Abrigo do Lagar Velho - Lapedo

Abrigo - Paleolítico Superior, Gravetense, Proto-Solutrense (Gravetense Terminal) e Solutrense (12655)
O sítio localiza-se na margem esquerda da Ribeira da Carrasqueira (também conhecida por Ribeira da Caranguejeira e do Sirol). A parte superior da sequência estratigráfica foi removida durante uma terraplanagem realizada no início dos anos 90. Um testemunho destes primeiros depósitos ficou conservado no interior de uma reentrância profunda da parede de trás do abrigo. Com cerca de 60 cm de espessura, este depósito pendurado cerca de 2 m acima da superfície atual do solo contém vestígios estratigrafados de ocupações do Proto-Solutrense, do Solutrense inferior e do Solutrense médio. A terraplanagem expôs uma superfície de ocupação do Paleolítico Superior inicial. Junto à parede, na extremidade Leste do abrigo, foi descoberta e escavada uma sepultura infantil. O esqueleto encontrava-se em conexão anatómica, com excepção da cabeça, fragmentada pela terraplanagem, e do antebraço, mão e pé direitos, cujos ossos se encontravam soltos no interior de uma toca que perturbou a estreita faixa de sedimentos que separava o corpo da parede. Os ossos da criança e as terras situadas no interior da fossa sepulcral encontravam-se tingidas de ocre vermelho. Na zona do pescoço foi recolhida uma concha perfurada de Littorina obtusata. Ao longo do ombro e braço direito e junto aos pés, o contorno da fossa sepulcral encontrava-se marcado por uma série de ossos de herbívoro de médio porte (veado?) que poderão ter constituído oferendas funerárias. A anatomia do maxilar inferior e o estado de desenvolvimento da dentição indicam que se trata de um indivíduo de tipo moderno com uma idade estimada em cerca de 4 anos. Corresponde à mais antiga ocupação identificada até ao momento no Abrigo do Lagar Velho, numa altura em que o sítio é utilizado como espaço funerário, e data de há aproximadamente 29 000 anos - período Gravetense (a data apresentada foi calibrada (cal BP, Before Present) e reporta a anos de calendário). O sitio foi localizado nas prospeções do ano 1998 no âmbito do PNTA "A Pré-História do Maciço Calcário das Serras d`Aire e Candeeiros e bacias de drenagem adjacentes", e posteriormente os trabalhos arqueológicos relacionados com o sítio Abrigo do Lagar Velho foram realizados no âmbito do PNTA "O Paleolítico da Gruta do Almonda e a Extinção dos Neandertais Ibéricos". Atualmente existem trabalhos de investigação em curso, que foram retomados em 2018, e até à data foram realizadas campanhas em 2018, 2019, 2021 e 2022. Em 2013 o Abrigo do Lagar Velho foi classificado como Monumento Nacional pelo Decreto-Lei nº 17/2013 de 24 de Junho (DR, 1ª Série, nº 119) e o Vale do Lapedo como Zona Especial de Proteção (ZEP) pela Portaria n.º 630/2013 de 20 de Setembro (DR, 2ª Série, nº 182). Em abril de 2020, foi aprovada, pela Direção-Geral do Património Cultural, a proposta de candidatura para classificação, como Tesouro Nacional, do esqueleto da "Criança do Lapedo" e artefactos e ecofactos associados ao seu ritual fúnebre (Anúncio nº 87/2020 - Diário da República, 2ª série, nº 75, 16 de abril). Como forma de permitir a compreensão do sítio arqueológico e da área envolvente, foi criado o Centro de Interpretação do Abrigo do Lagar Velho (CIALV), inaugurado a 5 de janeiro de 2008. Localizado num terreno sobranceiro ao vale, no lugar de Lapedo, tem como objetivo principal dar a conhecer os resultados da investigação realizada no sítio arqueológico do Abrigo do Lagar Velho e a sua contextualização na história da evolução humana. A área de exposição desenvolve-se em dois módulos. O primeiro módulo contempla uma pequena exposição dedicada à vida no Paleolítico Superior, com o respetivo enquadramento cronológico e diacrónico dos artefactos e ecofactos expostos, descobertos no sítio arqueológico, bem como da paisagem, fauna e flora do Vale do Lapedo. O segundo módulo é centrado na descoberta do "Menino do Lapedo", explicando-se os particularismos do seu enterramento, o seu ritual fúnebre e a problemática da morfologia do seu esqueleto.

