Torre de Centum Cellas

Estrutura - Romano e Medieval Cristão (200)
Também conhecido como Torre de S. Cornélio, Centum Cellae ou Centocelas. O sítio arqueológico da Torre de Centum Cellas (Belmonte e Colmeal da Torre, Belmonte, Castelo Branco) localiza-se a cerca de 2km para N/NE de Belmonte. Edificado no topo de uma elevação, desenvolve-se ao longo de uma encosta suave, na margem esquerda do Rio Zêzere. Edifício emblemático, marcante na paisagem, vários estudiosos se debruçaram sobre a sua função. Referido desde o século XVII, por Fr. Bernardo de Brito na sua Monarquia Lusitana, como a torre onde S. Cornélio esteve preso, vários autores, como Pinho Leal, Vergílio Correia ou João de Almeida, entre outros, discorrem acerca da função desta construção, atribuindo-lhe funcionalidades diversas, tais como: prisão, praetorium de um acampamento romano, mansio ou mutatio (albergaria para descanso dos viajantes), villa ou templo. Na primeira metade do século XX, Aurélio Ricardo Belo intervenciona este sítio, interpretando-o como mansio ou mutatio. As escavações efetuadas pelo IPPAR, sob a direção de H. Frade, entre 1993 e 1998, permitiram constatar que a "torre" integrava efetivamente um conjunto de estruturas mais vasto. Esta estrutura, com 11,34m de comprimento por 8,52m de largura, conserva ainda cerca de 12m de altura, que devem corresponder à sua altura original, distribuídos por dois pisos, para além de um piso térreo. Para a sua construção o substrato granítico foi regularizado e foram utilizados silhares em granito, de grandes dimensões, cuidadosamente aparelhados, demonstrando uma grande qualidade construtiva. Seria coberta por um telhado de duas águas e, no piso intermédio, todas as fachadas apresentam uma porta de grandes dimensões, ladeada por duas janelas, através da qual se acedia a uma galeria ou varanda, que circundava a estrutura. A "Torre" seria o edifício mais alto de todo o conjunto construtivo, à qual se anexavam uma série de compartimentos e espaços abertos, que se desenvolviam em simetria a partir de um eixo central. Adossado a este conjunto, e perfeitamente alinhado a este eixo central, cresce uma grande área aberta, ou pátio central, em torno do qual se desenvolve um pórtico. Desta área porticada acede-se a uma série de compartimentos, de que se destaca uma sala com abside, onde foi recolhida, entre outras, uma ara com texto gravado. A construção terá ocorrido durante o séc. I d. C., especificamente durante a época de Cláudio e o governo de Nero. Em meados do século III/ inícios do IV terão sido efetuadas algumas reconstruções, as quais, no entanto, não alteram a simetria do conjunto. Após o séc. V (provavelmente durante o século VIII/IX) foi construído um edifício, com materiais reaproveitados, orientado no sentido Este / Oeste, o qual assenta parcialmente sobre as estruturas da grande área porticada, onde também foram identificadas sepulturas antropomórficas escavadas na rocha. Esta estrutura deverá corresponder à capela de S. Cornélio, que ainda existia no séc. XVIII. Durante época medieval, no reinado de D. Sancho I, a "Torre" terá servido de atalaia. A tipologia e funcionalidade dos vestígios arqueológicos de Centum Cellas continuam a levantar algumas dúvidas. Devido à sua localização, a cerca de 500m da via que ligava Augusta Emerita a Bracara Augusta, V. Mantas coloca a hipótese de se tratar de uma mansio. Segundo H. Frade, trata-se da pars urbana de uma grande villa, pertencente à família Caecilii. A.Guerra e T. Schattner avançam com uma reinterpretação das estruturas existentes as quais, associadas aos vestígios epigráficos e à leitura do território, poderão corresponder ao fórum da cidade de Lancia Oppidana. Segundo esta hipótese a "Torre" corresponderia ao templo do fórum, incluído no género de "templos de galeria", uma tipologia que apresenta maior difusão na Germânia, Galia e Britania. [atualizado por II, 19/03/19]

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    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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