Castelo de Leiria

Sítio (4523)
  • Tipo

    Castelo

  • Distrito/Concelho/Freguesia

    Leiria/Leiria/Leiria, Pousos, Barreira e Cortes

  • Período

    Calcolítico, Idade do Bronze, Idade do Ferro, Romano, Medieval Cristão e Moderno

  • Descrição

    O sítio denominado Castelo de Leiria corresponde a um Castelo com uma ampla diacronia cronológica, desde o Calcolítico à Época Contemporânea. Este sítio está classificado como Monumento Nacional e encontra-se protegido pela Zona de Sensibilidade Arqueológica denominada Castelo de Leiria e cerca amuralhada. É delimitado por três linhas de muralhas e definido por três núcleos: o núcleo A compreende a zona mais elevada, circunscrita por duas cinturas de muralhas, o "último reduto" ou castelejo (constituído pela Torre de Menagem, uma pequena torre, um pátio com vestígios de compartimentos e uma cisterna) e a área do Paço Novo/Paço Real, da Igreja de Nossa Senhora da Pena e do Claustro da Colegiada; o núcleo B abrange a restante área, onde se localiza a Porta da Albacara, "Celeiros" e a "Casa do Guarda"; por fim o núcleo C corresponde ao antigo burgo medieval amuralhado, no qual se destaca a Igreja de São Pedro e o edifício dos antigos paços reais de S. Simão. A fundação é atribuída a D. Afonso Henriques em 1135. A Igreja de Nossa Senhora da Pena (CNS 4021), construída no interior do castelo, terá sido o primeiro edifício religioso a ser construído neste espaço, mantendo-se como Igreja Matriz até à construção da Sé, em meados do século XVI. Nos séculos XVI e XVII o castelo e a fortificação já se encontravam em ruína, só subsistindo parte das muralhas e do palácio. Em 1915 é criada a Liga dos Amigos do Castelo de Leiria, com o objetivo de preservar e reabilitar as antigas ruínas desta fortaleza, tendo sido o arquiteto suíço Ernesto Korrodi, que realizou a reconstrução deste espaço. À obra de Korrodi veio suceder a intervenção DGEMN entre 1929 e 2006. As intervenções realizadas, desde 1996 até aos dias de hoje, apontam para ocupações calcolíticas e da Idade do Bronze (cerâmica e artefactos líticos) e Idade do Ferro (cerâmica cinzenta, cerâmica pintada, ânforas), nomeadamente na zona mais elevada do morro. Na área muralhada, existiu também ocupação Romana e possivelmente Islâmica (cerâmica séc. IX-X), para além da Medieval Cristã (detetada uma estrutura que poderá ser uma torre da primeira fase construtiva do Castelo, bem como vestígios de armamento metálico, fornos, escória de ferro, etc.) e Moderna, das quais existem maior quantidade de vestígios. Em 2009, através da prospeção geofísica, foram detetados padrões de várias estruturas (canalizações, esgotos, vias originais, estruturas de sustentação de terrenos, poços, vestígios de anteriores coberturas e de antigas edificações com compartimentos), junto dos caminhos de ronda da muralha interior. As sondagens realizadas em 2011 revelaram fortes aterros e permitiram entender que os núcleos construtivos foram edificados sobre patamares artificiais que modificaram o relevo inicial do morro. Entre 2019 e 2020 realizaram-se trabalhos arqueológicos na zona do núcleo amuralhado e na zona exterior à muralha que permitiram recuperar vestígios da vivência de povos pré e proto-históricos e da ocupação romana efetiva no espaço do castelo, pois na antiga Casa do Guarda foram identificados restos de paredes e estuque com pinturas, associadas a tégulas, que indicam a existência de um importante edifício desta época. Já na vertente Norte do Castelo, foram identificadas estruturas, provavelmente pertencentes a uma fortificação anterior, que poderão corresponder ao final da Idade do Bronze ou início da Idade do Ferro, ideia corroborada pela tecnologia de construção e pelo espólio aí recolhido. Em outubro de 2021 iniciou-se o processo de levantamento/inspeção visual do castelo para elaboração de trabalhos de manutenção e conservação e em 2022 foram realizadas várias sondagens na Encosta Norte do Castelo de Leiria que comprovaram igualmente a vasta ocupação deste lugar.

  • Meio

    Terrestre

  • Acesso

    Passando o Largo Dr. Manuel de Arriaga e chegando ao Largo de S. Pedro, existe uma calçada de acesso ao Castelo, que se situa na elevação no centro da cidade de Leiria.

  • Espólio

    Encontrado espólio enquadrado na Pré/Proto-História, Idade do Ferro, período Romano, Medieval e Moderno. Cerâmica comum (de mesa, armazenamento, transporte - de várias tipologias e decorações), cerâmica vidrada, cerâmica de construção, faiança, pontas de virote, moedas, pregos/cavilhas, contentores de fogo e iluminação, peças de fiação, um dado em osso, malhas de jogo, escória, alfinetes, fragmentos de mó e movente, fragmentos de objetos em vidro, elementos utilitários/de adorno em osso, artefactos líticos Pré e Proto-históricos (maioritariamente em sílex) e material osteológico faunístico (javali, peixes, moluscos e osso de urso pardo). Também foi encontrada uma inscrição romana e base de ara, 3 inscrições latinas e 1 em português e 1 mosaico romano.

  • Depositários

    Câmara Municipal de Leiria e Direcção Regional de Coimbra, Instituto Português do Património Arquitectónico

  • Classificação

    Classificado como MN - Monumento Nacional

  • Conservação

    Bom

  • Processos

    S - 04523

Bibliografia (11)

Alcáçova do Castelo de Leiria e sua Significação Social e Política. Boletim da Academia Nacional de Belas Artes (1944)
Antiguidades de Leiria. O Arqueólogo Português (1895)
Antiguidades de Monte Real. O Arqueólogo Português (1922)
Arqueologia artística - II. Siglas de canteiros nos Edíficios Medievais de Extremoz. O Arqueólogo Português (1917)
Estudos de reconstrucção sobre o Castelo de Leiria: reconstituição graphica de um notavel exemplo de construcção civil e militar portugueza (2009)
Introdução à História do Castelo de Leiria (2004)
Jornadas de um curioso pelas margens do Lima. O Arqueólogo Português (1929)
Memoire de l'archeologie sur la veritable signification des Signes qu'on voit graves sur les Ancient Monuments du Portugal appartenant a l'Architecture du Moyen-Age. Boletim da Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portugueses (1886)
Mosaico romano de Alcobaça. O Arqueólogo Português (1902)
O Castelo de Leiria (Apontamentos e conjecturas). Boletim de Arquitectura e Archeologia (1874)
Varia Epigrafica. Revista de Guimarães (1967)

Fotografias (0)

Localização