Informação

CIALV - Centro de Interpretação do Abrigo do Lagar Velho: Entrada gratuita. Grupos organizados, serviços educativos e roteiros mediante marcação prévia autorizada. Abrigo do Lagar Velho: Não se encontra aberto ao público regularmente. Grupos organizados, serviços educativos e roteiros mediante marcação prévia autorizada.

Condições da visita

Por marcação

Horários

Centro de Interpretação do Abrido do Lagar Velho: 6ªs feiras, sábados, domingos e feriados - 9h30/12h30 e 14h/17h30 e de 2ª a 6ª para grupos organizados, serviços educativos e roteiros. Abrigo do Lagar Velho: mediante marcação prévia autorizada, de 2ª a 6ª feira.

Contactos

Documentos

    Como chegar lá? Boas Práticas

    Boas Práticas

    Boas práticas ao visitar sítios arqueológicos

    Visitar um sítio arqueológico é conectarmos com as nossas origens; é percebermos o nosso percurso e evolução como espécie Humana integrada no meio ambiente; é respeitar o património que é nosso e dele cuidarmos para que as gerações futuras também o possam visitar e desfrutar. 

    Percorrer os caminhos e apreciar as estruturas e peças arqueológicas que sobreviveram ao passar dos tempos, permite-nos compreender aquilo que é diferente, mas também aquilo que é comum entre as diferentes populações: no fundo, aquilo que nos identifica como Homo Sapiens. 

    Mais do que simples vestígios e ruínas do passado, os sítios arqueológicos evidenciam a nossa capacidade criativa, de adaptação, de interconexão, de compreensão e resiliência, sem as quais não teríamos tido sucesso como seres culturais em constante processo evolutivo. Estes sítios permitem-nos ainda refletir sobre as escolhas feitas no passado e contribuir assim para que as decisões no presente possam ser realizadas com maior consciência e conhecimento.

    Os sítios arqueológicos são recursos frágeis e vulneráveis às mudanças potenciadas pelo desenvolvimento humano sendo únicos e insubstituíveis. A informação que guardam, se destruída, nunca mais poderá ser recuperada. 

    Como tal, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) convida todos os visitantes de sítios arqueológicos a desfrutarem da sua beleza e autenticidade, ajudando ao mesmo tempo a preservá-los para as futuras gerações, adotando desde logo as boas práticas que aqui indicamos:   

    • Respeitar todas as sinalizações;
    • Não aceder a zonas vedadas;
    • Não subir, sentar ou permanecer sobre estruturas e vestígios arqueológicos;
    • Respeitar as áreas que estão a ser alvo de intervenções arqueológicas, não as perturbando;
    • Não recolher materiais nem sedimentos (terra);
    • Não escrever ou realizar grafitos nas estruturas arqueológicas;
    • Deitar o lixo em contentores próprios. Se não existirem no local, leve o lixo consigo até encontrar contentor adequado para o efeito;
    • Deixar o sítio arqueológico tal como o encontrou;
    • Não passar com bicicletas ou veículos motorizados sobre os sítios arqueológicos;
    • Respeitar e proteger as plantas e os animais que habitam na envolvente do sítio arqueológico;
    • Reportar sinais de vandalismo ou destruição à DGPC ou às Direções Regionais de Cultura (DRC);
    • Partilhar experiências de visita e os sítios arqueológicos, como forma de os tornar mais conhecidos e apelar à sua preservação;
    • Não comprar materiais arqueológicos e reportar às autoridades de segurança pública, à DGPC ou às DRC, caso venha a suspeitar de que materiais/peças arqueológicas possam estar à venda.

    Para saber mais:

    AIA / ATTA (2013) – Guide to best practices for archaeological tourism. 

    Raposo, J. (2016) – Código de conduta para uma visita responsável a sítios arqueológicos. In Sítios arqueológicos portugueses revisitados: 500 arqueossítios ou conjuntos em condições de fruição pública responsável. Al-madan, 2ª série, p. 20 – 77. 

    Contactos DGPC

    Telefone: +351213614200 | Email: informacaoarqueologica@dgpc.pt

     

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