Braga - Tanque do Quintal do Ídolo/ Fonte do Ídolo

Santuário - Romano (204)
O santuário rupestre da Fonte do Ídolo, Quintal do Ídolo, Ídolo dos Granginhos ou, como era localmente conhecido, Idro, localiza-se no centro da cidade de Braga, na Rua do Raio. O afloramento granítico, de grandes dimensões, apresenta uma orientação nordeste-sudoeste e encontra-se gravado com inscrições e figuras em alto-relevo esculpidas numa extensão de cerca de 3m que se distribuem por dois grandes conjuntos. Integram ainda este espaço um tanque com cerca de 5m por 10m e uma escadaria escavada no afloramento. A construção deste santuário rupestre é cronologicamente enquadrável no Séc. I d.C. O primeiro conjunto escultórico localiza-se do lado esquerdo do afloramento e caracteriza-se pela presença de uma figura de pé, envergando uma toga e com a face bastante erodida. Segura na mão o que tem sido interpretado como um vaso ou uma cornucópia. Este conjunto integra ainda uma inscrição com o seguinte texto: [CEL]/ICVS FRONTO/ ARCOBRIGENSiS/ AMBIMOGIDVS/ FECIT. No segundo conjunto, do lado direito, encontra-se uma edícula, com 50cm de largura por 60cm de comprimento, com um busto, de traços masculinos, no seu interior. Este elemento é encimado por um frontão, no qual estão representados uma pomba e um martelo. Na sua base encontra-se a nascente da fonte que corre por um sulco escavado no chão, para fora do tanque. Encontram-se ainda as seguintes inscrições associadas a esta escultura (por cima do ombro: CELIUS/FECIT; do lado esquerdo da edícula: TONGOE/ NABIAGOI; na base: FRONT). A primeira referência conhecida a este monumento é um desenho de Contador de Argote, datado de 1732. As intervenções arqueológicas iniciaram-se na década de 30 do século XX, permitindo recolher abundante material de construção romano (tegulae e ímbrices) e uma lápide de granito, com aproximadamente 0,50m de altura e 0,15m de largura, com a inscrição NABIAE/ RVFINA/. VSLM. A identificação desta lápide conduziu o arqueólogo Carlos Teixeira a associar este local à divindade Nabia. Nos finais da década de 80 do século XX, a área circundante à Fonte do Ídolo, de acesso ao hospital de a Rua dos Granjinhos, foi profundamente revolvida,identificando-se num dos cortes um muro. Entre 1993 e 1994 o Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Braga realizou vários trabalhos arqueológicos, que permitiram identificar na área norte do santuário um conjunto de canalizações e tanques romanos, possivelmente alimentados pela nascente da Fonte do Ídolo. A sul, foram identificados os alicerces de um muro da mesma cronologia. Os trabalhos de acompanhamento realizados em 2003, por Francisco Sande Lemos e José Freitas Leite, aquando das obras de valorização do monumento, permitiram identificar um pavimento enquadrável na Antiguidade tardia, que não foi intervencionado, e a sul registaram uma conduta de água romana alimentada pela fonte. As interpretações epigráficas, funcionais e simbólicas deste espaço têm sido muito diversificadas desde o início da sua investigação. Para Sande Lemos, este espaço poderá ser interpretado como um santuário particular, integrado no jardim de uma habitação na periferia de Bracara Augusta. Enquanto Manuela Martins, considera que a Fonte do Ídolo poderia corresponder a um monumento público, edificado por Celicus Fronto (LEMOS, 2006). Não obstante a diversidade de interpretações, é consensual a associação deste espaço a um santuário dedicado a uma divindade aquática. (atualizado por F. Bragança e C. Costeira, 03/07/2019).

Informação

Estão assegurados, para o bem patrimonial e para o público, as condições climáticas adequadas e os requisitos de acessibilidade para pessoas com mobilidade condicionada.

Condições da visita

Entrada com aquisição de bilhete

Horários

Segunda a Sexta-feira - 9h30/13h00 - 14h00/17h30 Sábado - 11h00/17h30 Encerra aos Domingos e Feriados

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    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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