Escavação (2016)

Trabalho arqueológico
  • CNS

    39588

  • Tipo

    Escavação

  • Ano do trabalho

    2016

  • Projeto

    Trabalhos arqueológicos na Rua e Largo do Terreiro do Trigo, Lisboa

  • Estado

    Relatório Aprovado

  • Data de Início

    21/11/2016

  • Data de Fim

    30/11/2016

  • Objetivos

    A realização destes trabalhos arqueológicos teve como objetivos: - a deteção de eventuais vestígios arqueológicos que poderão ser afetados por trabalhos decorrentes do desenvolvimento de obras, bem como a sua caracterização em termos valor científico e patrimonial e proposta de eventuais medidas de minimização a aplicar em fases subsequentes com vista à salvaguarda patrimonial; - através da definição de uma estratégia geral de intervenção, garantir a execução de todos os trabalhos de construção civil previstos, compatibilizando a sua evolução com a salvaguarda do património arqueológico.

  • Resultados

    Apesar de não ter sido possível a recolha de materiais arqueológicos relevantes, pela sua escassez, o levantamento dos vários estratos permitiram-nos apresentar uma leitura dos vários níveis ocupacionais, desde pelo menos épocas pré-pombalinas. Sabemos que o espaço foi ocupado durante pelo menos um século por uma ordem religiosa, sendo evidente a própria arquitetura do espaço, que se vê refletida no seu sistema abobadado, dando a sensação de estarmos dentro de uma ermida. A utilização do espaço a partir de meados do século XIX muda, após a saída de cena da Ordem religiosa, transformando-se o espaço, outrora religioso, em doméstico, tal como é atestado em várias escrituras e projetos de alteração descritos na memória descritiva deste imóvel. Para tal, derrubam-se abóbadas [105 e 106], fecham-se arcadas e ocupa-se o espaço do R/C, levantando-se paredes [110, 111 e 114], onde anteriormente seria apenas um espaço aberto. Este sistema abobadado, servia exclusivamente como forma de sustentar um edifício que se localiza em zona com diferenças de cotas altimétricas bastante acentuadas, entre a Rua da Judiaria e o Largo do Terreiro do Trigo. Esta diferença chega aos 4 metros. Por outro lado, servindo de criptopórtico ao edifício religioso, que se desenvolvia ao nível do primeiro andar no lado do Largo do Terreiro do Trigo, para além deste combate ao desnível acentuado, estamos em crer que também terá servido como estratégia adotada para combater os níveis de cheias patentes neste local. De recordar, que no período anterior ao século XIX, a margem do Tejo estaria bem mais perto do Largo do Terreiro do Trigo, pelo que, factualmente, as cheias seriam um problema com o qual as populações teriam de conviver. Esta possibilidade, cremos, é visível nos vários pisos que fomos registando, dando a sensação que houve certa intencionalidade no alteamento do nível circulatório deste espaço. Referimo-nos às unidades [109] (calçada em basalto rolado com fragmentos de tijolo) e às unidades [103, 104 e 107], sendo estas sucessivos níveis circulatórios, sob forma de lajeados e piso em terra batida e argamassa, o que poderá demonstrar que depois da ocupação do espaço ao nível do R/C ser efetivado, os moradores terão continuado a conviver ainda com possíveis níveis de cheias. Concluindo, cremos que originariamente o espaço estaria confinado ao primeiro andar, onde se pode ainda hoje verificar a presença de uma porta lateral que se localiza junto à fonte dos poetas em pleno Beco do Rosário e que seria a entrada principal do espaço. Esta evidência surge pelo registo da unidade de calçada em basalto [109] que cremos ser uma estrutura de exterior. A partir desse ponto, verificamos que essa calçada se encontrava cortada [111], no que entendemos ser a construção posterior do embasamento da parede Oeste do R/C do imóvel para utilização deste espaço e para fecho da propriedade. O atual beco do Rosário seria bem mais largo do que o que atualmente vemos e tal é bem patente no desfasamento arquitetónico evidente do arco do Rosário. As unidades [105 e 106], sendo o arranque de um arco com abóbada coincidente com um dos arcos patentes dentro do Beco do Rosário, é evidente que o seu eixo se encontra desfasado do eixo do Arco do Rosário, pelo que esta seria uma outra evidência de que o Arco atual seria uma construção posterior. Por fim, estamos em crer que o espaço em abóbada não estaria confinado unicamente ao edifício nº 13 do Largo do Terreiro do Trigo, mas também parcialmente ao edifício contíguo, o nº 15. Isto porque é perfeitamente evidente a presença de um sistema de abóbadas na parede Este do imóvel, tendo havido um tamponamento das mesmas, fechando o espaço que se prolongaria para o edifício nº 15. Posteriores sondagens parietais no edifício nº 15 poderá levar a novas conclusões relativamente a esta possibilidade que consideramos.

  • Responsável

    Jorge Manuel Rocha de Araújo Pinho

  • Co-Responsáveis

    -

  • Pessoas (relação)

    -

Relatórios (-)


Warning: Unknown: write failed: No space left on device (28) in Unknown on line 0

Warning: Unknown: Failed to write session data (files). Please verify that the current setting of session.save_path is correct (/var/lib/php/sessions) in Unknown on line 0