilização de moluscos durante o eneolitico português. Revista de Guimarães (1966)
Alguns objectos inéditos, bastante raros, da colecção do professor Manuel Heleno. O Arqueólogo Português (1970)
Aquisições do Museu Ethnológico Português (1906). O Arqueólogo Português (1906)
Archaeologische und anthropologische Betrachtungen zu den neolitisch-kupfer-zeitlichen Funden aus der Cova da Moura / Portugal. Madrider Mitteilungen (1970)
Cova da Moura. Die Besiedlung des Atlantischen Kuestengebietes Mittelportugals vom Neolithikum bis an das Ende der Bronzezeit. Madrider Beiträge (1981)
Dental anthropology of the Chalcolithic Portuguese population from Cova da Moura (Torres Vedras, Portugal): permanent lower teeth. Investigaciones en Biodiversidad Humana (2000)
Die Megalithgraber der Iberischen Halbinsel: der Westen. Madrider Forschungen (1959)
Escavações na fortificação da idade do cobre do Zambujal/Portugal 1970. O Arqueólogo Português (1971)
Extensão cultural do Museu Etnológico. A) O Instituto Português de Arqueologia, História e. Etnografia. O Arqueólogo Português (1953)
Gruta da Cova da Moura em vias de desaparecer. Badaladas (1987)
Inventário do Património Natural e Cultural - Fichas do Património Arqueológico de Torres Vedras (2021)
La civilisation énéolithique dans la Péninsule Ibérique (1921)
Notícias. Apontamentos inéditos de António Mendes. O Arqueólogo Português (1968)
O Calcolítico na região de Torres Vedras. Turres Veteras IV - Actas de Pré-história e História Antiga (2002)
O Paleolítico Superior da Estremadura portuguesa (1997)
O colar de conchas de "glycimeris" da Lapa do Suão (Bombarral). Revista de Guimarães (1968)
Subsídios para o estudo da época do bronze na região de Torres Vedras. Estremadura. Boletim da Junta de Província (1955)
Tipos de punhal lítico da colecção dos Serviços Geológicos de Portugal. Revista de Guimarães (1957)
Um quarto de século de investigação arqueológica. O Arqueólogo Português (1956)
Zur Besiedlungsgeschichte des Sizandrotals. Ergebnisse aus der Küstenforschung. Madrider Mitteilungen (1990)

Fotografias (0)

Localização