Castro de Romariz

Povoado Fortificado - Idade do Ferro, Romano e Romano, República (23)
Povoado fortificado situado no Monte do Crasto, a noroeste da igreja paroquial de Romariz, encontrando-se implantado numa plataforma com cerca de 1.6 hectares com um amplo domínio visual do território envolvente. O castro tem vindo a ser intervencionado arqueologicamente desde o séc. XIX, inicialmente sob a direção do Presidente da Câmara J. Correia (c. 1843), no século seguinte por M. dos Santos, pároco de Romariz, e a partir da década de 80, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Os trabalhos realizados, que abarcaram uma área com cerca de 2500 m2, puseram a descoberto um sítio arqueológico com uma cronologia entre o Bronze Final (c. 900-700 a.C.) e o século I/II d.C, ainda que os dados disponíveis apenas possibilitem uma melhor caracterização da fase de ocupação mais tardia. Os resultados dos trabalhos desenvolvidos no povoado parecem indicar que, inicialmente, num período anterior ao século II a.C., as habitações seriam construídas recorrendo a materiais perecíveis, verificando-se, a partir desse momento, uma alteração para o uso do granito. Estas habitações posteriores, de formato circular, encontravam-se organizadas em torno de pátios, estando delimitadas por arruamentos irregulares mal definidos. Com a transição do período romano republicano para o período romano imperial o povoado sofre um conjunto de alterações, nomeadamente no que diz respeito ao urbanismo - melhor definição e pavimentação de alguns arruamentos - e às habitações - nas quais se incluem a introdução, nas casas, de divisões e elementos tipicamente romanos (construção de espaços ortogonais, o rebocamento e pintura das paredes, assim como o recurso mais frequente ao uso de tegula e imbrex na elaboração da cobertura dos edifícios). Estas modificações nas espaços habitacionais são visíveis na casa mais emblemática do castro - a domus - uma casa castreja, que foi romanizada durante este período, atingindo, na sua fase final, 385 m2 (em que 228 m2 eram de área coberta). Aquando da sua construção, que se estima que terá ocorrido nos finais do século II/inícios do século I a.C., a casa dispunha de três compartimentos em granito que ocupavam uma área de c. de 42 m2. Na fase imperial procedeu-se à remodelação dos espaços pré-existentes e construção de novos, criando-se uma disposição marcada pela convergência para um pátio lajeado. Foram utilizados blocos esquadriados, as paredes foram revestidas com reboco pintado e em quase todos os espaços foram construídas coberturas com tegula e imbrex. A casa dispunha de duas entradas, a entrada principal, que permitia o acesso direto ao pátio; e uma entrada secundária, interpretada como "de serviço", marcada pela presença de dois umbrais. Relativamente à organização dos espaços, os dados disponíveis parecem indicar para a existência de uma cozinha, de espaços destinados à receção de visitas, de uma zona de estar, bem como de uma área que terá servido para guardar animais. Um dos compartimentos destaca-se pela presença, no seu interior, de vestígios de bancos que se encontrariam encostados à parede, o que poderá indiciar que este espaço terá servido, numa primeira fase, como zona de reuniões familiares. O castro de Romariz dispunha de um sistema defensivo, composto por uma primeira linha de muralhas, que nalguns tramos atingia os 5m de largura, e que se destinava maioritariamente à defesa da zona mais desprotegida - a zona poente; uma segunda linha de muralhas; e um fosso, com aproximadamente 500m de comprimento, localizado na área Oeste/Sudoeste. É possível que, à semelhança de outros povoados castrejos no noroeste peninsular, tenha existido, no interior do povoado, um balneário. A identificação, no início do século XX, de um forno e de uma pedra de grandes dimensões, possivelmente uma pedra formosa, contribuem para esta hipótese.

Informação

O sítio está preparado para receber visitas. A marcação prévia é obrigatória: Segunda a Sexta - 48h de antecedência; Sábado e Domingo - 8 dias de antecedência. Serviço de visitas guiadas organizadas pelo Museu Convento dos Lóios e pela Voltado a Poente - Associação Cultural.

Condições da visita

Por marcação

Horários

Visitas: Museu Convento dos Lóios - terça a sexta-feira : 9h30m -16h00; Voltado a Poente - Associação Cultural - sábado, domingo e segunda-feira: 9h00 - 12h00 e 14h00 - 17h00.

Contactos

Documentos

    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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