Braga - Carvalheiras

Cidade - Romano (11111)
A Zona arqueológica das Carvalheiras localiza-se no Largo das Carvalheiras, a oeste da R. do Matadouro e a noroeste do Centro Histórico de Braga, correspondendo a um quarteirão residencial da antiga cidade romana de Bracara Augusta. Os trabalhos de escavação efetuados neste local (entre a década de 80 do século XX e o ano de 2002) permitiram identificar uma domus, na forma de uma casa de átrio e peristilo, da qual foi possível recuperar a totalidade da planta. Esta habitação, de grandes dimensões e forma quadrada, desenvolvia-se em duas plataformas, ocupava uma área de 1152m2, sendo ladeada por quatro ruas e flanqueada por pórticos. Foram individualizadas diferentes áreas domésticas que tradicionalmente integram a residência de elite romana, nomeadamente o átrio (situado na plataforma mais elevada, a sul), ornamentado com um implúvio (tanque) com a função de recolher a água das chuvas que entrava através do complúvio (abertura no telhado); o fauces, um pequeno corredor que estabelecia a ligação entre uma das entradas da casa e o átrio; o tablinum, onde funcionava o escritório do dono da casa e de onde poderia ser visto pelos seus clientes; uma possível exedra (sala de recepção) e a partir de onde era possível aceder a umas escadas que ligavam o átrio e o peristilo; o peristilo (situado na plataforma mais baixa, a norte), que correspondia a uma área aberta em torno da qual se desenvolviam cubicula (quartos) e onde existia outra entrada para a domus, bem como um poço que abasteceria a casa de água potável; um possível triclínio onde funcionava a sala de jantar; uma culina (cozinha) contígua à latrina; e tabernae, espaços comerciai, que poderiam ter ser exploradas pelo dono da casa. Esta domus destaca-se pela excelente qualidade técnica e sofisticação, obedecendo aos modelos e componentes da arquitetura clássica, revelando, deste modo, que as elites de Bracara Augusta não estavam arreadas do que se fazia nas outras partes do império. É igualmente visível a diferença entre os espaços destinados à receção e representação, visivelmente maiores, por oposição às áreas privadas e de serviços, o que demonstrava a necessidade de sublinhar o status e prestígio do proprietário. No que diz respeito à fundação e fases construtivas, a domus das Carvalheiras terá sido construída no último quartel do século I (período Flávio), sofrendo uma desarticulação no século II que se materializou na construção de um balneário público (balneum). Este ocupava uma área útil de 190m2 e era definido por quatro salas, com a função de vestiário (apoditério); sala de banho frio (frigidário); sala moderadamente aquecida (tepidário); sala de banho quente (caldário), onde existia uma piscina de água quente. Foi ainda identificada a zona onde se acendia a fogueira (prefúrnio) e um compartimento que parece ter sido destinado ao arrumo de lenha para alimentar a fornalha. Uma nova reforma construtiva teve lugar nos finais do séc. III/ inícios do séc. IV, que parece ter transformado a área envolvente do peristilo numa área pública, dando-se o abandono do sítio entre finais do séc. IV/inícios do séc. V. Durante os trabalhos arqueológicos não foram identificadas construções anteriores ao período romano, desconhecendo-se o tipo de ocupação que poderia ter existido previamente a esse momento. Os vestígios que perduraram dessa fase anterior assumem a forma de fossas rasgadas no saibro, onde se identificaram materiais indígenas e fragmentos de ânforas da forma Haltern 70, com expressão na região desde o final do séc. I a.C. Com um interesse patrimonial e científico inegável, este sítio arqueológico contribuiu grandemente para o conhecimento da arquitetura doméstica, urbanismo e vivências em Bracara Augusta, constituindo-se como o único exemplar de uma casa de elite romana, escavada na totalidade, na cidade de Braga. (atualizado S. Pereira 24-07-2020)

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    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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