Gruta do Escoural

Gruta Natural - Paleolítico Médio, Aurignacense, Solutrense, Neolítico Antigo e Neolítico Final (160)
A gruta do Escoural integra um conjunto arqueológico, constituído por um núcleo rupestre (CNS 16049), um povoado (CNS 16049) e um monumento funerário tipo tholos (CNS 625). A gruta do Escoural corresponde a uma cavidade natural formada num afloramento granítico, implantado numa vasta faixa de calcários, apresentando uma planta irregular, constituída por uma rede labiríntica de várias salas e galerias com diversos andares, localizada sob uma colina que se eleva sobre a peneplanície alentejana, o que lhe conferia uma posição estratégica no território envolvente. Este espaço apresenta uma longa diacronia de ocupação (Paleolítico Médio ao Calcolítico Final), com diferentes funcionalidades, mas com um forte pendor simbólico. Terá sido esta diversidade de ocupações e a identificação cronologicamente desfasada dos vários contextos (gruta, santuário, povoado) que contribuiu para a sua inventariação separada. Os vestígios arqueológicos mais antigos identificados no interior desta gruta remontam ao Paleolítico Médio (47 000 a.C.), encontravam-se em duas galerias junto a uma abertura natural orientada a sudeste e correspondem a um conjunto de artefactos de quartzo e sílex talhados e restos faunísticos (como equídeos, cervídeos e auroques). Estes indícios poderão corresponder a um abrigo temporário de pequenos grupos de caçadores recolectores neanderthais. No Paleolítico Superior (25 000 - 15 000 a.C.), a gruta do Escoural tornou-se um "santuário rupestre", o mais ocidental da Europa, apresentando um conjunto de gravuras e pinturas numericamente expressivo e estilisticamente diversificado, com diferentes momentos de execução, entre a grande sala e as galerias adjacentes. Os motivos representados correspondem a figuras de animais, principalmente equídeos, bovídeos e caprinos, algumas das quais com carácter naturalista e composições geométricas (reticulados, escaliformes, entre outras). As técnicas decorativas são variadas, nomeadamente pinturas a negro (pigmentos obtidos a partir de matéria orgânica ou mineral) e vermelho (ocre e óxidos de ferro) e gravuras com diferentes tipos de traços. Estas técnicas podem coexistir, ou sobrepor-se, mas não se associam a uma mesma figura. Na análise destes motivos artísticos observa-se que algumas figuras têm sinais de reavivamento, ou que se encontram sobrepostas, reforçando a longa diacronia de execução e estruturação. No que se refere a materiais associados a esta fase de ocupação identificaram-se raros artefactos em sílex e osso. Após um longo hiato da presença humana nesta gruta, registaram-se alguns fragmentos de recipientes cerâmicos com decoração cardial e impressa, enquadráveis no Neolítico Antigo. A parca quantidade de materiais associados a este período cronológico dificulta a interpretação desta ocupação, eventualmente de cariz simbólico. No Neolítico final (3500 - 3000 a. C.) a gruta do Escoural foi utilizada como necrópole coletiva, com a deposição regular de indivíduos (inumações primárias à superfície ou secundárias de conjuntos de ossadas) pertencentes a uma ou mais comunidades, acompanhados de espólios votivos. A componente artefactual destes espólios era composta maioritariamente por recipientes cerâmicos, artefactos de pedra lascada (utensílios laminares e geométricos), polida (machados, enxós e goivas) e elementos de adorno em pedra, osso e conchas. Esta utilização funerária do interior da gruta é contemporânea da elaboração de gravuras rupestres no exterior. No Calcolítico (2900 - 2000 a. C.), a gruta do Escoural estaria encerrada, desenvolvendo-se as ocupações no exterior, com a edificação de um povoado fortificado no topo da colina e de uma estrutura funerária tipo tholos nas imediações. A longa diacronia pré-histórica e as características ímpares das ocupações da gruta do Escoural, permitem atribuir-lhe um importante papel simbólico na estruturação das transitabilidades e povoamento do território centro alentejano. A gruta do Escoural foi descoberta em 1963 de forma oca

Informação

O centro Interpretativo da Gruta do Escoural localiza-se em Santiago do Escoural e tem uma pequena exposição arqueológica de introdução à visita. As visitas implicam marcação prévia no Centro Interpretativo do Escoural, preferencialmente com uma antecedência igual ou superior a 24 horas. As visitas de grupo não podem exceder o número máximo de 10 pessoas.

Condições da visita

Por marcação

Horários

Centro Interpretativo: Verão 09.30 - 13.00 14.30 - 20.00 Inverno 09.00 - 13.00 14.00 - 7.00 Visitas ao interior da gruta: de terça-feira a sábado, exceto aos feriados. Visita da manhã às 10:30 Visita da tarde às 14:30

Contactos

Documentos

Como chegar lá? Boas Práticas

Boas Práticas

Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

  • Respeitar todas as sinalizações;
  • Não aceder a zonas vedadas;
  • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
  • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
  • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
  • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
  • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
  • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
  • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
  • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
  • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
  • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
  • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

Para saber mais:

AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

Contactos DGPC

Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

 

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