Torre de Cambra

Torre - Idade do Ferro, Romano, Moderno e Baixa Idade Média (3448)
A Torre de Cambra (Cambra, Vouzela) localiza-se na povoação de Cambra de Baixo, (União das Freguesias de Cambra e Carvalhal de Vermilhas, Vouzela, Viseu). A Torre foi construída numa zona de vale, com terras agrícolas férteis, numa pequena elevação entre o rio Couto (a sul) e o rio Alfusqueiro (a norte). Isolada e destacada na paisagem, nas imediações existe uma pequena capela dedicada ao Divino Espírito Santo. A Torre de Cambra encontra-se referida nas "Memorias Parochiaes de 1758", como sendo uma torre muito antiga e de fundação desconhecida. Segundo a tradição local teria funcionado como lugar de acolhimento e asilo a criminosos e militares. Já em finais do século XX o sítio terá sofrido uma intervenção arqueológica, durante a qual foram diversos recolhidos materiais de cronologia datável dos séculos XII/XIII e séculos XVI/XVII. Até ao momento desconhece-se qualquer documento que refira o nome dos seus proprietários e o momento da sua construção. Segundo as "Inquirições" de 1258 (reinado de D. Afonso III),o povoamento da Terra de Lafões seria constituído por aldeias e quintas, distribuídas de forma homogénea pelo território. Referências para esta área mencionam a existência em algumas localidades desta zona, durante os séculos XIV e XV, de torres senhoriais e atalaias, como a Torre de Cambra, que seria pertença dos cavaleiros-fidalgos de Cambar. Pela sua implantação e tipologia esta casa-forte teria sido construída em finais do século XIII, ou inícios do XIV, com a dupla função de torre senhorial e vigia (atalaia), traduzindo a estratégia de afirmação territorial da nobreza, designadamente a afirmação da ascensão de elementos de linhagens secundárias e o aparecimento de uma nova organização territorial associada a domínios senhoriais. Esta afirmação de poder era efetivada perante as populações locais e também perante as antigas linhagens, através de símbolos - como as torres senhoriais. Entre os séculos XVI e XVIII a torre teria pertencido aos senhores de juro e herdade de Trofa, e na primeira metade do século XVII, foi pertença de Diogo Gomes de Lemos, comendador da Ordem de Cristo, falecido em 1651, no Porto. Em época Moderna a manutenção deste tipo de edifício constituía-se como símbolo de poder e ostentação, revelando uma organização territorial organizada. A Torre de Cambra, construída em granito, apresenta uma planta quadrangular, medindo exteriormente 8m por 8,1m, e paredes espessas, com mais de um metro de espessura. Orientada a SO, a entrada efetuava-se por uma porta de arco quebrado, existente no lado Sul, e sobrelevada em relação ao solo. O acesso ao interior seria efetuado através de uma escada em madeira. Na fachada nordeste é visível uma janela rectangular, bem como uma estrutura de apoio a matacães. No interior são visíveis aberturas para encaixe de travejamento, que permitem inferir a existência de dois pisos sobradados (relativa a um 1 e 2 andar). O telhado seria em 4 águas com telhas de meia cana. Juntamente com as Torres de Alcofra (CNS 14931) e de Vilharigues (CNS 3437) constitui o conjunto de três torres ainda existentes no concelho (uma quarta torre - Bandavises - terá sido destruída no século XIX). Trabalhos recentes de investigação permitiram a identificação de três outras torres senhoriais: Loumão, Levides e Sacorelhe. [atualizado por I. Inácio, 26/03/19]

Informação

Acesso livre. Presença de paineis explicativos no local e folheto explicativo em formato digital e papel. Informação disponível no Posto de turismo do Município de Vouzela ou no website da Câmara. O sítio encontra-se integrado na rota de Percursos Pedestres: PR6 - Trilho Medieval e no Circuito das Torres (Município de Vouzela). Parque de merendas na envolvente.

Condições da visita

Acesso livre

Horários

Sem restrições.
Como chegar lá? Boas Práticas

Boas Práticas

Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

  • Respeitar todas as sinalizações;
  • Não aceder a zonas vedadas;
  • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
  • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
  • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
  • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
  • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
  • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
  • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
  • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
  • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
  • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
  • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

Para saber mais:

AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

Contactos DGPC

Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

 

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