Serra do Socorro

Sítio (986)
  • Tipo

    Povoado Fortificado

  • Distrito/Concelho/Freguesia

    Lisboa/Torres Vedras/Dois Portos e Runa

  • Período

    Idade do Bronze - Final, Idade do Ferro, Romano, Medieval Cristão, Moderno e Contemporâneo

  • Descrição

    A Serra do Socorro permanece como o ponto mais elevado da região. Este lugar deverá desde sempre ter marcado visualmente as comunidades humanas que ocuparam este território. Nos últimos três mil anos foi ocupada com distintas funções e significados. A sua identificação remonta a 1946 quando Jalhay cita o sítio no âmbito de uma contextualização da Idade do "Bronze" associada ao Zambujal. Aqui estabeleceu-se um povoado fortificado de altura, dotado de extraordinárias condições naturais de defesa, que deverá ter origem no IIIº milénio a. C.. Foi durante a Idade do Bronze e a Idade do Ferro que se veio a estabelecer como um dos maiores povoados da Estremadura. Ocupava uma área aproximada de 3 hectares e era rodeado por uma cintura amuralhada ovalada (comprovada por fotos aéreas e pelas leituras de superfície), que associava pedra aparelhada aos naturais afloramentos basálticos, da qual são ainda visíveis alguns troços. Contém duas aberturas principais, uma delas com bom lajeamento de acesso. Regista-se ainda uma ocupação da IIª Idade do Ferro e alguns materiais de cronologia romana. Foi alvo de alguns trabalhos arqueológicos, designadamente sondagens, por Gustavo Marques (1980-1991), prospeções (2002-2004), uma escavação, por Ana Catarina Sousa e Marta Miranda (2007) e um acompanhamento arqueológico, por Marta Miranda e Carlos Maneira Costa (2020). Na escavação de 2007, foi identificada uma casa redonda, da Idade do Cobre, de onde se recolheram abundantes cerâmicas, materiais líticos, uma enxó de pedra polida, cossoiros, grandes vasos de aprovisionamento, contas de colar de pasta vítrea e algumas peças em bronze: um punhal e um elemento de colar (xorca). A partir do século I, o povoado foi romanizado, como atestam os vários vestígios romanos aí recolhidos, como cerâmica comum, imitações de cerâmica campaniense, ímbrices, terra sigillata, uma asa de uma ânfora vinária itálica e um peso de tear. O espólio encontra-se repartido pelo Museu Nacional de Arqueologia, Museu Municipal Leonel Trindade e pelo Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Mafra. No centro do povoado existe ainda uma ermida - A ermida de Nossa Senhora do Socorro ou das Neves - erigida na primeira metade do século XVI, sob o signo da arte manuelina, com remodelações de meados do século XVIII e uma última intervenção de 1820). Consagrada à Nossa Senhora das Neves, o culto incluía a bênção aos animais, conservando-se ainda na festividade anual de 5 de Agosto. A Serra do Socorro assumiu ainda um importante papel durante as Invasões Francesas, uma vez que aqui se instalou um poste de sinais que se integrava no complexo sistema de comunicações usado pelas Forças Anglo-Lusas.

  • Meio

    Terrestre

  • Acesso

    Estrada S.Sebastião - Serra do Socorro.

  • Espólio

    Idade do Bronze: cerâmica (formas carenadas, escassos ornatos brunidos), pedra lascada (denticulados), metalurgia (punhal), pedra afeiçoada. Idade do Ferro: cerâmica estampilhada, vidro, contas em vidro, ânforas Idade Moderna: moedas, cerâmica e faiança, vidro, azulejaria, alfinetes Idade Contemporânea: cerâmica, vidro, material de construção

  • Depositários

    -

  • Classificação

    ZEP - Zona Especial de Protecção

  • Conservação

    Bom

  • Processos

    S - 00986, 2001/1(148), 2002/1(123) e 2007/1(408)

Bibliografia (20)

A Ermida de Nossa Senhora do Socorro. Boletim Cultural 2007 (2008)
A Ocupação da Serra do Socorro (Mafra, Torres Vedras) durante o Bronze Final: A Colecção de Gustavo Marques. Ophiussa (2018)
A Serra do Socorro. Badaladas (1973)
A quadratura do círculo: Sobre a questão da escolha de planta na arquitectura doméstica, no exemplo da Pré-História recente e Proto-história na Estremadura Portuguesa. Ophiussa (2018)
Algumas considerações sobre a ocupação do final da Idade do Bronze na Península de Lisboa. Terra e Água, Escolher Sementes, Invocar a Deusa. Estudos de Homenagem a Victor S. Gonçalves. (2016)
Ao longo do Tejo, do bronze ao ferro. Conimbriga (2004)
Capela de Nossa Senhora do Socorro-Enxara do Bispo, De entre culturas, a devoção. Revista Monumentos (1999)
Castro da Serra do Socorro. Expedição arqueológica da Escola Técnica. Badaladas (1975)
Cerâmicas finas romanas do Museu Municipal Leonel Trindade (Torres Vedras) II: a terra sigillata. Revista Portuguesa de Arqueologia (2003)
Identidades. Património Arquitectónico do Concelho de Mafra. (2009)
Inventário do Património Natural e Cultural - Fichas do Património Arqueológico de Torres Vedras (2021)
O Bronze Final na Serra do Socorro (Mafra, Torres Vedras). Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa. (2017)
O monumento pré-histórico do Casal do Zambujal (Torres Vedras). Contribuição para o estudo da época do bronze. Brotéria (1946)
Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Inventário (1993)
Serra do Socorro: uma aproximação à sua caracterização arqueológica no contexto da Estremadura Atlântica. Boletim Cultural (2005)
Serra do Socorro: uma aproximação à sua caracterização arqueológica no contexto da Estremadura Atlântica. Boletim Cultural da Câmara Municipal de Mafra (2003)
Subsídios para a carta arqueológica do concelho de Mafra.. Boletim Cultural da Câmara Municipal de Mafra (1995)
Telegrafia visual na guerra peninsular. 1807 - 1814. Boletim Cultural (2009)
Telegrafia visual nas Linhas de Torres: rumos de uma investigação em curso. A Guerra Peninsular em Mafra: Rota Histórica das Linhas de Torres (2011)
Tesouros artísticos de Portugal (1976)

Fotografias (0)

Localização