Beja - Rua do Sembrano

Muralha - Idade do Ferro, Romano, Alta Idade Média, Medieval Islâmico, Medieval Cristão, Moderno e Contemporâneo (2670)
A Rua do Sembrano localiza-se na vertente sudoeste do centro histórico da cidade de Beja. Os vários trabalhos arqueológicos de cariz preventivo realizados nesta rua, entre a década de 80 do século XX e a actualidade, permitiram identificar várias estruturas e materiais associados a distintas fases de ocupação de Beja, cronologicamente balizadas entre a Pré-história e o período contemporâneo. Os materiais associados a cronologias pré-históricas (nomeadamente ao 3º milénio a. C.) são escassos e recolhidos de forma dispersa, sem associação a contextos específicos, o que limita a caracterização desta fase de ocupação. Da ocupação da II Idade do Ferro (século IV - II a. C.) documentam-se vestígios de uma possante muralha, construída em pedra seca, orientada no sentido SE - NO, associada a estruturas precárias, eventualmente domésticas, na área interior e a um conjunto significativo e diversificado de materiais, alguns dos quais de proveniência exógena. Estes indícios indicam que antes da ocupação romana, Beja seria um povoado fortificado, com alguma relevância em termos locais e regionais. Do período romano (século I a. C - IV / V d. C.) identificaram-se vestígios de estruturas domésticas (insulae), de arruamentos e de um pequeno complexo termal, provavelmente privado, com várias fases de remodelação, de que se conservam segmentos de canalizações, parte da arcaria de um hipocausto, compartimentos e pequenos tanques revestidos a mármore. Em época medieval, esta área terá sido utilizada com espaço habitacional, artesanal e de armazenamento (com vários silos identificados), tendo-se reutilizado muitos dos materiais de construção romano na edificação de novos edifícios e estruturas. A ocupação na Idade Moderna, sobretudo nos séculos XVII e XVIII terá sido intensa, como é demonstrado pela grande quantidade e diversidade de espólio (cerâmica comum, vidrados, porcelana chinesa, vidro decorado, moedas, dedais, alfinetes, materiais em bronze e ferro) recolhido nas várias intervenções arqueológicas. (atualizado por C. Costeira, 15/02/19). Trabalhos de acompanhamento em 2019 de vala na rua frente aos números 92 a 96 identificaram um silo e um caneiro e algumas estruturas cuja funcionalidade não foi possível determinar pelas limitações da área acompanhada. Em 2020 outras valas apenas revelaram a presença, junto ao nº 86, do que poderá ser um antigo alicerce de fundação da habitação datável de época contemporânea.

Informação

O núcleo museológico da Rua do Sembrano permite a observação de várias estruturas arqueológicas, tendo uma exposição permante de materiais identificados nas escavações do sítio e áreas para exposições temporárias. Este sítio integra-se no Roteiro do Património - Beja Antiga e no Roteiro do Alqueva.

Condições da visita

Entrada livre associada a estrutura museológica

Horários

De terça-feira a domingo das 09h30 às 12h30 e das 14h às 18h. Encerra à Segunda-feira e nos dias 1 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro.

Contactos

Documentos

Como chegar lá? Boas Práticas

Boas Práticas

Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

  • Respeitar todas as sinalizações;
  • Não aceder a zonas vedadas;
  • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
  • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
  • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
  • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
  • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
  • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
  • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
  • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
  • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
  • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
  • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

Para saber mais:

AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

Contactos DGPC

Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

 

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