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DIAS, Ana Carvalho (2010) - Trabalhos Arqueológicos prévios ao projecto de reabilitação de edifício a restaurante no Pátio dos Carrascos do Convento de Cristo. Acedido em: 27 de setembro, 2015 em:http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/
Prospeção
2019
Relatório Aprovado
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Este povoado encontra-se situado num cabeço, à cota de 240 metros, com uma vista ampla para o vale de Ossela. No topo deste cabeço encontra-se a capela de Nossa Senhora do Castro, cuja construção data é anterior ao terramoto de 1755, visto ser referida nas Memórias Paroquiais de 1758. (Oliveira, 2001). Rocha Peixoto dirigiu uma campanha de escavações no ano de 1908. Na sua descrição do sítio refere que os vestígios de muralhas já eram difíceis de identificar, embora a configuração do cabeço permitisse adivinhar a existência de 2 ou 3 linhas de muralha. No espaço do povoado identifica construções de planta circular, que associa à tipologia existente nas citânias de Briteiros e Sabroso (Guimarães), e de planta ortogonal. Estas duas tipologias corresponderiam a uma ocupação do povoado, não só durante a Idade do Ferro, mas também em época romana. A estes vestígios acrescenta a existência de um conjunto de enterramentos cujo espólio associado remete para a época medieval, dispersos no interior do povoado, situação análoga à que acontece na Citânia de Sanfins (Paços de Ferreira). A realização de uma intervenção de emergência em 2013 permitiu identificar uma estrutura no talude nascente, orientada este-oeste, junto à qual se identificou um depósito de cerâmica de construção antiga. Do espólio recolhido nessa ocasião, destaca-se a presença de um fragmento de sigillata clara, enquadrável cronologicamente no século V d.C., decorado com um motivo cruciforme (Tavares, 2014). Ainda que se trate de um único fragmento, a sua presença permite levantar a hipótese da ocupação do sítio se ter prolongado durante a antiguidade tardia, período que coincide com a desagregação do império romano. Os dados resultantes dessa intervenção serviram de base a realização de uma campanha de prospeção geofísica em 2016, que aponta para a existência de um conjunto de possíveis estruturas na plataforma fronteira à capela (Tavares, 2017). A campanha de escavação realizada em setembro de 2017, apesar de confirmar o potencial arqueológico do sítio, não pôs à vista exatamente o tipo de estruturas que se antevia pudessem existir. A um nível quase superficial foi identificado um conjunto de sepulturas que se supõe medieval/moderno, uma vez que se optou por não fazer a escavação das mesmas. O espólio recolhido, parece ser, maioritariamente, coincidente com essa cronologia, com algumas cerâmicas decoradas a punção, com incisões onduladas e cordões plásticos. É, no entanto, possível, que por baixo das sepulturas existam níveis de ocupação mais antigos, situação que não foi possível confirmar. Estas sepulturas estarão relacionadas com a existência da capela da Srª do Castro, que foi alvo de obras de ampliação em 1925. A sua construção é anterior a 1721 data das informações do inquérito paroquial que refere a existência de grandes romarias a esta capela. Segundo uma inscrição no seu interior, atualmente não visível, teria sido instituída em 1410 por João Lourenço Buel, sofrendo obras em 1624. Prospeção realizada no cabeço do Castro, onde se situa o marco geodésico, permitiu a recolha de alguns fragmentos de cerâmica cujas pastas apresentam semelhanças com as recolhidas no Monte Calvo, apontando para uma ocupação durante o Bronze Final. No lugar das Baralhas foi encontrado, em finais do século XIX, um conjunto de braceletes de ouro, durante a construção de um muro que poderá estar relacionado com a ocupação deste povoado uma vez que, segundo as informações recolhidas por Leite Vasconcelos, as braceletes teriam sido encontradas a cerca de 900 metros do monte do Castro onde eram visíveis abundantes restos de materiais arqueológicos e de muros. Das informações depreende-se que o estado de conservação do povoado ainda seria bastante razoável e que as braceletes seriam tipologicamente semelhantes às publicadas por Estácio da Veiga na estampa XXII das Antiguidades do Algarve.
João Tiago Rodrigues de Almeida Tavares
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