Braga - Balneário Pré-Romano de Bracara

Balneário - Idade do Ferro (32864)
O Balneário Pré-Romano de Bracara situa-se no Edifício da Estação Ferroviária de Braga, no Largo da Estação, na parte Nordeste da cidade. Este monumento foi identificado em 2002/2003, no decorrer do acompanhamento arqueológico de um sector do empreendimento "Linha do Minho: Ramal de Braga. Remodelação do Troço Nine-Braga", tendo sido alvo de trabalhos de escavação efetuados por uma equipa da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (UAUM). Os resultadas desta intervenção foram publicados por F.S. Lemos, J.M.F. Leite, A. Bettencourt e M. Azevedo (2003). O balneário foi construído numa zona de convergência de duas ribeiras principais (uma com origem no lugar onde atualmente está a Catedral e a outra proveniente da zona da Rotunda de Maximinos), inseridas na bacia hidrográfica do Cávado. Encontra-se orientado no sentido Este/Oeste, estende-se por uma área de aproximadamente 72m² e tem uma altura máxima conservada de 1,20m. Durante as escavações efetuadas verificou-se que o monumento se encontrava bastante bem preservado, sendo possível individualizar o arranque dos muros laterais Norte da câmara, a antecâmara e o átrio. A antecâmara, de planta sub-retangular (com 1,70m de comprimento interno, 2m largura máxima e 1,55m de largura mínima) possuía um pavimento composto por pedras regulares, de média dimensão, bem como bancos para os utilizadores, na forma de monolíticos lavrados (com 0,30m de largura e 1,74m de comprimento). Destaca-se igualmente a presença da "pedra formosa" (com 0,31m de espessura, 0,83m de altura e 1,74m de comprimento), que fazia a ligação entre a antecâmara e a câmara; das ombreiras de entrada e do respetivo lintel com um "U" reto recortado no centro (parte superior). Neste último assentaria uma viga, provavelmente em madeira, que suportaria a cobertura do monumento. O átrio, de planta retangular (com 4,72m de comprimento e 2,80m de largura), encontrava-se pavimentado com grandes lajes de granito e estava escalonado em dois níveis: o nível inferior, muito possivelmente marcado pela presença de contínuos regolfos de água; e o nível superior, onde se situava a entrada e saída do monumento. Neste compartimento foram identificadas duas lajes talhadas em forma de pia, integradas no pavimento, cabendo, possivelmente, a uma destas, a função de receber as águas que alimentariam o monumento. Ainda neste espaço, foi registado um monolítico talhado, pouco espesso e com uma forma semi-cónica. Na parte superior, ligeiramente ovalada, sobressaem raios pouco incisos, provenientes de um pequeno orifício central, que desenham metades de gomos simétricos. A técnica construtiva utilizada para a construção do balneário é algo rudimentar, caracterizada pela utilização de pedra afeiçoada de forma tosca, sobreposta de forma irregular, e colocada terra para selar os interstícios que daí resultavam. Esta solução construtiva, aliada à quase inexistência de motivos decorativos, distinguem este balneário de outros que têm vindo a ser identificados na zona Norte do território português (Ex: Citânia de Briteiros - CNS 231 e Citânia de Sanfins CNS 6). O balneário tem sido interpretado como uma espaço de carácter ritual, possivelmente associado ao culto das águas e a cerimónias de iniciação (Lemos, 2008; Martins e Ribeiro, 2012). A análise do espólio cerâmico recolhido, parte dele proveniente de uma fossa de deposição ritual, indicia que o balneário terá sido construído e utilizado durante a Idade do Ferro. É possível que algumas das estruturas que compunham o balneário tenham sido destruídas durante a construção da Estação Ferroviária, em finais do século XIX, nomeadamente o forno e parte da câmara. O Balneário Pré-Romano de Bracara foi alvo de valorização, tendo sido musealizado e integrado no edifício da Estação ferroviária, estando atualmente acessível ao público. (Atualizado por S. Pereira: 05-09-2019)

Informação

O Monumento encontra-se musealizado, estando integrado no edifício da Estação Ferroviária de Braga. O acesso faz-se através de escadas rolantes que levam a um piso inferior. Junto ao monumento encontram-se painéis explicativos.

Condições da visita

Entrada livre associada a estrutura museológica

Horários

Acesso condicionado ao horário de funcionamento do edifício.

Contactos

Documentos

Como chegar lá? Boas Práticas

Boas Práticas

Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

  • Respeitar todas as sinalizações;
  • Não aceder a zonas vedadas;
  • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
  • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
  • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
  • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
  • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
  • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
  • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
  • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
  • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
  • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
  • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

Para saber mais:

AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

Contactos DGPC

Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

 

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