Grutas artificiais do Tojal de Vila Chã ou Carenque

Gruta Artificial - Neolítico Final e Calcolítico (3077)
A necrópole de grutas artificiais do Tojal de Vila Chã ou Carenque localiza-se numa plataforma a meia encosta da Serra da Silveira, na margem direita da Ribeira de Carenque (dentro do complexo de reservatórios de água da Epal). Numa área com uma significativa presença de contextos cronologicamente integrados entre o Neolítico final e o Calcolítico, como os povoados das Baútas (CNS 4799), Espargueira / Serra das Éguas (CNS 3955), o sítio do Monte das Pedras (CNS 30625), as estruturas funerárias Baútas (CNS 1979), as Antas de Belas (Anta do Monte Abrãao CNS-655; Anta da Estria CNS-3001 e Pedras dos Mouros / Senhor da Serra CNS-11301) e o monumento Megalítico de Pego Longo (CNS 3518). Esta necrópole era constituída por quatro grutas escavadas nos afloramentos calcários, das quais três se encontram conservadas e uma foi destruída. Estas grutas artificiais, "tipo coelheira", correspondem ao modelo clássico das grutas artificiais das penínsulas de Lisboa e Setúbal, sendo constituídas por câmara de morfologia circular ou subcircular, com cerca de 4 m de diâmetro, tecto abobadado com clarabóia, antecâmara ovalada, corredor sinuoso, de comprimento variável, coberto por lajes e porta de morfologia ovalada ou em ferradura. A orientação da entrada das grutas era diversificada, uma vez que a gruta 1 estava orientada a Nordeste, a gruta 2 a Sudeste e a gruta 3 a Sul - Sudeste. O espólio associado a estes monumentos é muito numeroso e diversificado, sendo constituído por vestígios osteológicos humanos, artefactos de pedra lascada, maioritariamente em sílex (lâminas, pontas de seta e "alabardas"), artefactos de pedra polida (machados e enxós), artefactos votivos de calcário (10 betilos lisos e decorados, ídolo-pinha, quatro lúnulas, foice ou artefacto tipo "tentáculo de polvo", almofarizes), falange decorada com tatuagens faciais, ídolo almeriense em osso, logomorfo em osso, 8 placas de xisto gravadas, placas de grés, artefactos de adorno pessoal, como alfinetes de cabelo e botões em osso, contas de colar e pendentes (elaborados em pedra verde, calcário, osso ou cerâmica), braçal de arqueiro, artefactos em cobre (punções) e um conjunto de recipientes cerâmicos lisos e decorados (copos canelados, bordos denteados, taças carenadas, vaso-lucerna, recipientes campaniformes "tipo Palmela"). As características arquitectónicas destas estruturas funerárias e os materiais recolhidos permitem enquadrar a sua construção no Neolítico final (3200 - 2900 a.C.) e a sua utilização mais intensa durante todo o Calcolítico (2900 - 2000 a. C). As grutas artificiais do Tojal de Vila Chã foram identificadas e escavadas por Manuel Heleno na década de 30 do século XX. (atualizado por C. Costeira, 27/06/19).

Informação

O Núcleo Monográfico da Necrópole de Carenque é um dos núcleos do Museu Municipal de Arqueologia da Amadora. Possibilidade de marcação de visitas guiadas.

Condições da visita

Entrada livre associada a estrutura museológica

Horários

Verão: sábado das 14h00 às 18h00 e domingo das 09h00 às 14h00. Inverno: sábado das 13h00 às 17h00 e domingo das 10h00 às 15h00.

Documentos

    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

    2 Votaram neste sítio