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DIAS, Ana Carvalho (2010) - Trabalhos Arqueológicos prévios ao projecto de reabilitação de edifício a restaurante no Pátio dos Carrascos do Convento de Cristo. Acedido em: 27 de setembro, 2015 em:http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/
Escavação
2019
PIPA/2019 - Perdigões: apogeu e crise de um grande recinto de fossos
Relatório Aprovado
02/05/2019
31/07/2019
A intervenção no Sector Q (Sondagem 1) visava aprofundar a escavação na área das deposições de restos humanos cremados e caracterizar os enchimentos do grande corte circular calcolítico, nos quais as fossas com as cremações haviam sido escavadas, assim como aumentar a área exposta de um grande "woodhenge" que se começara a definir na base desse corte circular.
A campanha de 2019 incidiu sobre a área central dos Perdigões, nos contextos contidos pelo grande corte circular realizado no Calcolítico, contextos que se prolongam por baixo de uma grande estrutura pétrea atribuível ao início da Idade do Bronze (final do 3º milénio AC). A escavação de 2019 trouxe maior conhecimento sobre a sequência de ocupação/utilização deste espaço ao longo do 3º milénio AC. Na base foi confirmada a existência de um recinto cerimonial de tipo woodhenge, composto por duas sanjas de tendência circular e concêntrica (a exterior com evidências de ter suportado postes e por pelo menos uma fiada de grandes postes igualmente concêntrica relativamente às sanjas. Foi para receber esta estrutura, que terá um diâmetro de cerca de 20m, que se realizou um primeiro corte circular no geológico (e que cortou igualmente fossos anteriores de cronologia neolítica). O centro dos Perdigões ganhava, assim, ainda na primeira metade do 3º milénio AC, uma carga simbólica e cerimonial que se manteria até ao final, atraindo sucessivas construções ao longo de todo esse milénio. Outros alinhamentos de postes e estruturas com embasamento em estreitas valas sobrepuseram-se e/ou cortaram os elementos estruturais deste henge em madeira, registando-se depois um processo de sedimentação em que se depositaram grandes quantidades de materiais, sobretudo constituídos por fragmentos cerâmicos e faunas, mas também com alguma indústria lítica (essencialmente talhada). A meio desse processo de sedimentação nesta área central foi construído um muro de uma provável cabana circular, semelhante às que foram identificadas em campanhas anteriores alguns metros mais a norte. E tal como algumas daquelas, também esta estrutura foi submetida a um processo de desmonte intencional após a sua relativamente curta utilização. No acto de desmonte, numa das extremidades do muro que ficou, foi colocado um prato de bordo espessado que depois foi fragmentado intencionalmente com uma pedra, num ritual de condenação que parece associar o fim da estrutura ao fim do recipiente. O processo de sedimentação continua com a intensa deposição do mesmo tipo de materiais e a certa altura inicia-se a utilização funerária desta área. Nos depósitos que cobriam o woodhenge foram abertas as Fossas 40, 16 e 93. A primeira, maior e com cobertura, foi escavada em campanhas anteriores e os estudos antropológicos entretanto realizados mostraram que recebeu a deposição de restos humanos resultantes da cremação de um NMI de 250. A Fossa 16, também anteriormente escavada e já publicada, revelou a deposição de restos de cremações de um NMI de 9. Nesta campanha foi escavada uma terceira fossa, mais pequena (Fossa 91), que revelou a deposição estruturada de fragmentos de grandes vasos misturados com alguns restos humanos cremados. Trata-se de uma fossa destinada à deposição de fragmentos dos grandes vasos muito provavelmente utilizados no transporte dos restos de cremações (note-se que a fossa 40 também forneceu um destes recipientes fragmentado in situ). Na parte sul da Fossa 40 foi construída uma cista evolvida por um empedrado que se prolonga, em descendo para uma depressão nos depósitos anteriores que se prolonga para debaixo da grande estrutura pétrea do início da Idade do Bronze. Pelo lado Este deste aglomerado pétreo e em parte sobre ele foram depositados ossos humanos não cremados misturados com restos humanos cremados. Posteriormente, sobre as pedras, foram feitas sucessivas deposições de restos de cremações humanas (formando o que se tem vindo a designar por Ambiente 1). Posteriormente ou acompanhando estas deposições, do lado Este e a escassos metros foram realizadas deposições de recipientes campaniformes decorados e lisos e de objectos metálicos (alabarda e punções), as quais também se prolongam sob a estrutura pétrea do início da Idade do Bronze.
António Carlos Neves de Valera
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