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DIAS, Ana Carvalho (2010) - Trabalhos Arqueológicos prévios ao projecto de reabilitação de edifício a restaurante no Pátio dos Carrascos do Convento de Cristo. Acedido em: 27 de setembro, 2015 em:http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/
Sondagem
1999
Relatório Aprovado
12/07/1999
02/12/1999
Atendendo ao profundo estado de degradação do espaço em análise, o Gabinete Técnico Local da Mouraria avançou com um projecto de reabilitação do mesmo, com o objectivo de vir a ser posteriormente utilizado por este GTL. Após limpeza, verificou-se a existência de uma fonte sob um edifício pós-pombalino, assim como de outros potenciais vestígios arqueológicos. Por outro lado, esta parte da cidade desde sempre conheceu ocupação humana e encontra-se numa zona muito sensível da história de Lisboa, pelo que seria inevitável uma acção de minoração de impactes negativos a gerar, inevitavelmente, aquando da intervenção de reabilitação.Tendo em conta estes aspectos houve a necessidade de se proceder a um conjunto de sondagens arqueológicas no local, com o objectivo de fornecer informação sobre o passado do edifício, contribuindo também para a definição de um programa de intervenção arquitectónica e funcional para o espaço dos lagares. Foi nesse sentido que o GTL da Mouraria solicitou apoio, na á
Foram intervencionados os sectores 1 (Sondagens 1, 2 e 3) e 2. No sector 1, as sondagens 1 e 2 incidiram na zona central do logradouro, junto ao muro ao longo da actual Rua dos Lagares. Neste muro foi aberta uma porta na fase de reconstrução, levada a cabo após o Terramoto de 1755, para o que foi aterrado o interior do pátio, em cerca de 2,00 metros, permitindo uma cota de acesso à Rua dos Lagares. Aparentemente, após o Terramoto de 1755, ainda se iniciaram trabalhos de reconstrução ou de adaptação do conjunto edificado, com a construção de um muro, reutilizando materiais resultantes do Terramoto, iniciativa entretanto suspensa. A escavação das sondagens 1 e 2 pôs a descoberto uma área de jardim, onde se destaca uma antiga fonte e respectivo reservatório de planta quadrangular. O conjunto encontra-se revestido a azulejo. A fonte encontrava-se totalmente coberta pelo aterro, o que explica o razoável estado de conservação, e está integrada na face interna do muro de delimitação de propriedade. No revestimento cerâmico da fonte, são visíveis ornatos policromos e grotescos. Foi ainda identificada uma calçada, em estado razoável de conservação, e que define um "corredor" entre o muro de delimitação de propriedade e uma das faces postas à vista de um presumível tanque. Esta estrutura apresenta um interessante revestimento cerâmico de "enxaquetado", a azul e branco. Cronologicamente, tanto o revestimento cerâmico da fonte, como o revestimento do tanque, se enquadram, a nível de paralelos, no último quartel do século XVI e primeiro quartel do século XVII. As tubagens de alimentação da fonte e da rede de rega são ainda em manilhas de cerâmica. A sondagem 3, aberta igualmente na área do logradouro, mas agora junto à parede oposta à rua (a oeste), revelou a continuação da área da calçada do jardim, embora aqui se apresente muito degradada. A área sul do pátio (Sector 2) teve um tratamento diferenciado após o Terramoto de 1755. Aqui foi mantida a cota aproximada do antigo jardim, que se prolongava igualmente nesta área, e construído um edifício com fachada para a Rua dos Lagares, adaptando e integrando aquele antigo espaço exterior como cave. Durante a fase de limpeza dos escombros daquele edifício, constatou-se a presença de uma segunda fonte, em forma de nicho, igualmente integrada na face interior do antigo muro de delimitação de propriedade, junto à Rua dos Lagares. O interior desta fonte apresenta decoração dentro da técnica do embrechado (utilizando, seixos, pedras, cerâmica, conchas e búzios), de origem italiana, numa composição geométrica, onde se destaca a aplicação de conchas e fragmentos de porcelana da China, trabalho este atribuível a finais do século XVI, inícios do século XVII. Apresenta duas bicas sobrepostas, correspondendo a dois momentos distintos e uma bacia de recepção de água entaipada. Procedeu-se a uma sondagem arqueológica (não concluída) junto à base desta fonte. Verificou-se a presença de grande quantidade de loiça comum, de uso doméstico, e de cerâmica de construção, e com uma datação que vai até ao século XV, ou seja, vestígios representativos de um momento anterior à construção do jardim. Sob este contexto, foram detectados vestígios de um pavimento em terra batida em conexão com uma parede, com vestígios de reboco.
Armando José Gonçalves Sabrosa e Clementino José Gonçalves Amaro
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