Anta integrada na necrópole da Serra da Boa Viagem e Serra da Brenha, que se estende ao longo de 13km de extensão, pela linha de cumeada da Serra da Boa Viagem, Brenha, Alhadas e São Bento. A necrópole encontra-se classificada desde 1910 como Monumento Nacional, pelo DG n.º 136, de 23 de junho de 1910.
O monumento megalítico implanta-se em terreno calcário, num local destacado na paisagem e com visibilidade para o monumento mais próximo, Carniçosas 1, do qual dista 200m para Este.
Este dólmen de grandes dimensões foi identificado por Santos Rocha no final do século XIX e intervencionado por este investigador em 1898.
Atendendo à monumentalidade do sepulcro, ainda em dezembro desse ano o terreno onde este se implantava foi adquirido pela Sociedade Arqueológica da Figueira da Foz e em 1900 procedeu-se à construção de um muro em torno da anta, deixando de fora parte da mamoa e afetando o tumulus.
O dólmen com câmara e corredor longo, orientado a nascente, apresenta um comprimento máximo de 6.8m. Integra uma câmara poligonal alargada, com 7 esteios assentes no substrato rochoso e com alguns calços na base, encontram-se ausentes 2 esteios do lado oeste da câmara. O corredor apresenta um comprimento de 3,5m, conservando 7 dos 8 esteios originais. A mamoa teria um contorno subcircular, com aproximadamente 17m no sentido N-S e 14m no sentido O-E.
Em 2001, no decurso de um projeto de valorização do monumento que contou com trabalhos de escavação e restauro do dólmen, procedeu-se à remoção do muro construído no início do século XX.
A intervenção no quadrante Nascente permitiu aferir que este se encontrava bastante revolvido. Foram descobertos dois elementos pétreos na área fronteira ao corredor que poderão ter feito parte desta estrutura e um terceiro elemento pétreo. Foi ainda exumada uma grande concentração de carvões, interpretada como sendo a evidência de uma fogueira realizada no local. Contudo, a análise de radiocarbono situou a data destes carvões por volta de 1900, altura da construção do muro. Após a remoção dos sedimentos acumulados nesta área foi posto a descoberto um revestimento pétreo.
A decapagem da camada de terra vegetal do Quadrante Poente e Sanja Oeste permitiu a recuperação de bastantes materiais arqueológicos, que se pensa terem origem na deposição de terras, oriundas do interior do monumento, sobre a mamoa aquando da intervenção de Santos Rocha. A área do tumulus neste quadrante encontrava-se relativamente conservada e foi registada a presença de uma cinta de pedras de pequena e média dimensão que constituíam o fecho da mamoa, e a estrutura de contrafortes associada aos esteios.
No Quadrante Poente e Sanja Sul, a remoção das terras superficiais revelou que esta área se encontrava bastante remexida, possivelmente devido à remoção dos esteios em falta do lado sul da câmara, situação que já se encontrava documentada na planta que Santos Rocha fez do monumento. A norte do muro, foi identificado sob a camada de superfície, um nível de terras argilosas e compactas que cobria o contraforte pétreo. Também neste sector foi identificado o fecho do monumento.
Ainda que o espólio exumado em 2001 seja maioritariamente proveniente da camada superficial, resultado da acumulação de terras efetuada por Santos Rocha na intervenção de 1898, foi possível a recolha de algum material in situ procedente da camada 2.
Destaca-se a presença de líticos (micrólitos, pontas de seta, lâminas e lamela), 2 contas em variscite, 1 ponta de projétil e 1 fragmento de agulha em osso. No conjunto cerâmico prevalecem as formas esféricas, as calotes de esferas, mas estão também presentes os fundos planos. Foram ainda recolhidos ossos humanos, na câmara e no corredor.
A análise do espólio parece apontar para dois momentos de uso do espaço funerário, um primeiro em período neolítico e um segundo momento já em período calcolítico. (Atualizado_FB_20191007)