Monte da Tumba

Povoado Fortificado - Calcolítico (1823)
O sítio arqueológico Monte da Tumba localiza-se no topo de um esporão, de vertentes ingremes e topo aplanado, que se eleva a cerca de 55 m altitude, na confluência de dois cursos de água, afluentes do rio Xarrama, próximo do regolfo da barragem do Vale do Gaio, a cerca de 1,2 km da vila do Torrão e a 55 km do litoral. Esta implantação confere-lhe um amplo domínio visual sobre um território diversificado. Os vestígios arqueológicos dispersam-se por uma área de cerca de 2500 m2. Este sítio foi identificado em 1982 durante a realização de obras para a edificação de um vivenda, que afetou alguns dos contextos arqueológicos. Entre 1982 e 1986 realizaram-se cinco campanhas de escavação arqueológica, numa área de cerca de 750 m2, promovidas pelo Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal, dirigidas por Carlos Tavares da Silva e Joaquina Soares, que permitiram recuperar uma grande quantidade de quantidade de informação estratigráfica arquitetónica e artefactual do sítio. O povoado do Monte da Tumba foi ocupado entre os finais do 4º milénio a. C. e grande parte do 3º milénio a. C. (3500 - 2300 a.C.), de que resultaram três grandes fases de ocupação, marcadas pela presença de grandes estruturas perimetrais de fortificação. A primeira fase de ocupação do Monte da Tumba caracteriza-se pela construção de uma ampla muralha, formada por blocos calcários e certamente revestida por adobes, com cerca de 1,2 a 1,5 m de espessura e que se elevaria em altura, a que se associavam várias torres ocas de planta circular, com cerca de 7 m de diâmetro externo. Estas estruturas, com várias fases de reformulações, foram destruídas no final desta fase de ocupação. Em termos artefactuais, esta fase caracteriza-se pela presença de pontas de seta de base côncava ou rectilínea e recipientes cerâmicos com características morfológicas diversificadas, alguns dos quais integrados nas tradições do Neolítico final (taça carenada ou vasos esféricos com mamilos), mas com uma grande expressão de pratos de bordo almendrado. As decorações cerâmicas são muito reduzidas, enquadrando-se nas tradições calcolíticas do sudoeste peninsular. A segunda fase de ocupação corresponde à edificação de uma nova estrutura de delimitação, com vários troços de muralhas que desenham uma planta ovalada, a que se associam várias torres ocas de morfologia subcircular, com cerca de 3,5 - 4,5 m de diâmetro. Os materiais líticos e cerâmicos apresentam semelhanças com a fase anterior, diminuindo o peso dos elementos neolíticos e surgindo peças em cobre. Após o abandono destas estruturas, em particular da fortificação, desenrola-se a terceira fase de ocupação, que se individualiza pela construção, no centro da elevação, de uma torre subcircular, com cerca de 12 m de diâmetro. O conjunto artefactual associado a esta ocupação do cabeço de São Pedro apresenta características típicas das ocupações do final do 3.º milénio a.C., com a presença de um pequeno conjunto de cerâmica campaniforme pontilhada. Estas três grandes fases de ocupação evidenciam uma certa heterogeneidade arquitetónica e espacial, que se enquadram nas dinâmicas de povoamento dos territórios em que se insere, nomeadamente o Alentejo litoral e o Sudoeste peninsular. (atualizado por C. Costeira, 21/12/18)

Informação

O sítio tem condições de visita livre ou guiada. Para efetuar visita guiada é necessário contactar o Museu Etnográfico do Torrão ou o Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, com alguns dias de antecedência. Os materiais provenientes deste sítio arqueológico estão expostos no Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal (Setúbal).

Condições da visita

Acesso livre

Horários

Documentos

    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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