Ota (Povoado da)

Sítio (3036)
  • Tipo

    Povoado Fortificado

  • Distrito/Concelho/Freguesia

    Lisboa/Alenquer/Ota

  • Período

    Neolítico, Calcolítico e Medieval Cristão

  • Descrição

    O "Castro da Ota" ou "Sítio da Ota" localiza-se na elevação mais proeminente sobre o vale do Canhão Cársico, a cerca de 185 metros de altitude, na margem direita da ribeira da Ota. Esta configuração atribui àquele lugar um grande controlo territorial e de visibilidade e permitiu o fácil acesso fluvial às vias comerciais e às correntes culturais provenientes de outros lugares. Terá sido descoberto e explorado por Hipólito Cabaço nos anos 30 do século XX mas foi dado a conhecer por Ernâni Barbosa em 1956. A elevação é quase inacessível por todas as vertentes exceto pela do lado ocidental, onde foram construídas duas linhas de muralhas. A entrada localiza-se a sul, onde foi identificada uma estrutura negativa no interior muralhado, que cedo se propôs que fosse para defender, mas que atualmente é vista como possível estrutura funerária. Segundo Barbosa (1956) também teriam sido encontrados fundos de cabana circulares e retangulares no interior do recinto (que não foram ainda identificados no trabalho de campo). Conhece-se hoje, um total de oito estruturas arqueológicas. Apesar de ter características semelhantes com outros locais, onde estruturas muralhadas assumem o papel defensivo, ainda não existem certezas de qual seria o uso do "Sítio da Ota". Isto deve-se à inexistência de contextos claramente habitacionais, à existência de espólio tipicamente funerário e à presença da estrutura negativa, não adoçada à muralha. O "Castro da Ota" terá tido três ocupações principais: no Neolítico/Calcolítico; um período de menor visibilidade, até ao Período Romano Republicano, e cessa no Período Romano Imperial. O espólio aqui encontrado permite entender que o espaço terá tido uma longa diacronia de ocupação. Foram recolhidos materiais de tradição neolítica mas também do período campaniforme. Existe também espólio enquadrado no Bronze Final e Idade do Ferro, bem como de período Romano e Época Medieval. O espólio também permitiu constatar que estas comunidades tinham contacto com outras regiões nacionais mas também mantinham uma certa independência ao nível das matérias-primas. O estudo aprofundado do local só começou a ser feito efetivamente a partir de 2015 com prospeções sistemáticas no âmbito do projeto COTA - "Canhão Cársico da Ota" e a identificação, localização, caracterização e valorização do património arqueológico do mesmo local, com o projeto interdisciplinar Caracterização e plano de ação do Canhão Cársico de Ota. Mais recentemente, através do projeto plurianual de investigação "Detecção remota na prospecção arqueológica: os sítios fortificados do 3º milénio a.C. na região Oeste (Estremadura, Portugal) " foram realizadas campanhas de escavação nos anos 2019, 2020 e 2021. Estas incidiram sobretudo nas estruturas e espaços identificados na Ota, através de variados métodos de prospeção. Os resultados permitiram afirmar que é percetível no local a manipulação do natural por parte das comunidades que por ali passaram, que adaptaram o espaço para seu proveito e utilizaram os recursos disponíveis. Ficou também claro que a potência estratigráfica do sítio arqueológico é extremamente reduzida.

  • Meio

    Terrestre

  • Acesso

    Estradão florestal a partir do parque de merendas da Ota, em direção a Norte, ao próximo cabeço.

  • Espólio

    Machados, polidores, percutores, núcleos, raspadeiras, lascas, lâminas, pregos, chumbo, pontas de punhal ou lança, pontas de seta, espátulas, furadores, alfinetes de osso, machados votivos, figura zoomórfica, dentes com orifício, placas de barro, cerâmica campaniforme, folha de acácia e motivos geométricos, peças de adorno, restos de fauna, terra sigillata, numismas, fragmento de asa vidrada e uma peça estampilhada (séculos XII e XIII).

  • Depositários

    Museu Municipal de Alenquer

  • Classificação

    -

  • Conservação

    Regular

  • Processos

    2000/1(847), 2001/1(095) e S - 03036

Bibliografia (18)

"Sigillata" hispânica em museus do norte de Portugal. Revista de Guimarães (1958)
A Pedra de Ouro (Alenquer) : uma leitura actual da Colecção Hipólito Cabaço. Trabalhos de Arqueologia (2007)
Alenquer nas Épocas Pré e Proto-Históricas (1955)
Alguns objectos inéditos, bastante raros, da colecção do professor Manuel Heleno. O Arqueólogo Português (1970)
As regiões de "Torres" e "Alenquer" no contexto do calcolítico da Estremadura portuguesa (1994)
Com o Passado fazer Futuro: O caso da folha de acácia da Ota. Entre ciência e cultura: da interdisciplinaridade à transversalidade da arqueologia, Actas das VIII Jornadas de Jovens em Investigação Arqueológica (2017)
La fin de l'Age du Bronze dans le Centre-Portugal. O Arqueólogo Português (1983)
Les silex tertiaires d'Otta. Congrès International d'Anthropologie et d'Archéologie Préhistoriques 10º, Paris, 1889 (1891)
Necrologia. Joaquim Filipe Nery Encarnação Delgado. O Arqueólogo Português (1909)
O Castro da Pedra do Ouro (Alenquer). O Arqueólogo Português (1956)
O Castro de Ota (Alenquer). O Arqueólogo Português (1956)
O Estranho Caso da Ota: o paradigma dos Orçamentos Participativos e os resultados de um projecto "comunitário". Al-Madan (2018)
O conjunto de Pedra Lascada da Ota: Questões tecnológicas e socioeconómicas. Actas do II Congresso da Associação dos Arqueológos Portugueses (2017)
O povoamento romano em torno do Monte dos Castelinhos. Em busca de Ierabriga. O sítio arqueológico de Monte dos Castelinhos, Vila Franca de Xira (2015)
Pulseira de cobre de Ota (?) do Museu Municipal de Alenquer. Arqueologia (1987)
Seis machados do Castelo da Ota e uma lâmina de punhal de S. João de Abrantes ou as culturas de cobre e de bronze na bacia do Tejo. Actas das 1ªs Jornadas Arqueológicas, Lisboa, 1969 (1970)
Subsídios para a História do Museu Etnológico do Dr. Leite de Vasconcellos. O Arqueólogo Português (1964)
Sítios arqueológicos representados no Museu Municipal de Hipólito Cabaço (Alenquer) 2. Complexo arqueológico de Ota. Actas das 5ªs Jornadas Arqueológicas, Lisboa , 1993 (1994)

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Localização