Complexo Arqueológico dos Perdigões

Recinto de Fossos - Neolítico Final e Calcolítico (597)
O sítio dos Perdigões localiza-se a cerca de 2 km a nordeste de Reguengos de Monsaraz, na extremidade oeste do vale da ribeira do Álamo, na vertente de uma elevação aberta sobre a planície megalítica de Reguengos, e tendo como horizonte visual a elevação de Monsaraz a nascente. Este sítio abrange uma área de cerca de 16 hectares, estando a maioria integrados na Herdade dos Perdigões. Este grande sítio arqueológico compreende um complexo sistema de fossos, áreas multifuncionais, incluindo habitacionais, uma necrópole com várias estruturas / espaços sepulcrais e um recinto megalítico (CNS 14573), situado a Este, na transição do anfiteatro natural para a planura do vale do Álamo. Este sítio é identificado, com a descoberta do cromeleque, na década de oitenta do século XX por Mário Varela Gomes, que realiza alguns trabalhos de escavação na área do povoado. No final da década de 90, devido aos efeitos negativos de intensos trabalhos agrícolas para a plantação de vinha, o sítio teve várias intervenções de salvaguarda arqueológica realizadas pela empresa Era-Arqueologia, que permitiram recolher uma grande quantidade de dados e confirmar o grande potencial arqueológico desta área. No despontar do século XXI, desenvolveu-se um amplo projeto de investigação centrado no sítio dos Perdigões e dinamizado por António Valera, com grande destaque no estudo da Pré-história recente do sul peninsular e com uma significativa projeção internacional. Os diversos trabalhos de prospeção geofísica e de escavações arqueológicas realizados permitiriam documentar um conjunto de estruturas escavadas no substrato geológico tipo fosso com plantas diversificadas (três sinuosas, sete lineares e uma paliçada), que delimitam áreas amplas, apresentando uma longa diacronia de construção, utilização e abandono. Para além deste amplo sistema de fossos, identificaram-se várias estruturas tipo silo / fossas, áreas residenciais, estruturas de combustão, vários monumentos funerários subterrâneos ou semi-subterrâneos, com câmara e corredor ortostático e múltiplas áreas com enterramentos humanos, bem como um amplo e diversificado conjunto de materiais arqueológicos (artefactos de pedra polida e lacada, artefactos em osso, recipientes cerâmicos, vestígios faunísticos), que permitem documentar a instalação de comunidades neste local ao longo de uma ampla diacronia, entre meados do 4º e durante o 3º milénio a.C. (3500 - 2000 a. C.). O sítio dos Perdigões corresponde a um destacado centro habitacional, social, cultural e simbólico do Alentejo Central, estruturando uma ampla rede de espaços habitacionais e funerários / rituais com diferentes dimensões e características. Os distintos elementos arquitetónicos e a presença de múltiplos materiais simbólicos e de prestígio, alguns dos quais com origens exógenas (artefactos em mármore e calcário, elementos de adorno elaborados em diferentes tipos de pedra verde, âmbar e ouro, sílex, marfim, algumas produções cerâmicas e elementos conquíferos estuarinos e marítimos, entre outros), evidencia uma crescente complexidade das comunidades locais dos Perdigões e a sua interação com diferentes territórios peninsulares, mediterrâneos e da Europa atlântica. (atualizado por C. Costeira, 28/12/18).

Informação

A equipa de investigação (NIA, Era-Arqueologia) organiza várias atividades de divulgação ao longo do ano. No piso térreo da Torre Medieval da Herdade do Esporão existe um pequeno centro interpretativo sobre os Perdigões, com painéis informativos e materiais arqueológicos em exposição.

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    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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