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DIAS, Ana Carvalho (2010) - Trabalhos Arqueológicos prévios ao projecto de reabilitação de edifício a restaurante no Pátio dos Carrascos do Convento de Cristo. Acedido em: 27 de setembro, 2015 em:http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/
Sondagem
2017
Relatório Aprovado
26/01/2017
07/06/2017
Os trabalhos tiveram como principal objectivo a salvaguarda e minimização de impactes negativos, do ponto de vista histórico-arqueológico e patrimonial, decorrentesdo projeto de execução da obra de alteração e ampliação do edifício sito na Rua da Freiria de Baixo, 16 a 20 e Rua Conde da Serra da Tourega, 7 a 11, União de Freguesias de Évora, relacionados com a abertura de valas para a implantação da rede de saneamento e águas, com a abertura de caboucos fundacionais, assim como com os trabalhos de picagens e de demolições de paredes internas do edifício e ainda com os trabalhos de abertura de roços nas fachadas. Foi ainda feita uma sondagem de diagnóstico para aferir o estado de conservação do pano de muralha romana conservado no Piso 0. Os trabalhos arqueológicos efectuados neste local visaram determinar a natureza dos vestígios histórico-arqueológicos aí existentes, assim como avaliar o seu potencial científico e patrimonial.
A intervenção arqueológica permitiu a identificação de momentos de construção e utilização do espaço desde o período romano (séc. III) até Época Contemporânea. Os níveis intervencionados na Sondagem A, Sala D do Piso 0, materializam ações de aterros e regularização que ofereceram materiais enquadráveis em cronologias de meados do séc. XVI até inícios de séc. XVII. O nível de substrato geológico aparentava ter sofrido ações de regularização na vertente O/SO, com marcas fincadas na rocha, correspondendo a atuações contemporâneas da construção da muralha e resultando num acerto topográfico para possível assentamento dos silhares romanos. A face do troço de muralha presente nesta divisão corresponde somente a uma fiada vertical de silhares de granito (visível no canto SO da sondagem A), sendo que a parede Oeste da divisão acompanha o alinhamento da muralha romana, todavia sem se encontrarem elementos de silharia granítica in situ. Efetivamente, no restante alinhamento do troço da muralha presente no imóvel alvo de intervenção (salas A, B e D, piso 0), está patente a acção de subtração de pedra que a muralha sofreu ao longo dos tempos. Ainda na sala onde foi localizada a sondagem (sala D, piso 0), não foi possível observar o miolo do aparelho construtivo, uma vez que as paredes se encontram rebocadas e caiadas. A identificação do afloramento rochoso indicia a orografia do terreno à época romana, evidenciando que o declive entre o piso 0 do imóvel e a Rua Conde da Serra da Tourega, assim como a sua continuação nas Ruas de Machede e Mendes Estevens, afigurar-se-á natural, revelando uma encosta acentuada, de acesso dificultado pela inclinação e que tornaria esta vertente da cidade muralhada mais defensável. A intervenção efectuada na Sala B do piso 0 permitiu retirar algumas conclusões face ao momento de alteamento desta zona do edifício. Uma vez que os trabalhos de acompanhamento arqueológico da escavação de caboucos não demonstrou a existência de níveis da estrutura defensiva romana abaixo do atual piso de circulação, é indicativo que a subtração dos blocos romanos ocorreu num momento anterior ao do alteamento desta zona do edifício. Foi ainda possível entender que os níveis estratigráficos que materializam ações de aterros e regularização que ofereceram materiais cujas produções correspondem à primeira e segunda metade do séc. XVII. A intervenção nas paredes do edificado possibilitou entender que este edifício sofreu alterações estruturais ao longo dos tempos. A intervenção na fachada NO do edifício, portanto na Rua Freiria de Baixo, permitiu entender o uso da tipologia II definida acima e coincidir o emprego desta tipologia com a construção inicial do edifício. A fachada apresenta também uma porta com cantaria chanfrada e arco ogival (nº 20, da Rua Freiria de Baixo) que poderá ser contemporânea da construção original do edifício, de século XVI, como casa senhorial dos Morgados de Brito. No piso 2, evidenciou-se alguma utilização pontual da tipologia construtiva III, portanto, em taipa. A utilização de taipa neste piso, e somente em paredes internas, poderá corresponder a uma segunda fase do edifício em que, posteriormente ao momento primitivo de construção do edifício, foi necessário proceder a uma reestruturação e subdivisão dos espaços internos. A alteração mais significativa no mesmo terá sido a criação do piso 0. Inicialmente o primitivo edifício circunscrever-se-ia à ala NO do piso 1 e terminaria, a SE, sobre o alinhamento da muralha romana. Num momento posterior, possivelmente durante o séc. XVII/XVIII, o edifício terá avançado para SE, ou seja em direção à Rua Conde da Serra da Tourega, permitindo a existência do que agora consideramos piso 0, assim como os pisos superiores desta ala. Ou seja, é criado um corpo estrutural e habitacional novo que acompanha a anterior fachada do edifício de Sul a Norte e fica adossado ao já existente. Por fim, a tipologia V refere-se a alterações pontuais em época contemporânea.
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Fernando Gabriel Pereira dos Santos e Liliana Sofia Dias Rente e Nunes
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