Escavação (2011-12)

Trabalho arqueológico
  • CNS

    34675

  • Tipo

    Escavação

  • Ano do trabalho

    2011-12

  • Projeto

    Trabalhos arqueológicos nas Escadinhas de São Crispim, Lisboa

  • Estado

    Relatório Pendente

  • Data de Início

    08/04/2011

  • Data de Fim

    03/01/2012

  • Objetivos

    As escavações realizadas resultaram da identificação de contextos arqueológicos preservados no âmbito do acompanhamento arqueológico, tendo como principal objetivo a caracterização da dinâmica ocupacional deste espaço. Foi possível identificar uma sequência cronológica que indica uma ocupação de época romana, medieval e moderna/contemporânea. Contudo os dados disponíveis são insuficientes para uma caracterização sustentada do sítio, não sendo possível aferir uma funcionalidade dos espaços.

  • Resultados

    Foi possível identificar uma sequência cronológica que indica uma ocupação deste espaço desde a época romana até à época contemporânea, não sendo, contudo, exequível uma caracterização funcional do mesmo relativa a todas as fases de ocupação (29), devido em parte aos condicionalismos impostos à escavação deste local. Quanto à ocupação romana é de referir que, ressalvando a presença de materiais de cronologia mais antiga, como seja o caso fragmentos de cerâmica da idade do ferro no depósito [295], a componente artefactual recolhida indica uma presença neste espaço entre os séculos I a III e um progressivo abandono entre o séc IV ao séc V . Neste período este local funcionou, sobretudo, como uma zona de despejos e de lixeira, sendo de referir a presença dos muros [217], [214], [215] e [216] que embora já estivessem muito destruídos por ocupações posteriores, demarcavam um compartimento de plano rectangular, de funcionalidade indefinida. Estas estruturas estavam situadas no canto SO do edifício e apesar de terem sido parcialmente destruídas pela construção dos painéis da obra, parte delas encontra-se conservada por baixo das escadinhas de S. Crispim e por baixo dos terrenos do Convento. É de indicar que a presença significativa de sigillatas tardias (séc V a VI), indicia que esta zona continuou sempre a funcionar como um pólo importador e receptor, onde chegavam ininterruptamente produtos oriundos da Gália, do Norte de Africa (sigillata e ânforas) e do Oriente (ânforas e sigillata focense), indicando tal a presença desta zona costeira numa rede de intercâmbios mesmo durante a antiguidade tardia. Este local veio, posteriormente, a ter uma ocupação medieval, comprovada pela presença de cerâmica decorada com estampilhados, incisões, vidrados (em óxido de manganês melado) e pintada com linhas brancas (séc. X a XII), tal como foi possível observar nos materiais recolhidos dos depósitos [239], [206], [237] e [234]. Durante este período foram construídos as estruturas de funcionalidade desconhecida e já muito afectadas por ocupações posteriores, como foi o caso dos muros [264], [503], [276], [228],[227/576], [615], [283], [238], [219], [221], [240], [250] e [256]. Quanto aos contextos cristãos, estes corresponderam sobretudo a aterros muito afectados por ocupações posteriores. Relativamente à ocupação de época moderna é de referir a presença das faianças nos depósitos [100], [187] e [153] com uma cronologia balizada entre os finais do séc. XVII e principio do séc. XVIII. Pertencentes a este período foram identificadas estruturas que parecem estar relacionadas com a ocupação deste espaço pelo Colégio de S. Patrício. Estas estruturas encontravam-se, contudo, muito destruídas devido à reorganização do espaço numa época posterior. Já por volta de 1929 este espaço transformou-se no tribunal de menores e, nos anos 40, veio a sofrer restauro e acrescentos com instalações sanitárias. Em 1992 foram feitas as ultimas remodelações e passou a desempenhar as funções de tribunal administrativo de Lisboa. Todo o processo de acompanhamento foi sendo intercalado com a escavação arqueológica integral do núcleo central da área afecta à empreitada de acordo com as directrizes do IGESPAR e por forma a minimizar o profundo impacto desta obra sobre o património arqueológico existente, salvaguardando pelo registo, os contextos existentes no local.

  • Responsável

    -

  • Co-Responsáveis

    Hugo Jorge Pereira da Silva e Iola Margarida Brito Filipe

  • Pessoas (relação)

    -

Relatórios (-)