Anta pintada de Antelas / Dólmen de Antelas

Anta/Dólmen - Neolítico e Neo-Calcolítico (4018)
O Dólmen ou Anta pintada de Antela localiza-se, no sítio do Bouço, a cerca de 250m para Este da povoação de Antelas (Pinheiro, Oliveira de Frades, Viseu). Encontra-se implantado na vertente SW da Serra das Talhadas, no meio de um pinhal, situado numa vasta superfície aplanada, integrando a bacia hidrográfica do Alfusqueiro, subsidiária da bacia do Vouga. Este monumento foi identificado e intervencionado por Amorim Girão (24 de Março de 1917),que destaca a existência de pinturas a ocre vermelho e apresenta desenhos de alguns artefactos recolhidos. Em 1956/1957,o sítio é escavado por L. Albuquerque e Castro, O. da Veiga Ferreira e A. Viana, tendo sido efetuado o levantamento das pinturas então identificadas. Segundo estes investigadores parte das pinturas, que se encontraram expostas aos elementos já teriam desaparecido pelo que, após a intervenção arqueológica, o monumento foi novamente enterrado, com carácter provisório. Este monumento volta a ser intervencionado por D. Cruz em 1992/93, tendo sido efetuados trabalhos de escavação, conservação e restauro, obtendo novos dados sobre a arquitetura do monumento. O dólmen é constituído por uma mamoa, em terra, com um diâmetro de cerca de 20m e 2,50m de altura. Apresentava um revestimento em pedra e cobria uma câmara, com um diâmetro de cerca de 4m e 2,5m de altura, constituída por oito esteios de granito. O corredor, que se diferencia da câmara em planta e alçado, é constituído por nove esteios (cinco do lado direito e quatro no lado sul), com um comprimento total de 3,5m. A altura dos esteios varia entre os 0,90m e 0,30m. Virado a nascente, apresenta um desnível entre o corredor e a câmara com cerca de 0,15m. As escavações de 1993 revelaram a presença de um contraforte que envolvia toda a estrutura. No sector nascente foi identificado um corredor intratumular e um átrio. Este, de planta ovalada e com cerca de 5m no seu eixo maior, encontrava-se delimitado por uma cintura de pedras. Nesta área foram identificadas pequenas fogueiras e objetos líticos in situ, que deveriam corresponder a oferendas ou depósitos votivos. O espaço foi encerrado através da colocação de uma estrutura de condenação em pedra e terra. Pinturas, a preto e vermelho, e algumas gravuras encontram-se presentes em todos os esteios da câmara (formando como que um painel), mas ausentes no corredor. Estão representadas figurações antropomórficas estilizadas, símbolos alusivos à Lua e ao Sol, motivos decorativos geometrizantes (linhas serpentiformes e ziguezagueantes, reticulados) entre outros. Datações de Carbono-14 de amostras de carvões vegetais (recolhidos sob as lajes do corredor intratumular), permitem datar a construção desta estrutura entre 3990 e 3700 AC. Os resultados obtidos a amostras de pigmento das pinturas a preto (laje de cabeceira) remetem para uma execução / retoque entre 3625 e 3140 AC. Não será de excluir a hipótese de as pinturas terem sofrido processos de reavivamento e/ou acrescentamento de motivos durante o período de utilização do monumento. As análises efetuadas a 15 artefactos em sílex revelaram 5 possíveis áreas de abastecimento da matéria-prima, revelando a complexidade dos circuitos de abastecimento de sílex. Através da análise traceológica observou-se que a maioria destes artefactos não foi utilizada antes da sua deposição. [atualizado por I. Inácio, 4/03/19]

Informação

O Dólmen de Antelas encontra-se encerrado ao público, podendo, não obstante, ser visitado, mediante contacto com a Câmara Municipal de Oliveira de Frades. O Dólmen de Antelas está integrado no Roteiro Viseu Dão Lafões.

Condições da visita

Por marcação

Horários

A ser definido pela Câmara Municipal de Oliveira do Hospital.

Contactos

Documentos

Como chegar lá? Boas Práticas

Boas Práticas

Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

  • Respeitar todas as sinalizações;
  • Não aceder a zonas vedadas;
  • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
  • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
  • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
  • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
  • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
  • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
  • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
  • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
  • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
  • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
  • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

Para saber mais:

AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

Contactos DGPC

Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

 

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