Ponta da Atalaia / Ribat da Arrifana

Ribat - Medieval Islâmico (6924)
O Ribat da Arrifana localiza-se numa península isolada, delimitada por altas escarpas que caem verticalmente sobre o Oceano Atlântico, em frente à laje designada por pedra da Atalaia, a cerca de 6 km a ocidente da vila de Aljezur, numa paisagem agreste e pouco antropizada. Esta implantação dotava-o de um importante papel no controlo e defesa do litoral, permitindo um modo de vida isolado e regrado. Os trabalhos no local, desenvolvidos desde 2001, permitiram identificar diversas estruturas religiosas e domésticas e um conjunto diversificado de materiais, alguns dos quais com evidências de acentuada religiosidade, cronologicamente enquadrados no século XII (período Medieval Islâmico: Almorávida / Almóada), que permitiram interpretar este sítio como um ribat (estrutura militar e religiosa islâmica), possivelmente fundado por Ibn Quasi. O Ribat da Arrifana organiza-se em quatro áreas, com construções bem adaptadas à topografia do terreno, com diferentes funções. Na entrada identifica-se um grande pátio com duas mesquitas e um conjunto de compartimentos retangulares localizados a Sudeste (Madrasa - escola corânica). A Este destas estruturas identificou-se uma necrópole com cerca de 65 sepulturas, que numa primeira fase seriam circundadas por um muro, e uma estrutura para lavagem e preparação dos defuntos. As sepulturas apresentavam planta de morfologia retangular ou trapezoidal, com dimensões diversificadas, sendo cobertas por tumuli de terra, delimitadas por lajes de xisto e marcadas por estelas, algumas das quais epigrafadas. Os enterramentos eram individuais, com o corpo depositado em decubitus lateral, estendido sobre o lado direito, com orientação Sudoeste / Nordeste e com o rosto virado para Sudeste (Meca). No lado Sul da península, numa área estreita e inclinada identificaram-se vestígios de quatro mesquitas, uma das quais de grandes dimensões, de plantas retangulares, compartimentadas, com mirhab a indicar a quibla, na mesma parede que a entrada. Para além destas estruturas de cariz claramente religioso, identificou-se um conjunto de estruturas retangulares com vários compartimentos, algumas das quais com pátio, com funções habitacionais, que apresentam afinidades arquitetónicas com as casas do castelo de Salir. Num relevo sobranceiro ao mar, a alguns metros das edificações referidas, localizava-se uma pequena mesquita, com compartimentos anexos. Na extremidade da península, a área mais exposta ao mar e eventualmente a mais sagrada, encontra-se uma pequena mesquita com minarete de planta circular. As estruturas descritas eram construídas em taipa sobre fundações pétreas, com pavimentos maioritariamente de terra batida e revestimentos de madeira com telhas de canudo. A sequência construtiva do ribat organiza-se em três fases, com a ampliação e renovação de espaços e estruturas, especialmente visível nos vestígios da mesquita de grandes dimensões. As características arquitetónicas do ribat da Arrifana apresentam semelhanças com o ribat andaluz de Guadamarra (Alicante), no seu urbanismo aberto, ausência de muralha defensiva e na adaptação à orografia do terreno onde se implanta, inspirando-se nos ribats identificados no Norte de África. Os artefactos recolhidos nas várias fases de escavação, que surgem em menor quantidade do que o habitual em contextos habitacionais, refletem a diversidade de atividades desenvolvidas no ribat (preparação e consumo de alimentos, pesca, recoleção de moluscos, caça e atividades de fiação e tecelagem), bem como a sua importância religiosa (placas de xisto epigrafadas integradas em estruturas arquitetónicas, grande quantidade de candis, amuletos e pequenas inscrições expressando a fé em Deus). Os responsáveis do projeto de investigação no ribat da Arrifana, Rosa Varela Gomes e Mário Varela Gomes associam este sítio ao percurso religioso e militar de Ibn Quasi, considerando que o seu abandono ocorre após a sua morte, em torno de 1151. (actualizado por C. Costeira, 09/05/2018).

Informação

O sítio arqueológico encontra-se protegido por vedação, mas é possível visitá-lo e está integrado na Rota de al-Mutamid.

Condições da visita

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    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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