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DIAS, Ana Carvalho (2010) - Trabalhos Arqueológicos prévios ao projecto de reabilitação de edifício a restaurante no Pátio dos Carrascos do Convento de Cristo. Acedido em: 27 de setembro, 2015 em:http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/
Escavação
2017
Relatório Aprovado
02/05/2017
06/08/2017
Os trabalhos incidiram sobre duas áreas de escavação, nos sectores O, S e Q. A intervenção no Sector S consistiu na conclusão da escavação do Sepulcro 3, o qual tinha sido submetido a uma de-capagem superficial no ano de 2004. A intervenção visava caracterizar a arquitectura do sepulcro e a natureza da sua utilização e cronologia, assim como obter material humano que pudesse ser incluído no projecto em curso sobre mobilidade humana nos Perdigões, aprovado e financiado pela FCT (PTDC/EPH-ARQ/0798/2014). A intervenção no Sector Q (Sondagem 1) visava dar continuidade, na área NE, à escavação dos fossos mais antigos (final do Neolítico Médio), da Fosso 80 (Neolítico Final) e dos depósitos e estruturas pétreas correspondentes às fases mais recentes (Calcolítico Pleno / Final), visando aprofundar a caracterização da longa sequência cronológica de ocupação da área central dos recintos. A intervenção no Sector O visou concluir a escavação da Fossa 50.
A escavação de 2017 abrangeu diferentes áreas e contextos, tendo sido centrada essencialmente na escavação de um sepulcro (Sepulcro 3) e nos contextos neolíticos e calcolíticos da área central, a que se acrescentou a conclusão da escavação da Fossa 50 no sector O. Começando por esta, a conclusão da sua escavação revelou uma situação de concentração de restos faunísticos onde se registaram várias conexões anatómicas de patas de ovicaprinos, muitos deles jovens. De notar que o encerramen-to desta fossa, escavado em 2014, tinha revelado a deposição de um recipiente inteiro sobre uma cama de pedras ao lado da qual se encontrava metade de um prato de bordo espessado. Trata-se de um contexto localizado em frente à porta identificada no Fosso 10 e cuja formação poderá corresponder a actividade de comensalidade. Já a escavação do Sepulcro 3 revelou uma estrutura arquitectónica híbrida, parcialmente escavada na rocha e parci-almente edificada em pedra e argila. De dimensões reduzidas, forneceu grande quantidade de restos humanos e de materiais votivos, os quais apontam para uma cronologia do Calcolítico Pleno. A pesar de muito afectada pela surri-ba, os dados que proporcionou são particularmente relevantes. Os abundantes restos humanos correspondem maio-ritariamente a ossos desarticulados, embora tenham sido registadas algumas conexões anatómicas. Não há evidên-cias de enterramentos primários de corpos completos, e só o estudo detalhado poderá indicar se a sua presença po-derá ser hipótese. Estes restos possibilitaram a recolha de amostras para datação de radiocarbono e para análises de dietas e mobilidade, a realizar no âmbito do projecto FCT PTDC/EPH-ARQ/0789/2014. Localizando-se a escassos metros dos Sepulcros 1 e 2, este contexto revela significativas diferenças, não só a nível arquitectónico, como a nível da cultura material votiva. Se os grandes conjuntos de lâminas e de recipientes cerâmi-cos ou as Pecten maximus o aproxima do Sepulcro 1, ou os ídolos falange aproximam-no tanto deste sepulcro como do 2. Contudo, naqueles dois sepulcros tipo tholoi são abundantes as pontas de seta, os objectos em marfim e os ob-jectos em calcário, que estão totalmente ausentes no Sepulcro 3. As contas de colara são também aqui em muito menor número e a presença de uma serra metálica é também diferenciadora. Trata-se de uma situação que se tem vindo a reforçar nos Perdigões, com o aumento dos contextos funerários calco-líticos escavados: a de diferenças significativas entre contextos genericamente contemporâneos. Esta situação pare-ce indiciar a utilização de sepulcros com características distintas segundo princípios e prescrições igualmente distin-tas, que sugerem a utilização por grupos diferentes, eventualmente numa situação de competição e gestão identitá-ria. Já no que respeita à área central, confirmou-se a grande densidade de estruturas que cobrem toda a cronologia dos Perdigões. A fase mais antiga, atribuída ao final do Neolítico Médio (com base em datações de radiocarbono e cultura material - Valera et al. no prelo), é agora composta por troços de pelo menos três pequenos fossos e por cerca de uma deze-na e meia de fossas, predominantemente pouco profundas, contextos que genericamente revelam a presença de pouco material, sobretudo se comparados com os contextos das fases seguintes. Ao Neolítico Final reportou-se a Fossa 80, agora designada por Hipogeu 2 devido às características que a estrutura começa a assumir: uma ampla e profunda área, que começa a abrir em cúpula e apresenta o que parece ser uma co-luna central. O seu preenchimento apresenta algumas semelhanças com o Hipogeu 1, da mesma cronologia, nomea-damente no que respeita à cultura material cerâmica e à abundância de restos faunísticos. Até ao momento, é a úni-ca estrutura contemporânea dos Fossos centrais 6, 5 e 12 que se apresenta pelo seu interior. Quanto às ocupações do calcolítico, a campanha deste ano veio revelar mais estruturas positivas em pedra (e a su-gest
António Carlos Neves de Valera
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