Santa Rita 2

Monumento Megalítico - Calcolítico, Idade do Bronze, Idade do Ferro e Romano, Baixo Império (25317)
O monumento megalítico de Santa Rita 2 localiza-se no topo de uma elevação de suaves pendentes, a 69 m de altitude, na margem direita da ribeira das Hortinhas, próximo da aldeia de Santa Rita, a cerca de 3 km de Cacela. Este monumento funerário apresenta um corredor indiferenciado, parcialmente escavado no substrato rochoso, orientado a sudeste, formado por esteios e coberto por lajes de arenito avermelhado, com 5 m de comprimento e 0,9 m de largura, que forma pequeno átrio à entrada da câmara, com porta formada por grande pedra de calcário branco, que proporciona um significativo contraste cromático. A câmara, constituída por 15 esteios de arenito vermelho, tem morfologia retangular, cerca de 5,4 cm de comprimento, piso pavimentado por lajes de xisto e um nicho junto ao esteio de cabeceira. A cobertura da câmara poderia enquadrar-se nas tipologias de estruturas de falsa cúpula, embora os dados recolhidos durante a escavação não sejam claros. No exterior identificam-se vestígios do tumulus constituído por lajes de arenito vermelho, delimitado por dois anéis pétreos. No interior identificaram-se restos ósseos de cerca de vinte indivíduos e uma grande diversidade de artefactos votivos como enxó, machado, goiva, lâminas elaboradas em diferentes tipos de matérias-primas, algumas das quais de origem exógena, pontas de seta, alabardas, recipientes cerâmicos de morfologia esférica e vasos de colo alto, pequeno vaso calcário, placas de xisto gravadas, elementos de adorno (contas de xisto), machado de cobre, alfinetes em osso polido e marfim, duas conchas de vieira e pigmentos de cinábrio (pigmento vermelho). As características arquitetónicas deste monumento e os materiais recolhidos no seu interior permitem enquadrar a sua construção e utilização durante o Calcolítico (3º milénio a. C.), com paralelos noutros contextos funerários algarvios e andaluzes. Sobre o tumulus que cobria a câmara foi identificada uma necrópole, com seis sepulturas e um número mínimo de oito indivíduos inumados em posição fetal, registando-se a presença de espólio (braçal de arqueiro, punção de cobre, caçoila campaniforme lisa e um vaso cilíndrica) em apenas uma das estruturas. As características destes materiais e as datações radiocarbónicas realizadas permitem enquadrar cronologicamente estes enterramentos na Idade do Bronze (2º milénio a. C.) e alguns mesmo na Idade do Ferro (1º milénio a.n.e.). Na área do corredor e suas imediações foram recolhidos abundantes materiais de época romana e registada uma estrutura quadrangular em alvenaria, datada dos finais do século IV - V d. C. A diversidade cronológica de ocupações funerárias e rituais na envolvente do monumento megalítico de Santa Rita 2 evidencia a complexidade e longevidade simbólica deste local. O monumento megalítico de Santa Rita 2 foi identificado em 2001, no âmbito da inventariação do património arqueológico do Concelho de Vila Real de Santo António, tendo-se realizado trabalhos arqueológicos entre 2006 e 2008, enquadrados no projeto de investigação "Pré-história e Megalitismo na região de Cacela". (actualizado por C. Costeira, 07/08/2018)

Informação

O sítio arqueológico tem informações disponíveis no website da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e no do Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela / CMVRSA. Integrado no Percurso pelos patrimónios Visíveis e Invisíveis de Cacela, associado a folheto explicativo.

Condições da visita

Acesso livre

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Como chegar lá? Boas Práticas

Boas Práticas

Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

  • Respeitar todas as sinalizações;
  • Não aceder a zonas vedadas;
  • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
  • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
  • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
  • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
  • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
  • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
  • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
  • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
  • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
  • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
  • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

Para saber mais:

AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

Contactos DGPC

Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

 

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