São Vicente do Pinheiro/Várzea

Balneário - Romano (4898)
O balneário romano de São Vicente do Pinheiro localiza-se na Av. Central das Termas e está integrado no recinto das atuais Termas de São Vicente, em Penafiel, sendo que a sua implantação neste local possibilitou o aproveitamento das águas medicinais carbonatadas e sódicas existentes. O sítio foi identificado no início do séc. XX, no decorrer de obras com o objetivo de captar e utilizar as águas medicinais, tendo sido escavado e estudado por José Fortes, em 1902. Estes trabalhos permitiram caracterizar o equipamento de banhos, que era composto por um edifício único, com cerca de 250 m2, dividido em onze compartimentos. O balneário possuía duas entradas orientadas a E, uma que fazia a comunicação do exterior com a zona pública do edifício e outra com a zona de serviços. Entrando pela primeira, era possível aceder a uma sala de forma quadrangular, a que se seguia outra sala idêntica, ambas a cota mais elevada que o resto do edifício e ligadas, através de dois degraus em pedra, a uma sala central. A partir desta o utilizador poderia entrar em dois compartimentos, um a E e outro a O, que corresponderiam muito possivelmente a salas de banhos frios. Cada um continha uma piscina, sendo a do primeiro rodeada por um banco com aresta chanfrada e medindo um metro de profundidade. A piscina do compartimento a O era de topo semi-circular e encontrava-se rodeada por bancada. Através da sala central poderia ainda aceder-se a uma zona tépida, a S, constituída por dois compartimentos com cota inferior, um destes ligado a uma sala quadrangular mais quente, interpretada como área de calor seco para provocar a sudação (laconicum), dispondo de um possível banco em tijolo. Este último espaço possuía paredes revestidas de alveoli, por onde circularia o calor proveniente hipocausto, sistema composto por vários pilares ladeados por três séries de arquetes em tijolo, sobrepostas por tégulas cobertas por opus signinum. O balneário era composto por outra câmara aquecida, formada por três espaços, onde foi observado um cano de chumbo e uma grande bacia de bronze com cerca de trinta kilos, que se achava presa sobre o fogo através barras de ferro com origem na parede. A zona de serviços dividia-se em duas salas retangulares, que comunicavam com a zona quente. Uma destas salas albergava uma lareira de grandes dimensões e dispunha de chão lajeado, onde se abriam espaços para canalizações que facilitavam a saída de água em direção ao esgoto. Conectada a esta, encontrava-se outra sala, onde era feita a receção da água originária da nascente, através de um caleiro de pedra. Estruturas de canalização semelhantes são visíveis no exterior, destinadas a facilitar a captação das águas termais. No que diz respeito ao material utilizado, na construção das paredes do edifício recorreu-se ao granito e ao barro, que poderiam ser provenientes da zona, dado a sua abundância em Pinheiro e nas freguesias envolventes. A cobertura dos compartimentos foi feita em tégula e imbrice, sobre estrutura de madeira. A 1ª campanha do PIPA "Balneário romano de São Vicente (Penafiel)" permitiu uma intervenção pontual nas salas I e K para reconhecer a organização destes compartimentos. Na sala I foi detetado o piso original do compartimento, em opus signinum, que seria a suspensura do hipocausto da sala. Por baixo do arco do praefurnium detetaram-se dois blocos de granito que configuram o canal do forno. Encontra-se preservado todo o hipocausto, assim como a suspensura e a boca do praefurnium.

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    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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