Criptopórtico de Aeminium

Criptopórtico - Romano (2041)
O criptopórtico de Aeminium localiza-se sob o Museu Nacional Machado de Castro (MNMC), antigo Paço Episcopal, situado na zona "Alta de Coimbra". Foi construído numa zona de vertente acentuada, criando uma plataforma artificial entre os atuais terreiros da Sé Velha e da Sé Nova. A fachada Oeste do MNMC (onde se situa a loggia) coincide com a fachada do criptopórtico, destacando-se na paisagem urbana da cidade (v. Museu Machado de Castro CNS 17840). A existência do criptopórtico torna-se pública com Vergílio Correia, então diretor do MNMC, em 1930. Nesse ano, sob responsabilidade da DGEMN, iniciam-se os trabalhos de desentulhamento das galerias, que se prolongaram até à década de 1960. Entre 1955 e 1962, com o acompanhamento de J. M. Bairrão Oleiro, foram recolhidas algumas das peças escultóricas mais emblemáticas, como os bustos imperiais. A partir de 1989, no âmbito das obras de remodelação do Museu, iniciam-se os trabalhos de escavação sob a coordenação de J. de Alarcão, que decorrem de forma sistemática, entre 1992 e 1997 e, posteriormente, já no âmbito do projecto ampliação do MNMC, entre 2003 e 2011. Os trabalhos arqueológicos permitiram a identificação de duas fases construtivas do edifício; a 1ª fase - principado de Augusto, inícios do séc. I - corresponde à construção da galeria oriental do piso superior do criptopórtico. Este teria apenas uma nave abobadada, com cinco passagens que abriam para um terraço a Oeste, onde se implantava o fórum. Na 2ª fase - governo de Cláudio, meados do século I d.C., a estrutura é ampliada, integrando o edifício augustano. A construção terá demorado mais de uma década e o seu abandono ter-se-á iniciado em finais do século IV - inícios do V. Gradualmente, as galerias do piso superior vão sendo preenchidas com detritos provenientes do fórum em ruínas, área onde, em finais do século XI/inícios do XII, é edificado o Paço Episcopal. Indicadores do abandono do criptopórtico são os vestígios de derrocadas, que afetaram a fachada poente nos séculos XII/XIII e XV - XVI. O derradeiro entulhamento da estrutura terá ocorrido durante os séculos XVI-XVII, possivelmente após as obras de remodelação do Paço Episcopal. O criptopórtico é constituído por um sistema de galerias e salas abobadadas, dispostas em dois níveis sobrepostos, interligadas por passagens estreitas, permitindo a circulação no interior da estrutura. Os pavimentos, atualmente empedrados, apresentavam-se originalmente em terra batida. Na construção foram utilizados grandes silhares de calcário local e, no sector Sul/Sudeste, os espaços entre os muros foram preenchidos com depósitos de aterros, facilitando a construção e a consolidação desta área. O piso superior, ao qual se acede através de umas escadas no topo Norte, é formado por uma galeria dupla, que comunicam entre si por passagens abobadadas, que se desenvolve a Norte, Este e Sul. O tramo Oeste, correspondente à fachada principal, é constituído por uma fiada de sete compartimentos retangulares (cellas), alinhados, interligados por passagens abobadadas, com frestas para iluminação e ventilação. Um lanço de escadas, no lado poente, permitia o acesso ao piso inferior, composto por uma galeria, com sete cellas (mais altas e espaçosas que as do piso superior), interligadas por passagens estreitas e abobadadas. Este piso foi parcialmente destruído por casas que se ergueram encostadas ao edifício. As galerias funcionariam como zonas de arrumos e como ruas cobertas. Uma porta, que dá acesso a uma escada, situada no quadrante sudeste, permitia o acesso entre o interior do criptopórtico e a esplanada do fórum. Um sistema de canalizações assegurava o escoamento das águas pluviais, e na base da estrutura foi identificada a Cloaca Máxima. Uma fonte, com uma pequena praça fronteira, construída quase a meio da fachada exterior, aproveitava (e ajudava a drenar) um veio de água. [atualizado por I. Inácio, 4/07/19]

Informação

Acesso através do Museu Nacional Machado de Castro . Visita livre, mas podem-se marcar visitas guiadas no Museu - ver condições de acesso e preço dos bilhetes no site do Museu Nacional Machado de Castro.

Condições da visita

Entrada com aquisição de bilhete

Horários

terça-feira - 14h00 - 18h.00 (2pm-6pm) 4ª a domingo: 10h00 - 18h00 (10am - 6pm) (Encerra às segundas, 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio, 4 de Julho, 24 de dezembro e 25 de Dezembro)

Contactos

Documentos

    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

    8 Votaram neste sítio