Ruínas Romanas de Milreu

Villa - Romano, Medieval Islâmico, Medieval Cristão e Moderno ((século XV - XVIII - [1755 Terramoto - Portugal / 1789 - Revolução Francesa])) (9)
O sítio arqueológico de Milreu localiza-se num pequeno outeiro, na margem esquerda do rio seco, no sopé da serra de Monte Figo, perto da atual povoação de Estói, a cerca de 7 km da cidade de Faro. A implantação desta villa num território interior, na charneira entre a planície e a serra, rico em nascentes de água, permitiu o desenvolvimento da atividade agrícola, especialmente a produção de azeite e vinho. Este sítio foi identificado e extensamente escavado por Estácio da Veiga, a partir de 1877, que publicou uma planta geral muito detalhada da villa romana, na qual figuram estruturas e compartimentos que atualmente se encontram reenterrados. A partir da década de 70 do século XX, os trabalhos arqueológicos desenvolvidos no sítio arqueológico de Milreu inserem-se em projetos de investigação dinamizados pelo Instituto Arqueológico Alemão e pela construção do centro interpretativo. Os diversos trabalhos arqueológicos realizados permitiram identificar vestígios estruturais e artefactuais de uma imponente villa romana, com várias fases de construção e ocupação, cronologicamente balizadas entre o século I e o século VII d. C, bem como materiais integrados nos séculos VIII / inícios do século X. A área residencial (pars urbana) da villa de Milreu organiza-se em torno de um grande peristilum, com o pavimento revestido a mosaicos com motivos marinhos e geométricos, as paredes decoradas com pinturas, tanque central e jardim. No lado este desenvolvia-se a casa de habitação (atrium, diversos compartimentos privados e cozinha) e a oeste localizava-se o triclinium. As termas situavam-se a sudoeste, estando conservados vestígios de vários compartimentos, de um vestiário de dimensões significativas, pequena banheira de água fria, com paredes e degraus revestidos com mosaicos de temática marinha e restos dos sistemas de canalização. A Nordeste da área residencial identificam-se as estruturas funcionais da villa (pars rustica), nomeadamente os lagares para a produção de vinho e azeite, as áreas de armazenagem de produtos agrícolas (dolia) e os compartimentos destinados aos servos e escravos. Os vários projetos de construção que ocorrem na villa de Milreu entre os séculos II e IV d. C demonstram o crescimento económico e uma maior monumentalidade arquitetcónica e artística, evidenciando o elevado estatuto social dos seus proprietários. No século IV d. C. regista-se a construção, a Sul da villa, de um "edifício de culto" de planta quadrangular, prolongada para sul em abside, com cerca de 10 m de altura, elevado sobre um pódio e a área central rodeado por galeria de colunas. Este edifício apresentava imponente ornamentação, com um extenso painel de mosaico na parede do podium, repleto de motivos aquáticos, e o pavimento e as paredes revestidas de mármores policromos. Em termos arquitetónicos apresenta semelhanças com outros edifícios do Sul da Lusitânica, nomeadamente o da villa romana de São Cucufate. Inicialmente este edifício terá sido um templo associado ao culto de divindades aquáticas e posteriormente cristianizado, com a colocação no seu interior de um mausoléu e várias sepulturas e a construção de uma piscina baptismal. A villa romana de Milreu tem várias áreas sepulcrais que evidenciam as profundas transformações religiosas e rituais vividas na Antiguidade Tardia. Nas imediações do "edifício de culto" identificou-se um conjunto de inscrições funerárias em árabe, que se referem a uma família, possivelmente autóctone. Estes elementos epigráficos, a par de um conjunto artefactual com características tardias parecem indicar que a área da villa de Milreu continuou ocupada entre o século VII e as primeiras décadas do século X. A sul do "edifício de culto", sobre as ruínas romanas, situa-se uma casa rural, de planta retangular com cunhais cilíndricos, enquadrada nos modelos arquitetónicos rurais fortificados de época moderna. (C.Costeira 17/5/2018)

Informação

Este sítio arqueológico dispõe de um centro interpretativo com áreas de acolhimento, exposição e loja. Disponível gratuitamente na Apple Store uma visita guiada virtual. Sítio integrado nos Itinerários Arqueológicos do Alentejo e Algarve Bilhetes individuais e conjuntos (Circuito Monumentos do Algarve).

Condições da visita

Entrada com aquisição de bilhete

Horários

Maio a Setembro: das 10h30 às 13h00 e das 14h00 às 18h30. Outubro a Abril: das 9h30 às 13h00 e das 14h00 às 17h00. Encerrado: Segunda-feira e nos feriados de 1 de Janeiro, 1 de Maio e 25 de Dezembro.

Documentos

    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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