Calçadinha de São Brás de Alportel

Via - Romano, Medieval Cristão, Moderno e Contemporâneo (7298)
A Calçadinha de São Brás de Alportel percorre um pequeno vale no lugar de Hortas e Moinhos, desenvolvendo-se por uma extensão total de 1480 m e apresentando dois troços conservados (A e B), separados por alguns metros. Esta estrutura integraria a rede viária romana do Sul da Lusitânia (itinerário Antonino), correspondendo a uma ligação secundária entre as cidades romanas de Ossonoba (Faro) e Pax Iulia (Beja), com passagem por diversas villae como Milreu (CNS 9) ou Vale de Joio (CNS 14431). O calcetamento desta via pretendia vencer os obstáculos naturais, em zonas de declive acentuado com solos irregulares e de difícil trânsito. Ao longo do tempo, esta via continuou a ser utilizada, evidenciando diversas remodelações que alteraram os seus elementos construtivos e as características do seu lajeado. O troço A da Calçadinha apresenta cerca de 100 m de extensão, com lajeado geométrico composto por pedras de pequena e média dimensão e um eixo central delimitado por pedras em cutelo, de onde irradiam linhas perpendiculares que formam quadrículas divididas em triângulos. O calcetamento deste troço corresponde a remodelações realizadas no século XIX, provavelmente incentivadas pelo Bispo D. Francisco Gomes de Avelar, numa fase em que a rede viária portuguesa estava ser reorganizada. O troço B da Calçadinha apresenta cerca de 500 m de extensão, com lajeado constituído por pedras de média e grande dimensão. O empedrado superior é abaulado, estando delimitado por pedras em cutelo e uma largura que ronda os 2,50 m. As características técnicas deste troço seguem a metodologia construtiva viária romana, registando-se reconstruções medievais, modernas e do século XIX em algumas áreas. Nas proximidades desta via (cerca de 200 m a ocidente) identificou-se o sítio arqueológico de São Brás / Hortas e Moinhos (CNS 14437), que corresponde a uma área de cerca de 3000 m2 com uma grande concentração de materiais de cronologia romana (século I - IV / V d. C.) e medieval islâmica. A cronologia de ocupação romana deste sítio e a proximidade com a via colocam a hipótese de se tratar de uma estação viária, tipo mutatio (estação de muda) de apoio aos viajantes. Esta estrutura viária, de origem romana, manteve a sua importância até às transformações da rede viária portuguesa no final do século XIX, tornando-se um caminho rural com pouca utilização, o que condicionou a sua preservação e o conhecimento da totalidade do seu traçado. (actualizado por C. Costeira, 21/06/2017)

Informação

O sítio arqueológico dispõe de um Centro Interpretativo e de Acolhimento no local.

Condições da visita

Entrada livre associada a estrutura museológica

Horários

De Terça-feira a Sábado das 09h30 às 13h00 e das 14h00 - 17h30.

Documentos

    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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